“Movimentos vacinais desconstroem autoridade médica”, diz secretária
A descoberta de uma vacina contra a Covid-19 é um dos assuntos mais comentados da atualidade já que o imunizante é a esperança para por fim à pandemia, que já matou mais de 1 milhão de pessoas. O confinamento e o medo de se infectar desencadeou aumento nos problemas relacionados à depressão, síndrome do pânico, estresse e ansiedade.
Apesar da importância da vacinação na prevenção de doenças, dados de 2019 do Programa Nacional de Imunizações (PNI) apontam que, pela primeira vez, em quase 20 anos, o Brasil não atingiu a meta para nenhuma das principais vacinas indicadas a crianças de até um ano. A curva de queda nas principais vacinas ofertadas gratuitamente à população começou em 2016 e repetiu-se nos dois anos seguintes, em descompasso com os anos anteriores.
Essa tendência de queda na meta estipulada pelo Ministério da Saúde também se confirma na rede de saúde do município. Em entrevista à reportagem a secretária de Saúde, Dra. Sadia Ferreira, atribui essa queda aos movimentos antivacinas que vêm ocasionando a desconstrução progressiva da autoridade médica e têm contribuído bastante para os extremos de negação das evidências científicas.
MOTIVOS VARIADOS
Os motivos para a não imunização das crianças são muitos e foram enumerados pela secretária: “Com mais vacinas disponíveis, algumas famílias optam por quais aplicar em seu filhos. Outras preferem evitar a vacinação das crianças por julgá-las saudáveis. Há ainda os que preferem evitar que os filhos sejam vacinados por razões religiosas, ou os que temem reações adversas. Essa decisão individual – de vacinar os filhos ou não – acaba impactando o número de pessoas protegidas contra doenças transmissíveis, mas preveníveis e criando grupos suscetíveis”, explicou a secretária.
Ela explicou ainda que o índice de vacinação nacional, que já vinha registrando queda nos últimos anos, despencou em 2020 durante a pandemia. “É o que revela o PNI, embora a meta anual brasileira seja vacinar entre 90% e 95% das crianças com até um ano de vida, esse índice não passou de 61% entre janeiro e julho deste ano. Nos últimos anos temos registrado surtos de algumas doenças consideradas já controladas, como o sarampo, caxumba, coqueluche, entre outras e o surgimento de novas enfermidades. Por isso, é muito importante que adultos e crianças estejam imunizados e mantenham o cartão de vacinação completo”.
MENOS PROCURADAS
A situação, a nível nacional, ocorre em um contexto de cinco anos de queda nas coberturas vacinais, com redução de até 27% para alguns imunizantes. Em 2018, mesmo em queda, 3 das 9 principais vacinas indicadas a bebês e crianças até um ano completo atingiram o patamar ideal. Em alguns casos, como nas vacinas contra poliomielite e tuberculose, a cobertura chega ao menor índice em 23 anos. Em 2019, o maior índice de cobertura na vacinação de rotina (91,6%) foi registrado na tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. Em contrapartida o menor (69%) foi para a pentavalente (difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e haemophilus influenzae tipo b), que foi alvo de desabastecimento em boa parte do último ano.
A BCG, dada em recém-nascidos na maternidade, teve a menor cobertura da série histórica a nível nacional, divulgada desde 1994. Com 85,1% dos bebês vacinados em 2019 foi a primeira vez, em 25 anos, que não alcançou a meta federal de 90%.
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