Após 40 dias do assalto que deixou uma família inteira refém de bandidos armados por várias horas, no centro da cidade, os criminosos agiram novamente só que desta vez torturaram a vítima até que revelasse onde o dinheiro estava escondido.
O que vamos relatar a seguir impressionou até mesmo a reportagem que, até então, só conhecia a crueldade e a pressão psicológica dos criminosos mostrada nos noticiários da televisão. Nunca imaginamos que esse tipo de violência extrema, um dia, chegasse até aqui.
OS FATOS
Era madrugada de segunda-feira, dia 8 e o aposentado Lázaro Pereira, de 64 anos, estava na sua casa, na Rua Dr. Oscar P. Barcelos, quase em frente à pracinha São Sebastião, com a filha Lígia Pereira, 30 e o seu namorado Luiz Rodolfo. Por volta da 1h30 a sua esposa, conhecida em toda a cidade como “Marta do cachorro-quente”, ligou para a filha ir ajudá-la na barraca que montou do lado de fora da Festa do Cavalo. Ela e o namorado deixaram o pai dormindo no quarto e foram embora.
Logo depois que saíram o aposentado escutou um barulho na porta da frente, estranhou porque não ouviu ninguém chegando de carro e entrando na garagem. “Resolvi ir até a sala e antes de chegar lá dei de cara com dois assaltantes encapuzados e armados, que me insultaram bastante. Um deles encostou o revólver na minha testa dizendo que queria saber onde estava o dinheiro da barraca da minha esposa. Respondi que não tinha dinheiro em casa, o que os deixou mais nervosos”, contou o aposentado que acrescentou, “eles me levaram novamente ao quarto e amarram meus pés e mãos com cadarços de tênis, que devem ter trazido com eles. Depois mandaram que ficasse deitado de bruço”.
FESTIVAL DE TORTURAS
Os assaltantes obrigaram o aposentado a ficar com a barriga para cima e o sufocaram com os travesseiros da cama. “Levantei os braços para cima para que parassem de apertar os travesseiros contra o meu rosto, já estava desfalecendo por causa da falta de ar e comecei a virar os olhos quando eles pararam”.
Eles continuaram revirando a casa à procura do dinheiro e perguntavam a todo instante onde estava o cofre. Como o aposentado sempre respondia negativamente, lhe agrediram com soco e chute. “Um deles apertou, com toda força, o cano do revólver contra o meu pescoço, depois tentaram me enforcar e até apertaram a minha parte genital”, revelou Lázaro que desabafou, “rezava bastante para que esse festival de torturas acabasse logo, mas o pior ainda estava por vir”.
BANDIDOS AMEAÇAM ATEAR FOGO NO APOSENTADO
Enquanto dois dos criminosos torturavam a vítima indefesa no quarto, mais três assaltantes abriam os armários e jogavam tudo no chão. “O momento mais tenso foi quando jogaram álcool sobre meu corpo e balançaram a caixa de fósforos, ameaçando riscar o palito e atear fogo no meu corpo. Pensei que iria acontecer comigo o mesmo que a gente vê na televisão, parece que isso agora virou moda”.
Cada vez mais furiosos por não encontrarem o dinheiro, um dos ladrões colocou o cano da arma dentro do ouvido e da boca do aposentado, que ficou a mercê dos bandidos por quase três horas. “Um deles apertou tanto a arma na minha boca que o cano chegou até a garganta e tive ânsia”.
Enquanto alguns integrantes da quadrilha separavam o que iriam roubar e colocavam sobre a mesa, outros aproveitavam para fumar, assistir televisão, comer e beber o que achavam na geladeira.
BARRACA MONITORADA
A barraca na Festa do Cavalo estava sendo monitorada pelos criminosos, que esperavam o momento da filha da comerciante sair com o dinheiro e mantê-la refém junto com o pai. “Um dos bandidos falava a todo instante no telefone, dava e recebia informações do comparsa que estava vigiando a barraca da minha esposa na festa”.
