PAIXÃO POR LIBRAS
Jovem colinense se torna intérprete e tradutor em menos de um ano
O estudante Júlio Antônio dos Santos Henrique, de 17 anos, era apenas um garoto quando teve o primeiro contato com a Língua Brasileira de Sinais, conhecida por Libras, através da amiga Marina Abe que leciona em Jaborandi dando aula para deficientes auditivos.
Anos mais tarde ele procurou a professora para saber mais sobre a língua de sinais e se apaixonou. A partir daí se aprofundou neste universo e quis se aperfeiçoar para ajudar as pessoas da comunidade surda a se comunicarem melhor.
A língua de sinais ganhou força na pandemia já que os encontros on-line, lives e aplicativos de reuniões se tornaram o meio mais seguro de comunicação por causa do distanciamento. O método também ficou mais conhecido impulsionado pela primeira-dama Michele Bolsonaro.
“Comecei a pesquisar tudo sobre libras, assistir vídeos e treinar em casa porque a maioria dos meus amigos são surdos. Fui despertado sobre a importância para as pessoas que não escutam ter uma linguagem própria para dialogarem e ter acesso à informação. Em menos de um ano concluí oito cursos on-line de instituições espalhadas por todo o país e no Distrito Federal que me capacitaram como intérprete e tradutor de libras”, explicou Júlio que ressaltou: “percebi que não posso parar de me aprimorar e continuo estudando. O profissional de libras tem que estar sempre atualizado porque há sempre novos vocábulos a aprender. Intérprete eu já sou, mas ainda preciso ter algumas formações para atuar como professor. Por enquanto posso ministrar curso particular de libras com emissão de certificado”.
Um dos cursos mais importantes, que o habilitou a trabalhar, foi o “Libras Up”, de Brasília. “Fui avaliado por uma banca de libras com surdos e fui aprovado. Na avaliação, por chamada de vídeo, não foi falada nenhuma palavra, todas as perguntas e respostas foram em libras”.
INTÉRPRETE DA MISSA
Atento a necessidade dos fiéis com deficiência auditiva, a Paróquia local convidou o intérprete para traduzir a missa em libras. Ele aceitou e há um ano realiza este trabalho. “A todo um aparato para interpretar a missa, tudo que o padre fala é traduzido para a língua de sinais. Os surdos também fazem leitura labial por isso todo intérprete além dos gestos também usa a boca e expressões faciais para facilitar a comunicação”, salientou o estudante que neste domingo, dia 5, começa um novo desafio. Ele foi convidado pela capelania do Hospital de Amor para interpretar a missa da instituição realizada nas tardes de domingo.
“Deu tudo certo porque aqui em Colina faço esse trabalho no sábado a noite e domingo de manhã e lá em Barretos será no domingo à tarde. Fiquei muito feliz porque me ajuda a praticar. Eu treino todos os dias porque há muitos sinais na língua que é igual ao português com alfabeto e tudo mais. Toda pessoa surda tem um sinal próprio na comunidade que o identifica, o meu é a letra J e o sinal do sorriso”, disse.
Ele também contou como começou a amizade com Mariá Rezende, intérprete dos famosos, que participou de live no Instagram do colinense. “Começamos a nos seguir, trocar experiências e criamos um elo. A partir daí ela me convidou para fazer a live sobre a convivência com as libras que foi uma experiência incrível para mim. Recentemente também fiz outra live que ensino o alfabeto na língua de sinais porque as pessoas têm muita curiosidade’.
Neste ano Júlio conclui o 3º Ano do Ensino Médio na ETAM “São Francisco de Assis” e quer se dedicar integralmente à língua de sinais. Seu objetivo é cursar no ano que vem a Uníntese, faculdade especializada em libras. Júlio é o único filho do casal Antônio Luiz Henrique/Vanda e para acompanhar seu trabalho basta segui-lo nas redes sociais: julioantonio54 (Instagram) e Julio Antonio Henrique (Facebook).
Júlio com as apostilas e os certificados dos inúmeros cursos realizados.
A missa é interpretada na língua de sinais pelo adolescente, que é interprete e tradutor de libras.
Júlio durante entrevista faz sinal em libras.
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