Soltar pipa: brincadeira que virou epidemia na pandemia
Loteamentos são invadidos por praticantes, aumentando risco de contaminação e acidentes
Os loteamentos, com número reduzido de casas e muita área livre à disposição, tornaram-se os lugares preferidos de crianças e adolescentes para soltar pipa. A brincadeira diária se intensifica nos finais de semana, havendo até aglomeração na disputa em cortar a linha com cerol para pegar a pipa do outro.
Com a suspensão das aulas a brincadeira comum nas férias escolares, que foi antecipada, transformou-se no passatempo predileto. Diante da situação o perigo, em dose dupla, também se tornou evidente. Os praticantes estão sempre em grupos, não respeitando o distanciamento e sem o uso de máscaras, que é obrigatório para evitar a contaminação pela Covid-19.
Outro perigo é o uso de cerol e linha chilena que pode causar graves acidentes com pedestres, ciclistas e motociclistas como já ocorreu em outras ocasiões, A reportagem ouviu algumas moradores das redondezas destes locais que por precaução preferem desviar de caminho para chegar em casa ou ir ao trabalho.
O loteamento no final da Av. José Francisco Azedo (Avenida das Cohabs) é um dos mais movimentados. Muitas vezes, dependendo da direção do vento, a linha das pipas cortadas acaba caindo sobre a avenida que dá acesso à rodovia, onde a tráfego de motos é constante aumentando o risco de acidentes. A PM informou que realiza patrulhamento onde há pessoas soltando pipa e que nos últimos dias não houve apreensão de cerol e nem linha chilena.
INTERRUPÇÕES TRIPLICAM NA PANDEMIA
Um levantamento realizado pela CPFL identificou o triplo de interrupções no fornecimento causadas entre abril e maio deste ano, período da quarentena imposta pelo novo coronavírus, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram 832 registros em toda a sua área de atuação nos dois meses deste ano contra apenas 283 em abril e maio de 2019. Neste ano, no mesmo período, houve o registro de interrupções causadas por pipas, uma em Colina e outra em Jaborandi.
De acordo com a lei estadual nº 12.192, de 2006, é crime usar o cerol ou “linha chilena” por conduzirem eletricidade, em contato com a rede elétrica, aumentam o risco de choques. Por conta do seu poder cortante, essas linhas podem romper os cabos da rede e provocar curtos-circuitos, além de colocar em risco a vida de ciclistas e motociclistas.
PRATICANTES TAMBÉM CORREM RISCO
Os praticantes também correm risco já que a disputa pelas pipas cortadas geralmente causa discussão. A rede elétrica também representa um perigo porque os empinadores tentam resgatar as pipas enroscadas na fiação, correndo o risco de receber uma descarga elétrica fatal.
A corrida desesperada para pegar a pipa cortada muitas vezes resulta em acidente já que na euforia os empinadores não prestam atenção no trânsito e escalam os muros das residências sem se preocupar com cachorros bravos e até lanças e cercas elétricas.
A matéria é um alerta para que todos fiquem atentos e haja mais fiscalização não só para coibir o uso de cerol e linha chilena, mas que a brincadeira seja praticada com os cuidados necessários para evitar a contaminação pelo coronavírus. Soltar pipa de forma segura e consciente beneficia a todos, principalmente os praticantes.
As interrupções de energia causadas por pipas triplicam neste ano, aponta levantamento da CPFL.
Dúvidas
Quem Somos
Assine
Anuncie