Todo mundo sabe que a sacola plástica demora dezenas de anos para se decompor no meio ambiente, mas nada, até agora, tinha sido feito para reduzir o descarte indiscriminado na natureza

Os supermercados são os maiores distribuidores de sacolas plásticas feitas a partir de derivados de petróleo, material que demora no mínimo 100 anos para se decompor na natureza. O país produz anualmente 135,9 bilhões de sacolas (503 mil toneladas) e cerca de 90% desse material acaba no lixo
Em 2010 a  APAS – Associação Paulista de Supermercados assinou um termo de cooperação com o Governo do Estado para reduzir drasticamente o descarte das sacolas que, além de contaminar o solo, causam a asfixia de animais, entupimento de bueiros, galerias, etc. 
A campanha “Vamos Tirar o Planeta do Sufoco” foi lançada pela APAS oficialmente ontem, dia 25, aniversário de São Paulo. A data foi escolhida porque a capital é a cidade que mais utiliza sacolas em todo o país. 
A campanha foi adotada há mais de um ano em Jundiaí, que passou por uma espécie de experiência piloto.  A iniciativa deu dão certo que despertou o interesse de outras cidades, inclusive Colina. 
REDUZIR, REUTILIZAR, RECICLAR E REPENSAR 
A Rede Tome Leve, que possui 8 filiais na região, aderiu a campanha iniciada ontem nas lojas de Colina e Jaborandi. O diretor comercial Mário Antônio Angelícola informou que a empresa, associada à APAS, se reuniu com os representantes do Compre Mais e Dino Supermercado que também aprovaram a iniciativa e aderiram à campanha. Como é um acordo, a adesão é voluntária. 
“Estamos disponibilizando as caixas de papelão que recebemos de fornecedores para os clientes transportarem as compras. A campanha também estimula o uso de caixas de plástico, carrinhos de feira e sacolas reutilizáveis (ecobags) que estão à venda nas lojas a partir de R$ 1,99 o modelo menor e mais barato”, explicou o diretor que acrescentou, “a sacola tradicional foi substituída pela de amido de milho, que se desfaz em até 180 dias em usina de compostagem e até 2 anos em aterro comum”. 
A sacola menos nociva à natureza não será entregue ao cliente, que terá de comprá-la por R$ 0,19 a unidade. “A sacola biodegradável está à venda como uma mercadoria. Ela possui código de barra e o preço é único em todo o Estado. A intenção não é vender sacolinha, mas abolir o seu uso. A  biodegradável será utilizada enquanto o consumidor se adapta à nova realidade que, com o tempo, será adotada por todo o comércio”. 
Segundo Fábio Santos, proprietário do Compre Mais Supermercado, na avenida das cohabs, a redução não vai resolver o problema, mas é um grande passo para a conscientização. “Ao invés de comprar várias sacolas biodegradáveis, o consumidor deve adquirir a retornável que poderá ser utilizada várias vezes. O modelo mais barato, R$ 1,99, tem o mesmo preço de 10 sacolas biodegradáveis”. O supermercado disponibiliza as sacolas que variam de R$ 1,99 a R$ 4,99 dependendo do tamanho, modelo e do material de fabricação, que pode ser de nylon, polietileno, etc. 
SOLUÇÕES ALTERNATIVAS  
A reportagem esteve nos supermercados da cidade e constatou que muitas pessoas já estão utilizando as sacolas retornáveis e caixas de papelão para transportar as compras. “Há muitos anos, quando as sacolas foram adotadas, o plástico era muito barato, não poluidor e uma forma simpática de atender melhor o cliente. O volume gigantesco se tornou um vilão, sendo que um 1/4 (um quarto) do plástico produzido no mundo é sacola plástica”, informou Mário Antônio. Ressaltou, “estamos estudando uma forma de substituir o plástico da feirinha, que ainda é poluidor. A intenção é encontrar soluções alternativas, que não encareçam os produtos”. 
A preocupação com a saúde do planeta não é novidade para o Tome Leve que há muito tempo disponibiliza para venda sacolas retornáveis aos clientes. A empresa também é um posto de coleta permanente de pilhas e óleo de cozinha. 
