Cemitério abriga personalidades que fizeram parte da história de Colina
Jazigo construído em 1912, na entrada do cemitério, abriga os restos mortais de José Venâncio Dias e sua esposa Maria Nogueira Dias.
A única certeza da vida é a morte, não importa a forma, cedo ou tarde ela chega para todo mundo. Grande parte das pessoas vive aqui como se fosse eterna, mas na verdade não passamos de um grão de areia na imensidão do universo.
No feriado de Finados as visitas ao cemitério estimulam a reflexão sobre vida e morte. Com o viver diário acabamos esquecendo o que devemos levar para a vida toda, a nossa existência terrena é apenas um sopro e em questão de segundos podemos não estar mais aqui.
O cemitério será o local mais visitado da cidade nos próximos dias. O feriado, que cai na segunda-feira, vai prolongar o final de semana e deve aumentar ainda mais a quantidade de público que virá de toda parte prestar sua homenagem aos mortos.
Pensando nisso e dando um enfoque diferente à matéria deste ano, estivemos no cemitério e acompanhados pelo administrador, Eugênio José Borges Donini, visitamos diversas sepulturas onde estão enterrados colinenses valorosos, que deram sua contribuição para o progresso da cidade.
Como não dá para retratar a história de todos, escolhemos alguns políticos, personagens que dão nome à ruas e avenidas, presidentes e diretores de entidades e até morador que foi defender a pátria no exterior e acabou morto na guerra.
HOMENAGENS PÓSTUMAS
No cemitério descansa em paz José Calazans de Moraes que além de delegado em 1926, ano da emancipação política de Colina, foi vereador de 1934 e 1947; também esteve à frente do Executivo nos anos de 1932/33 e 1936/38. Ele morreu em 1972, às vésperas de completar 82 anos. Todas estas informações estão na placa do túmulo que a família fez questão de deixar registrada pela eternidade.
Os saudosos Heitor Bombig Filho e Schmidt Ivamoto que por quase toda a vida estiveram à frente da maioria das entidades colinenses. Membros atuantes da sociedade, eles fizeram muito pelo Rotary, Loja Maçônica, Colina Atlético, Apae e tantas outras pelas quais se dedicaram e que tinham verdadeira paixão.
O médico veterinário José Felipe de Souza Leão, chefe da Fazenda do Governo, que há quase 21 anos não está mais entre nós. Ele também foi presidente do Clube do Cavalo e comandou a Festa do Cavalo, o que nos remete a Mário Ângelo Paro Filho “Mazô”, que ao lado do amigo José Frederico Dezolt “Fred” organizaram por tantas vezes a Festa do Cavalo e os festejos de aniversário da cidade. Quem não se lembra de José Carlos Torneli, proprietário do Cartório de Registro Civil que faleceu em 2012?
O expedicionário Roberto Marcondes foi um dos 467 brasileiros mortos em solo italiano durante a 2ª Guerra Mundial. Seu corpo foi sepultado no Cemitério Militar Brasileiro em Pistóia, na Itália e depois trazido para Colina. Pelos seus feitos heróicos uma das nossas mais tradicionais avenidas tem seu nome. Ele também figura entre os ex-combatentes colinenses Ângelo Zardini, Felippe Sanches, Jairo Junqueira Franco homenageados em obelisco. Os restos mortais do aspirante a oficial Francisco Inácio Rodrigues Petrusanis, que morreu na flor da juventude, com 20 anos, repousa ao lado dos pais Bolis/Aracinda, que muito fizeram pela cultura colinense. O jovem, que estudava na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende-RJ, perdeu a vida em acidente rodoviário no ano de 1973.
Os fundadores que desbravaram a terra para formar o povoado que deu origem a Colina, que ainda não existia quando José Venâncio Dias chegou por aqui. O fundador da cidade era muito querido, tanto que em seu funeral, em 1925, compareceram 655 pessoas, a população exata da cidade. Em homenagem a sua memória, a comunidade da época conseguiu dar seu nome ao grupo escolar. Uma de suas três filhas, Mariana, era casada com o dr. Lamounier de Andrade, doador das terras para a construção do ginásio que tem seu nome. Também como não lembrar de Antônio Paulo de Miranda, pessoa de moral ilibada e que muito fez pelo município como vereador, cargo que ocupou de 1969 a 1982. O amor à profissão foi um dos maiores exemplos do médico Manoel Palomino Fernandes, conhecido como Dr. Palomino. A gratidão e o amor da população eram tão grandes por ele que no seu aniversário de 60 anos ganhou um carro de presente dos colinenses.
O farmacêutico Fioravante Caldana, que passou a vida cuidando da saúde do povo à frente da Pharmácia Santa Izabel, faleceu em 2006 aos 91 anos. Entre as personalidades sepultadas também encontra-se Ignácia Junqueira de Toledo, que pela influência e prestígio deu nome à praça central.
A história de Colina repousa junto aos desbravadores que aqui chegaram e iniciaram o trabalho de construção da cidade, que progrediu mais rapidamente com a chegada da estrada de ferro que muitas recordações e saudades trazem até hoje.
A visita ao cemitério pode ser diferente este ano se estivermos dispostos a recordar o passado e valorizar quem não está entre nós e tanto fez pela cidade. Pena que em muitos túmulos não dá para saber quem está sepultado pela falta da placa ou foto, que foram furtadas na época que o material usado interessava aos ladrões e que até hoje não foram recolocadas. Mas, de qualquer maneira, dedicar um pequeno tempo deste final de semana prolongado para relembrar e reverenciar estas pessoas, que muito fizeram por nossa Colina, vale a pena.
Homens e mulheres de fibra e muita determinação que não se esmoreceram diante das dificuldades impostas pelas precárias condições. Sobreviveram e acreditaram nesta abençoada terra, onde hoje repousam pela eternidade.
O horário de funcionamento do cemitério será das 7 às 17h no sábado, domingo e segunda-feira.
Antônio Junqueira Franco, primeiro prefeito de Colina e Ignácia Junqueira de Toledo, grandes personalidades da história de Colina, estão sepultados no cemitério.
Lápide que enfeita o jazigo da família Petrusanis com foto do aspirante a oficial que morreu em acidente entre Colina e Resende-RJ, onde cursava a Academia das Agulhas Negras.
Capela do cemitério onde acontece a missa em intenção aos mortos, às 7h30 do dia 2.
Combatente Roberto Marcondes morto na Itália, no final da 2ª Guerra Mundial.
O cemitério espera receber no feriado e final de semana prolongado milhares de visitantes.
Jazigo da Família Armando Paro, onde está sepultado José Felipe de Souza Leão.
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