Segurança esbarra na legislação que gera impunidade
Sargento Éder e Capitão Hannickel durante debate no Legislativo.
A imagem da câmera de segurança que gravou o assalto na Padaria Suprema Pão, divulgada nas redes sociais, choca pela forma violenta como a cliente foi rendida e ameaçada com um revólver, que o tempo todo ficou apontado para sua cabeça.
A cena reacendeu a questão da segurança pública, desencadeada pela assustadora e violenta onda de assaltos à mão armada no comércio, agravada também pelos furtos que deixaram a população apavorada e os comerciantes preocupados.
Para discutir o assunto o vereador Jorge Vieira “4 Gatu’s” protocolou requerimento na Câmara solicitando a presença dos representantes da Polícia Militar, que estiveram no Legislativo colinense na noite de segunda-feira para conversar com os vereadores. Todos estiveram presentes.
A Corporação esteve representada pelo Capitão André Luiz Hannickel, comandante da 4ª Cia em Guaíra, a quem Colina e outros três municípios são subordinados. Ele estava acompanhado pelo sargento Éder Ferreira da Silva, comandante da PM local.
Os vereadores fizeram perguntas e muitas ideias surgiram, mas o maior problema esbarra numa questão antiga, a criação de leis mais rígidas que mantenham o criminoso na cadeia. Enquanto isso não acontecer tudo que se faça pode até surtir efeito, porém é passageiro como “enxugar gelo”, ou seja, sem duração.
“O país carece de leis enérgicas porque o que impera hoje é a impunidade. Não é culpa do promotor, do juiz e do delegado que são obrigados a aplicar a lei que é muito arcaica, da década de 40. Hoje a maioria dos crimes é afiançável. Os legisladores precisam criar leis efetivas que evitem brechas”, afirmou Hannickel na sua explanação aos vereadores.
ESCOLTA TIRA POLICIAL DA RUA
As escoltas de presos são de responsabilidade da PM, isso significa que quando elas estão sendo realizadas a menos policiais nas ruas. “Só no domingo tivemos quatro escoltas emergenciais, ou seja, a viatura deixou de patrulhar as ruas para pegar a presa e levar ao médico e hospital. Temos que parar o nosso serviço preventivo e ostensivo para realizar as escoltas”, explicou o capitão. A cadeia feminina de Colina recebe presas de toda a região.
Com relação ao efetivo, o capitão Hannickel disse que aqui em Colina o quadro está quase completo, mas ainda está faltando alguns policiais para completar esse número.
Foi citado na reunião que o reforço de policiais poderia ser suprido pela Guarda Municipal que existe em vários municípios da região e que se tornou uma aliada no combate ao crime. A criação da Guarda Municipal já foi sugerida para diminuir os índices criminais, mas a implantação até agora não se concretizou.
MONITORAMENTO: FERRAMENTA NO COMBATE AO CRIME
O capitão disse que o monitoramento implantado na área central de Ribeirão Preto tem surtido bons resultados, propiciando centenas de prisões e a redução dos índices criminais. “Esse sistema carece de investimento, interesse, não é difícil de fazer e tem se mostrado eficaz. É mais uma ferramenta no combate à criminalidade. O importante é a qualidade do equipamento e quem estará do outro lado das câmeras fazendo o monitoramento das imagens”, esclareceu o capitão. O sistema de monitoramento também foi implantado em Barretos e Guaíra.
O capitão também comentou a participação da comunidade nas reuniões do Conseg que “são nula ou mínima, essa não é só uma particularidade de Colina e acontece em todos os municípios”. Os encontros mensais do Conseg já não são realizados há algum tempo.
SEGURANÇA É RESPONSABILIDADE DE TODOS
O comandante da 4ª Cia também entregou a cada vereador os índices criminais que foram analisados durante a reunião. Ele lembrou que estamos longe daquela época em que o interior era pacato.
“O tempo de dormir de porta e janela abertas ficou no passado. A modernidade chegou e trouxe junto a criminalidade. Temos que nos adaptar à nova realidade, zelar pelo nosso patrimônio e segurança que é dever do Estado e responsabilidade de todos. Somos agentes políticos, trabalhamos para o cidadão, mas os bandidos estão se organizando e nós precisamos agir da mesma forma”. O capitão destacou ainda que, “deixar a bolsa no carro e a chave no contato facilita a ação do ladrão. Vamos deixar o crime acontecer para avisar a polícia? A denúncia anônima do cidadão é um instrumento que resulta em apreensões e prisões”.
O sargento Eder reforçou a colocação do capitão dizendo que, “a resposta tem sido dada só que a PM não tem uma bola de cristal e se tivesse, com certeza, estaríamos ali para evitar o crime. Trabalhamos com estatísticas, informações, colaboração da população e denúncias”.
Na reunião também foi entregue aos vereadores uma planilha com o desempenho operacional, ou seja, o que o policial tem feito quando está em serviço. “Do dia 1º de janeiro até na manhã de segunda-feira, dia 29, as três viaturas disponíveis em Colina rodaram juntas 80.029 km dentro da cidade”, relatou o sargento Éder.
Na semana passada a PM também oficiou os gerentes de todas as agências bancárias da cidade que reforcem a segurança e adotem medidas para tentar evitar os ataques aos caixas eletrônicos. “Existe lei para que os bancos façam isso colocando grades, dispersor de fumaça e diminuam a quantidade de dinheiro nos caixas eletrônicos. Essas são medidas para deixar os bancos menos atrativos para os bandidos”, comentou o capitão.
Neste primeiro momento a reunião foi apenas entre os representantes da PM e os vereadores, os comerciantes não foram convidados. Não basta apenas cobrar nos momentos de crise e se acomodar quando a situação normaliza. A segurança pública precisa ser encarada como prioridade constante para não dar trégua aos bandidos que estão cada vez mais organizados. A solução não é apontar culpados, mas nos unirmos e arregaçar as mangas para tornar nossa cidade menos violenta.
Sargento Éder, comandante da PM local e o capitão Hannickel durante reunião na Câmara Municipal.
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