Deficiente sofre constrangimento para entrar no Banco do Brasil 

As lágrimas vêm à tona quando Rogério lembra da discriminação que sofreu.

Um ano depois do acidente que o deixou tetraplégico, José Rogério Alves Lira, 42 anos, começou a dar os primeiros passos em março e hoje usa uma bengala para se locomover, mas precisa da ajuda de outra pessoa para  apoiar-se.
A experiência de ficar sete meses na cama, sem poder mexer nenhum membro, dependente de tudo e de todos é algo que emociona bastante o encarregado de fabricação de açúcar da Guarani, que precisou reaprender a viver. Mas, para ele, a recuperação dos movimentos, apesar de lenta, supera os momentos difíceis que começam a ficar para trás. 
Pior que a dor e limitações impostas pelo acidente foi o constrangimento e discriminação que sofreu na agência local do Banco do Brasil. Rogério procurou à reportagem para contar essa triste história. “As pessoas com deficiência física não podem ser tratadas de forma diferente, pelo contrário, precisam ter o acesso facilitado”, desabafou Lira. 
A HISTÓRIA
Há alguns meses Rogério precisava abrir uma conta num banco para receber o seguro e escolheu o BB. Ele foi até a agência com a esposa e na época ainda se locomovia em uma cadeira de rodas. Ele foi comunicado pelo vigilante, que o conhece de longa data, que por causa das normas da instituição não poderia ter acesso ao banco. “Isso me deixou muito nervoso e depois de esperar, por 20 minutos, fui avisado que seria atendido do lado de fora. Não concordei e ameacei chamar a polícia porque todo cidadão tem o direito de ir e vir garantido pela Constituição”, declarou. Acrescentou, “depois de esperar o funcionário abriu a porta paralela para eu entrar, mas minha esposa teve que sair e usar a porta giratória, sendo que já estava dentro da agência. Isso é um absurdo. Será que um cadeirante oferecia um risco tão grande ao banco?”. 
Esta foi a primeira vez, a segunda aconteceu no último dia 21 quando Rogério novamente voltou a agência do BB para liberar o cartão, procedimento que, segundo o banco, só poderia ser feito por ele. “Desta vez já usava a bengala, mas o segurança novamente não quis abrir a porta. Eu e minha esposa tivemos que passar juntos pela porta giratória. Fiquei com muito medo de cair e isso de fato quase aconteceu”. 
Rogério relatou que resolveu contar essa história não por ele, que está se recuperando, mas pelas pessoas que têm deficiência irreversível e não podem ser tratadas desta maneira. “Independente de ser cliente ou não do banco essa atitude é inadmissível e não condiz com a realidade atual, que prioriza os deficientes”. 
Esse tratamento Rogério só teve no Banco do Brasil porque em todos os lugares sempre teve atendimento diferenciado, por conta de suas limitações. “Quando se passa por uma situação dessas conseguimos enxergar como a vida do deficiente é difícil. Graças a Deus sempre fui muito bem atendido em todos lugares e até em outros bancos, onde sou correntista. O segurança abre a porta, pede para o pessoal dar licença e me faz sentir o mais à vontade possível”. Ressaltou, “depois que não precisar mais do Banco do Brasil vou fechar a minha conta porque quem não tem respeito pelo cliente também não merece ser prestigiado por mim. O banco deveria treinar melhor seus funcionários”. 
 
Rogério precisa do apoio da bengala e de outra pessoa para andar.
 
APRENDER COM OS EXEMPLOS 
Rogério teve que passar por uma cirurgia muito delicada no pescoço, onde foram retiradas 4 vértebras e colocadas próteses. O acidente foi em agosto e a cirurgia só pode ser feita em dezembro porque o local lesionado precisava desinchar para que o procedimento pudesse ser feito. “Estava dirigindo a uma velocidade baixa, o celular tocou, fui atendê-lo e quando vi já estava em cima de um poste. A batida deslocou as vértebras que imediatamente paralisaram os movimentos das pernas e braços”. 
O caso de Rogério também serve de espelho para obedecermos as regras de trânsito. “Não seja a pessoa que só aprende com os erros, dê valor a sua vida e não queira passar pelo que me aconteceu. É muito doloroso saber que tudo poderia ter sido evitado se tivesse usando o cinto de segurança”. 
 
AGÊNCIA ENTRARÁ EM CONTATO COM CLIENTE 

 

A reportagem procurou a gerência da agência local do Banco do Brasil, que nos colocou em contato com a assessoria de imprensa em Ribeirão Preto que, em nota, esclareceu que: “Os procedimentos de segurança das agências do Banco do Brasil visam a integridade de seus clientes, funcionários e público em geral. A agência de Colina está à disposição do Sr. José Rogério e entrará em contato com o cliente para prestar todos os esclarecimentos necessários”.
 
 
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Postado em 30/08/2014
Por: A Redação
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