Que bom seria ouvir o barulho de um trem. E olha que esse assunto dá pano pra manga. Há quem diga que Colina só existe porque certo Coronel encasquetou que queria, porque queria ouvir esse tal barulho do trem. Para ele o som do progresso.
A cidade surgiu, cresceu e muita coisa aconteceu. Incrível imaginar quantas idas e vindas e despedidas ocorreram em Colina em tempos de trem. Quanta coisa a velha estação testemunhou, surgiram hotéis, bebedouro d’água e até uma ponte foi trazida do exterior, de trem, por sua causa. Hoje de nome Alice Dias, que se chamaria ponte Cel. José Venâncio se sua filha não tivesse falecido. Ele estava certo, Colina progrediu, a cidade que já teve trinta mil habitantes, estação, cinemas e noites festivas, hoje diminui e olha que o buracão nem existe mais. Falo de um tempo que não vivi, do tempo em que as quermesses eram organizadas em prol ao crescimento da cidade, de um tempo em que as pessoas se envolviam e queriam testemunhar o crescimento, que não era apenas o sonho do coronel, mas o ideal de todos.
Sim, o apito do trem não trouxe só o progresso, mas impulsionou toda uma população que acreditava que podiam viver em uma cidade melhor, e trabalhavam em prol disso. Cada conquista relatada no nonagenário Jornal “O COLINENSE” alimentava a esperança de um povo que acreditava que juntos eram fortes e construiriam sua cidade.
O tempo passou e aos poucos o barulho do trem e do atrito dos trilhos em suas rodas de ferro, que faziam tremer janelas, deu lugar ao barulho das vidraças estilhaçadas da própria estação. Nem Maria, nem fumaça, aliás, fumaça sim. Ah! Se Venâncio pudesse testemunhar o que acontece em sua velha estação... Esta que sofre em silêncio, calada, como uma velha senhora abandonada pelos seus filhos.
A estação pede socorro, a população se manifesta via redes sociais, envolvam-se colinenses, lutem, briguem, curtam, compartilhem mas, acima de tudo, façam algo de concreto, a estação é real, porém pode tornar-se virtual a qualquer momento, pois não sabemos até quando ela ficará de pé.
É claro que queremos o trem, mas enquanto ele não chega apelo às autoridades que façam algo por nossa estação. Há inúmeros modelos de cidades que fizeram algo e, mesmo sem trem algum, reviveram sua história através de seus prédios que hoje são: centros culturais, de exposição e inúmeras outras boas ideias que poderíamos elencar aqui.
Já perdemos muito, nosso cinema, nossa identidade, o que mais precisamos perder? Talvez seja a hora de recomeçar, dar esperança a esse povo que já não tem tanta fé em sua cidade, mas quer e precisa se envolver.
Autoridades, aguardamos pelo apito, um sinal, de boa vontade e que este traga o progresso, façam algo pela estação! Esta que já foi o começo de tudo e agora esta muito perto do fim.
Vagner Cotrim