Quando a filha chegou em casa, por volta das 4h, não desconfiou de nada porque tudo estava normal. Ela desceu do carro com uma sacola de lanche onde estava o dinheiro e quando empurrou a porta viu três bandidos com as armas apontadas em sua direção. “Dei um passo para trás e escondi meu celular dentro da calça, não deu tempo de fazer mais nada, foi um susto muito grande. Quando dei por mim os três já estavam em cima de mim, me empurrando para dentro”, relatou. Salientou, “comecei a gritar chamando o meu pai e os bandidos começaram a me xingar, o mais alto era o mais bruto e estressado. Eles amarraram minha mão e pediram para ficar encostada na parede que nada iria acontecer se ficasse quieta”.
Eles desamarraram os pés do aposentado e o colocaram junto da filha na copa da casa e começaram a carregar o carro de Lígia, um Corsa Classic Life, preto, ano 2007, com as mercadorias que tinham separado: TV LCD 42”, computador completo, DVD, perfumes, jóias, bijuterias, roupas, casacos de couro, óculos de sol, tênis e relógios de marca, celular e máquina fotográfica. Os bandidos roubaram também aproximadamente R$ 5 mil reais. Depois levaram os dois para o quarto.
“O que dá mais medo e a sensação de impotência, você não pode fazer nada e qualquer deslize pode perder a vida. A cena dos bandidos mirando as armas para mim não sai da minha cabeça. Não sei se serei a mesma pessoa depois de passar por essa situação traumática”, desabafou Lígia. Um dos bandidos enrolou uma camisa que estava no chão e colocou na boca dela para que não gritasse e chamasse a atenção dos vizinhos. Ele implorou para que não fizessem isso porque passa mal e seu pedido foi atendido por um dos criminosos, o mais camarada que também deu água para ela e o pai beberem durante o assalto.
Outra coisa que chamou a atenção é que os bandidos estavam muito bem informados sobre a rotina da família e a profissão de cada um dos integrantes. “Um deles até disse que eu estava terminando a faculdade”, disse Lígia.
CELULAR AJUDOU A PEDIR AJUDA
Depois que Lígia chegou em casa, os criminosos ficaram mais 20 minutos e fugiram levando o carro carregado. Quando tiveram certeza que os criminosos tinham ido embora, Lígia conseguiu tirar o celular da calça e discar para o 190. “A ligação caiu em Ribeirão Preto, aí tive que dar muitas informações porque quem atendeu não conhece a gente aqui. A Polícia Militar só conseguiu entrar em casa porque também liguei para o meu namorado, que chegou e tem o controle do portão. Os bandidos levaram tudo para não deixar a gente sair de casa e pedir socorro. A sorte foi que consegui esconder meu celular e chamar a PM”, explicou a vítima. A Polícia Civil também esteve no local e disse que vai investigar o roubo. A Polícia Técnica também fez a perícia na casa.
QUADRILHA PREPARADA
Pelos relatos das vítimas dá para perceber que a quadrilha era muito organizada, a começar pela roupa. “Todos estavam de preto e usavam luvas, os que não tinha capuz encobriam o rosto com camisas escuras”, revelou Lázaro.
As armas também chamaram a atenção. “Não conheço nenhum armamento, mas dá para ter a noção que duas armas eram revólveres e as outras três metralhadoras porque o pente ficava para fora”, contou Lígia.
Para não cortar a cerca elétrica e disparar o alarme, os assaltantes abriram o arame e entraram pelo vão. Conseguiram ter acesso ao interior da casa tirando o miolo da fechadura. Apesar do cães das vítimas e do vizinho latirem sem parar e do alarme do carro disparar por várias vezes, antes de conseguirem fugir, ninguém ouviu nada.
Lígia contou que não sabe porque um dos ladrões virou a foto do irmão do rack Postado em 13/07/2013
Por: A Redação
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