Morte da jovem atropelada em Jaborandi ainda é um mistério
Atropelamento não teria sido a única causa da morte; atestado de óbito também aponta estupro
Um dado novo no caso de Solange Aparecida da Silva, de 23 anos, mais conhecida por “Sol”, pode mudar o rumo das investigações. A jovem foi atropelada na madrugada do dia 11 de dezembro, por volta das 4h, nos primeiros 50 metros da estrada vicinal JBR 20, que dá acesso a zona rural de Jaborandi onde o fato aconteceu.
A ocorrência foi registrada como atropelamento e Solange acabou falecendo no dia de Natal, após ficar 14 dias internada na Santa Casa de Barretos. O mais estranho é que o médico Luís Aurélio de Deus Silva, que assinou o atestado de óbito, expedido no último dia 26, aponta que a morte não foi só causada pelo atropelamento, mas também por estupro. Os ferimentos também desencadearam insuficiência respiratória, choque séptico e peritonite.
MORTE AINDA É UM MISTÉRIO
Segundo informações levantadas pela reportagem, a jovem estaria em um bar, no centro de Jaborandi, quando entrou num Gol branco de Colina. O que aconteceu entre a última vez em que foi vista até a hora que foi encontrada na estrada ainda é um mistério.
O rapaz do Gol, que não teve a identidade revelada, foi até o hospital de Jaborandi onde também encontrou a Polícia Militar, que tinha sido acionada por ele. As partes foram até o local, onde Solange foi encontrada caída com forte sangramento na parte genital. Ainda na estrada a moça negou a violência sexual, mas confirmou que tinha sido atropelada pelo motorista do Gol.
A vítima, que gritava de dor e tinha lesões no rosto e braço, recebeu o atendimento emergencial no hospital jaborandiense. O médico de plantão e enfermeiros rasgaram a calça e a blusa que Solange vestia para saber se havia mais ferimentos pelo corpo. De imediato foi preciso dar alguns pontos para conter o forte sangramento na vagina que apresentava um corte em forma de “U”.
A jovem foi transferida imediatamente para a Santa Casa de Barretos, onde precisou passar por cirurgia na perna. Informações, não confirmadas, dão conta que quando o carro passou sobre o corpo a bacia teria saído do lugar.
Solange ficou internada no quarto até o dia 20, quando teve alta e retornou para casa, onde passou apenas algumas horas. Ela precisou regressar à Santa Casa, no mesmo dia, porque estava com febre, fraqueza e com secreção amarelada (pus) na parte genital, sinal de um processo infeccioso. Até a morte, ocorrida às 6h50 do dia 25, Solange ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva.
ATROPELAMENTO FOI PRESENCIADO POR MOTORISTA
O motorista do Gol contou a polícia que Solange lhe pediu uma carona até a estrada, onde teria marcado um encontro com outra pessoa. A jovem teria sido atropelada no momento que saía do Gol por um Pálio cinza, que fugiu do local. O motorista do Gol, que negou o atropelamento, relatou à polícia que apenas deu uma carona à Solange. A vítima, por sua vez, disse à polícia que foi atropelada pelo Gol.
MÃE DE SOLANGE QUER JUSTIÇA
Desolada pela morte da filha mais velha, a aposentada Margarida Cáceres Zieza da Silva, de 59 anos, recebeu à reportagem em sua casa. “Ela confessou para mim, no hospital, que foi estuprada e que se jogou do carro em movimento para fugir dos agressores que colocaram alguma droga em sua bebida, ela estava zonza”, revelou a mãe que acrescentou, “minha filha também precisou fazer uma cirurgia na vagina. Não sei ao certo, mas parece que introduziram alguma coisa porque ela ficou muito machucada”.
Dona Margarida disse que a filha revelou isso enquanto ainda estava consciente e que anseia por justiça. “A Solange sofreu muito e não merecia morrer desse jeito. Quero ver esse monstro na cadeia”, desabafou. Os boatos que circulam por Jaborandi é que o estupro teria sido cometido por mais de uma pessoa.
ESTUPRO É NOVIDADE PARA DELEGADO
A notícia do atestado de óbito, apontando o estupro como uma das causas da morte, foi recebida com surpresa pelo delegado Antônio Alicio Simões Júnior, que responde por Jaborandi.
“Em nenhum momento a vítima, que foi ouvida pelos policiais, alegou que foi estuprada, ao contrário, confirmou o atropelamento. O estupro em nenhum momento apareceu e nem a família procurou a polícia para falar sobre isso”, declarou o delegado que instaurou inquérito policial para apurar a morte.
Ele disse que está aguardando o laudo do IML e da Perícia Técnica para direcionar a investigação. “Toda vítima de morte violenta é submetida ao exame necroscópico. O Gol tinha um amassado embaixo do pára-choque dianteiro, no lado esquerdo. A perícia foi feita para saber se o dano foi causado recentemente ou não”. Acrescentou, “o atestado de óbito não vale nada para a polícia, só vou me pronunciar a respeito quando tiver o laudo necroscópico na mão. Se o médico que assinou o atestado errou terá que se explicar”.
A Polícia Civil de Jaborandi, por enquanto, está apurando a morte como atropelamento. “Temos que ter provas e são os laudos que vão atestar isso. Ninguém morre de estupro e ao que sei a lesão na parte genital foi causada em virtude do atropelamento. As alças da calcinha foram puxadas, o que causou o ferimento”, ressaltou o delegado que também acrescentou, “uma porção de cocaína foi encontrada no Gol e foi feito o termo circunstanciado por porte de entorpecente”.
Dr. Alicio se colocou à disposição da família da vítima. “A delegacia está aberta, a qualquer hora do dia, para a família reclamar o que quiser. Só não sei porque isso ainda não foi feito já que a mãe alega que a filha foi estuprada”.
Os familiares e amigos de Solange pretendem fazer uma manifestação pedindo justiça e o esclarecimento do caso inclusive, se preciso for, recorrer ao Ministério Público.
A mãe Margarida, com a foto da filha, clama por justiça: “quero ver este monstro na cadeia”.
Dona Margarida mostra o local onde teria ocorrido o crime na estrada vicinal, próxima a cidade.
Desolada, a esperança da mãe é que a morte de Solange seja esclarecida pela polícia.
Postado em 14/01/2012
Por: A Redação