Este jornal também já distribuiu dezenas de ecobags aos estudantes do município através do “Concurso Cultural Literário Consciência Ecológica – dê o seu recado”, que é promovido há 4 anos e estimula ações conscientes e de sustentabilidade para a preservação do planeta. 
REDUÇÃO DE SACOLAS PODE BARATEAR PRODUTOS 
Os supermercados gastam muito dinheiro com as sacolas e o custo já está embutido no preço dos produtos, que poderão ficar mais baratos com o fim da distribuição gratuita. 
“Não teremos mais essa despesa e podemos melhorar as ações de oferta. O valor é muito pequeno para ser percebido no preço de todos os produtos. A carne não vai abaixar R$ 1 porque não tem mais a sacolinha”, comentou Mário Antônio. 
O empresário Noraldino Mendes de Jesus, proprietário do Dino Supermercado, na Vila Guarnieri, disse que as sacolas plásticas representam uma despesa grande. “Se trabalharmos com um custo menor podemos oferecer um preço melhor”, declarou. 
O “X” DA QUESTÃO 
A redução é vital e de extrema importância para o planeta. que está “sufocado” pelas sacolas plásticas. Existem países na Europa que aboliram o seu uso há muito tempo. 
A reportagem notou que a maior resistência dos consumidores está no fato de que as sacolas plásticas não poderão mais ser reutilizadas para acondicionar o lixo doméstico. O consumidor terá que colocar a mão no bolso e comprar o saco plástico para colocar o lixo. Outra opção é retomar o uso dos latões, que foram substituídos pelas sacolas descartáveis. 
Muitos consumidores entrevistados ficaram em dúvida se os sacos plásticos, que agora serão mais usados, também não poluem o ambiente. A maioria dos sacos disponíveis no mercado já são feitos de material reciclável. 
As caixas de papelão, agora disponibilizadas aos clientes para o transporte de mercadorias, serão retidas pelos supermercados que não farão mais a doação à reciclagem. O material, uma importante fonte de renda aos catadores, não será mais achado com tanta facilidade. 
CARRINHO DE FEIRA RETORNA COM FORÇA TOTAL 
O carrinho de feira, que andava esquecido, agora retorna com força total. A aposentada Nair Riciardi disse que além de economizar sacola, o carrinho é o meio mais prático de levar as compras para casa. “Uso meu carrinho para tudo, não só no mercado. Precisamos ser conscientes e ajudar a salvar o planeta”. 
OUTRA OPÇÃO 
A dona de casa Inês Leva todo dia vai ao mercado e reutiliza muitas sacolas em casa. “Vou achar uma outra opção para acondicionar o lixo da pia e do banheiro, o meio ambiente merece mais atenção porque as sacolas demoram muito tempo para se decompor e isso não é bom”. 
ENTREGA EM CASA 
Para o vigilante João Roberto Piai “essa decisão demorou muito, mas nunca é tarde. Tudo é válido para ajudar a natureza. Lá em casa já compramos  as sacolas reutilizáveis e se esquecer a gente manda entregar a compra em casa”. 
QUESTÃO DE HÁBITO 
A dona de casa Maria Alice Almeida da Rocha acredita que levará algum tempo para as pessoas se acostumarem a levar a sacola retornável no supermercado. “É uma questão de mudança de hábito em favor do nosso planeta”. 
 
As caixas de plástico também estão sendo utilizadas para transportarem as compras até o carro.
 
A aposentada Nair Riciardi usa o carrinho de feira a muito tempo.
 
A campanha da APAS quer acabar com o descarte de sacolinhas no Meio Ambiente.
 

Noraldinho de Jesus, proprietário do Dino Supermercado no Nosso Teto. 

Mário Antônio Angelícola, diretor comercial do Tome Leve. 

Para Fábio Santos, proprietário do Compre Mais, a medida é mais um passo para a conscientização. 

A dona de casa Inês Leva que reutilizava as sacolas em casa e vai encontrar outra opção para acondicionar o lixo. 

“Se esquecer a sacola a gente manda entregar a compra em casa”, diz o vigilante João Roberto Piai

Para Maria Alice da Rocha diz que levar a sacola reutilizável no mercado é uma questão de hábito. 


Postado em 28/01/2012
Por: A Redação
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