DIA NACIONAL DA UMBANDA

Religião ganha mais adeptos, mas ainda enfrenta preconceito

No feriado da próxima segunda-feira, 15 de novembro, é comemorado não só a Proclamação da República, mas também o Dia Nacional da Umbanda, religião genuinamente nacional e com um grande sincretismo resultante da mistura de elementos africanos, indígenas e de outras crenças.

Muitos acreditam que as raízes africanas da religião surgiram nas senzalas com os escravos, mas a umbanda ganhou características genuinamente brasileiras. Segundo relatos, a crença teria nascido durante uma sessão espiritual realizada na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, em 15 de novembro de 1908. Por isso a data foi instituída como o Dia da Umbanda no Brasil.

CRESCE NÚMERO DE ADEPTOS

Você pode não saber, mas Colina possui vários terreiros de umbanda onde pessoas vestidas de branco louvam os orixás (divindades africanas) e oferecem seus corpos como “casa” temporária para espíritos de caboclos e outras entidades. Esse ritual, ou “gira” (sessão espiritual) na linguagem da umbanda, faz parte da vida da ialorixá Rosalina da Cruz, que ficou conhecida por “Rosa Belém” devido ao apelido no finado marido. A umbandista, de 88 anos, além da figura mais antiga da umbanda em Colina, também é porta-voz da religião que segue há 70 anos. Seu terreiro, na Rua 13 de Maio, funciona há mais de quatro décadas e também está aberto para a caridade.

Ela recebeu a reportagem em seu terreiro com o congá, altar sagrado às divindades, para falar da diminuição no ritmo dos atendimentos, orientação dada pelos guias espirituais por conta da idade. A entrevista foi acompanhada também pelo pai de santo Vinícius Correia “Tchê”, de 37 anos, iniciante na religião e que conheceu o mentor espiritual em Campinas. Para ele apesar da expansão da religião nos últimos anos, é preciso desmistificar os tabus difundidos por quem critica sem ao menos conhecer os princípios da umbanda.

A ialorixá acredita que a religião vem da descendência da família. “Meu avô era africano legítimo, minha avó portuguesa e meus pais baianos. A minha avó por parte de mãe era índia”, disse Rosa que é bastante respeitada no meio por conta da experiência adquirida nos vários anos dedicados à religião.

Toda de branco e com as guias (colares) usados nos atendimentos no Terreiro de Oxóssi, que funciona nos fundos da sua casa, Rosa esclareceu que: “A cor branca é a preferida dos guias, por isso é tão habitual o seu uso nos terreiros”, disse a ialorixá que nasceu em Colina, mas mudou-se para São Paulo na infância para cuidar dos filhos da patroa. Rosa revelou que nesta época já tinha “visões” mesmo sem estar incorporada, o que acontece até hoje com frequência.

MISSÃO LONGA

“A primeira vez que incorporei tinha 17 anos e a entidade que recebi me disse para trabalhar porque minha missão seria longa. Procurei a Federação de Umbanda em São Paulo e me iniciei na religião com 18 anos. Me casei, tive 10 filhos, retornei a Colina onde estou até hoje”, contou. Ela informou que as pessoas a procuraram para fazer diversos pedidos, entre eles de cura, emprego, descarrego, benzimento, trabalhos espirituais, etc. “É preciso ter fé no que se quer para que o pedido seja atendido”, ressaltou a idosa.

Os trabalhos são sempre acompanhados por um cambono, termo usado na linguagem da umbanda que se refere a pessoa que auxilia a ialorixá e faz o que os orixás pedem. Rosa destacou que muitas pessoas a procuram para agradecer pelos pedidos atendidos. “Uma mulher chorando me procurou porque a médica disse que nunca poderia ser mãe. O trabalho foi feito e um mês depois ela estava grávida. Um fazendeiro teve 25 bois furtados e o guia disse para passar duas fazendas e que na próxima os animais seriam encontrados, o que de fato aconteceu”.

Apesar de ser considerada uma religião brasileira por excelência, a umbanda ainda sofre muito preconceito até dos frequentadores, que preferem o anonimato. Dona Rosa disse que a religião tem muito a oferecer para quem está disposto a conhecer e aprender seus ensinamentos.

A ialorixá “Rosa Belém” em frente ao congá, o altar sagrado do terreiro.

O pai de Santo Vinícius “Tchê” alega que apesar do crescimento a religião sofre muito preconceito.

Dona Rosa e Vinícius “Tchê” concedem entrevista à reportagem.

 

 


Postado em 12/11/2021
Por: A Redação
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