COLETA SELETIVA DE LIXO
Há aproximadamente 18 anos, movidos pela consciência da urgência de se cuidar do ambiente, cidadãos colinenses idealizaram e implantaram nesta cidade, a COSELIX (Coleta Seletiva de Lixo).
Embora rudimentar, o futuro parecia promissor à medida que presenciávamos a boa vontade e colaboração de pessoas como Francisco Ribeiro Cardoso idealizando e construindo prensas, trituradores e outras engenhocas para favorecer a eficiência do correto destino do lixo, a crescente ação do povo que fazia a pré-seleção do lixo seco separando-o do orgânico nas residências, a colaboração do poder público municipal que cedia um caminhão para a coleta do lixo seco e a disposição de gente humilde que arregaçando as mangas da camisa, colocava as mãos à obra na COSELIX...
O tempo passou e o que de início parecia promissor, minguou, recrudesceu. Em vez de o poder público municipal colinense injetar recursos no projeto, visualizando automático retorno na qualidade de vida dos munícipes, pensaram pequeno, almejando que a COSELIX se mantivesse através do comércio do lixo separado, prensado, acondicionado e comercializado. Atualmente, em regime de semiescravidão, sem o mínimo de dignidade, os funcionários da COSELIX, hoje COOPERCOLINA, com as prensas antigas quebradas, lidam com o lixo sem luvas e máscaras, sem registro trabalhista, sem salário mínimo, enfim, vegetam com uma renda salarial média de aproximadamente R$ 200,00 por mês resultante do comércio dos produtos recicláveis que a duras penas conseguem dar o devido fim minimizando o problema do lixão e de toda população.
Por questões de princípios, embora sejam instigados a relaxarem, há quem teime em fazer a sua parte separando seu lixo enquanto outros desistiram e outros ainda não se conscientizaram... Embora todos paguem o serviço de coleta de lixo, nas residências daqueles que aguardam pacientes a eficiência do sistema, o lixo inorgânico se acumula caso não o levem até a COOPERCOLINA. Nas ruas, no contraste do asfalto bem cuidado, vemos em Colina a baderna de lixo inorgânico misturado com o orgânico, poda de árvores e entulho como se todos estes materiais fossem uma coisa só.
Com um tambor de duzentos litros transbordando lixo inorgânico na porta da cozinha de minha casa, recebi o ultimato de minha esposa para dar jeito na situação. Levei o citado recipiente à frente de minha casa e o instalei no limite com a rua protestando com os seguintes dizeres inscritos nele: “SEPARO MEU LIXO, MAS NESTA CIDADE, COLETA SELETIVA NÃO FUNCIONA”. Dois dias de exposição se passaram até que, no terceiro, um funcionário público municipal a quem muito agradeço, tentou solucionar o problema. Separou do meu lixo uma velha mangueira de jardim, placas de isopor e quatro lâmpadas fluorescentes tubulares que há tempo são rejeitadas pelos catadores e as colocou em um monte na rua junto com lixo orgânico da vizinhança para ser coletado e levado para o aterro sanitário. Indagado quanto ao procedimento, informou que em Colina não se recicla os tais produtos e fez o favor de levar para um conhecido em seu próprio veículo o lixo exposto. Quanto às lâmpadas fluorescentes, foram por mim recolhidas e serão guardadas até que se resolva um destino correto e coletivo para as mesmas, afinal, elas contem mercúrio, um metal pesado que contamina o ar, o solo e lençol freático quando são descartadas a esmo como se faz aqui.
Infelizmente, conforme publicação na edição de 16/08/12 do Jornal O Colinense, oportunidade que o prefeito teve de opinar a respeito de meu manifesto, declarou: “me admira muito partir este manifesto de uma pessoa culta e esclarecida como ele, que tem pontos de recebimento bem próximos de sua casa, como o Supercenter e a Escola Lamounier.” Conforme sugestão do prefeito estive no Supercenter na manhã do dia 20/08 e fui gentilmente recebido pela funcionária que me conduziu até o local onde se encontram os tambores para material reciclável. Para minha surpresa, localizam-se no interior do refeitório utilizado por 94 crianças que no referido espaço tem amparo de extensão da escola e família. O ambiente é bem cuidado e os containers de lixo têm aí, importante função educativa. Até aí, tudo bem, mas transformar o refeitório das crianças e as escolas em depósito de lixo conforme o prefeito sugere, é loucura. Nego-me a seguir o mau conselho assim como pude constatar que nenhum munícipe, para o bem das crianças o faz. O prefeito disse ainda, que “é preciso boa vontade para colaborar”. Nisto eu concordo em parte e acrescento: inclusive colaboração por parte dos gestores públicos.
Por misericórdia, peço que livre de cobranças colaborativas aquele pessoal da COOPERCOLINA que não estão recebendo nenhuma cooperação do poder público municipal. Estão sendo escravizados e isto é vergonhoso para todos nós. Justiça seja feita.
Pela análise do que fazem as mãos e dizem as línguas, ignoro atuais gestores em todas as esferas administrativas deste nosso Brasil e descarto pretensos candidatos. Vejo-me obrigado a buscar potentes lupas e lanternas para exercer a difícil tarefa da cidadania através do voto, sempre correndo o risco da decepção.
Prof. Renato Molleiro
Postado em 24/08/2012
Por: A Redação