Sonho do trem turístico é mais complexo do que se imagina
Representantes da Associação Bebedourense de Ferreomodelismo e da Memória Ferroviária esclareceram sobre alguns entraves para viabilizar o trem turístico.
Grupo “Amigos da Estação” após reunião na manhã de domingo nas escadarias da Ponte Alice Dias, ao lado da estação ferroviária.
O 1º encontro dos “Amigos da Estação”, ocorrido na manhã de domingo, 11, na escadaria da Ponte Alice Dias, um dos cartões postais da cidade, reuniu cerca de 40 pessoas que partilham do mesmo ideal, trazer à cidade os passeios de trem turístico aos arredores da cidade.
O objetivo dos professores Maria Dalila Prado Silveira e Renato Molleiro, que encabeçam o movimento, é organizar um grupo que através de atitudes concretas consiga tornar este sonho, acalentado há muito tempo, em realidade.
Membros da Associação Bebedourense de Ferreomodelismo e da Memória Ferroviária, que têm experiência no assunto e recentemente realizaram um passeio de motolinha pelos trilhos da antiga estação, participaram da 1ª reunião, que também teve a presença do maquinista da Vale do Carajás-Pará, Alan Veiga, que estava de férias em Colina e enriqueceu o encontro com seus conhecimentos. O assunto também chamou a atenção da EPTV que esteve em Colina na manhã de ontem fazendo matéria com o grupo.
O primeiro passo será montar uma associação ou ONG, sem fins lucrativos, que envolva o maior número de pessoas. A partir de então a meta é conseguir a parceria de entidades com representatividade, empresas que possam contribuir financeiramente e também buscar apoio do Poder Executivo e Legislativo porque a questão é mais complexa do que se imaginava.
PASSEIO ESTÁ DESCARTADO COM RETOMADA DE TRANSPORTE DE CARGA
Como foi abordado na reunião no trecho de Bebedouro a Barretos, onde o passeio seria realizado, existe o problema da falta de trilhos porque a maioria foi furtada. A reforma do trecho, que está péssimo, demandaria uma pequena fortuna já que em alguns pontos até a infraestrutura teria que ser mexida.
Outro agravante é que o trecho não está desativado e consta como operacional, ou seja, ao que parece existe a possibilidade da América Latina Logística retomar o transporte de cargas. Caso isso ocorra o sonho do trem turístico pode ser descartado.
“Talvez exista a possibilidade de passar trem de carga neste trecho ou isso nunca aconteça. Por isso vamos necessitar muito de apoio, principalmente do Executivo e Legislativo”, explicou o maquinista Alan Veiga, que acrescentou: “isto é um balde de água fria mas, por outro lado, ainda acredito que nós, como pessoas, podemos chegar lá e colocar o sonho do trem turístico para rodar. Como o investimento é considerável precisa haver muita união, estudo e empenho para buscar recursos”.
Luciano Marcassa, membro da associação bebedourense, foi um dos que orientou o grupo durante o encontro. Ele disse que nenhum dos integrantes é ferroviário, mas são simpatizantes da ferrovia. Para ele, “se o trecho de Bebedouro a Barretos não for revitalizado pela ALL o grupo, como associação ou ONG, terá que investir na aquisição de pelo menos um carro de passageiro e locomotiva a diesel, que mesmo antiga e usada não vai custar menos de 500 mil reais”, esclareceu Marcassa. Ressaltou, “também tem que ter autorização da ALL e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – DNIT para a composição rodar. Além de um projeto muito bem bolado, tem que montar a Associação porque sem ela não se consegue nada e batalhar pelo suporte financeiro de empresários. Sem verba não tem como viabilizar”.
Na região não existe nenhuma cidade com trem turístico. Os únicos que se tem conhecimento, citados no encontro, são os passeios da Maria Fumaça entre Campinas/Jaguariúna e o de Paraguaçu Paulista.
PREZAR PELO PATRIMÔNIO HISTÓRICO
“Esse trecho entre Bebedouro e Barretos é um dos mais belos que conheço. Colina tem um grande potencial e este grupo deve zelar também pelo patrimônio histórico da ferrovia, que são a Ponte Alice Dias, que para mim é coisa de cinema e o prédio da estação”, comentou Luciano Marcassa.
Ele sugeriu que o grupo, como associação constituída, consiga a posse do prédio da estação para que seja revitalizado. “Vocês são privilegiados com esses espaços que a cidade possui. A realização de eventos culturais, como exposição de ferreomodelismo, nos finais de semana, abririam os olhos da população para dar valor a esse patrimônio incalculável, que pouquíssimas cidades têm”.
“Antes de desistir de um sonho é preciso lutar e é isso que iremos fazer. Esse sonho não é nosso, mas de todos que querem ver o prédio da estação, patrimônio histórico da cidade, revitalizado e o trem turístico cruzando a cidade como antigamente”, declararam os professores idealistas do projeto.
Dezenas de munícipes participaram do 1º encontro dos “Amigos da Estação” e aqueles que compartilham da ideia estão convidados para participar do próximo que acontecerá em dois dias, 24 e 25 de janeiro. Nas ocasiões haverá o passeio com a motolinha de Bebedouro, que será usada para fazer uma inspeção mais detalhada do trecho.
Dando todo suporte e incentivo à iniciativa, os representantes da Associação Bebedourense de Ferreomodelismo retornaram a Colina na manhã de ontem com o mototrilho para percorrer parte do trecho com os colinenses. Na ocasião foi feita reportagem para a EPTV.
Professores Renato e Dalila com os membros da Associação (Tiago, Antônio, Luciano, Eliel) e o maquinista Alan Veiga.
Equipe da EPTV durante gravação em Colina com os membros da Associação de Bebedouro, tendo a Ponte Alice Dias ao fundo.
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