Valores Culturais
Aproveitando o gancho do artigo veiculado na edição da última semana, neste jornal, onde um munícipe levanta a questão de que Colina está perdendo sua identidade como “Capital Nacional do Cavalo”, venho relatar algo preocupante.
Durante um trabalho aplicado em uma escola do município, com alunos da 8ª série, foi feita a seguinte pergunta: “Por que Colina é conhecida como Capital Nacional do Cavalo?”. De imediato ninguém respondeu até que um aluno disse, de forma convicta, que a cidade tem esse título graças a Festa do Cavalo.
Como podemos explicar este fato, que um adolescente nascido e criado aqui, com idade entre 14 e 16 anos, ainda não conhece suas raízes e pior, que obteve a informação dos pais que, ironicamente, nasceram em Colina.
Usando a festa como suporte, pergunto: Quais os valores oferecidos a nossos adolescentes em questão de identidade cultural? Onde estão aqueles stands de selaria, produtos relacionados a cavalos, vestimenta, onde o cavalo era a atração principal? Sem contar a exposição de diversas raças equestres, que ficavam nos pavilhões, enquanto pais e avós desfilavam com seus filhos e netos apreciando tudo aquilo.
Lembro-me, quando criança e vinha passar férias em Colina, que a festa enchia meus olhos. Minha bagagem cultural ficava repleta de informações e não via a hora de retornar a São Paulo para compartilhar com meus amigos já que lá não tínhamos contato com essa realidade. Aqui, na Capital Nacional do Cavalo, onde crianças e adolescentes têm o privilégio de vivenciar toda essa cultura, não existe estímulo algum para buscar tais conhecimentos.
O que muito me entristece nos dias de hoje é ver a mesma festa, que me agregava valores culturais, agora só oferece valores do tipo: qual o preço de determinado show? Em qual barraca a batida é mais barata? Será essa a cultura que vai crescer com nossos filhos ou será que podemos mudar essa situação? Ser ou não ser, eis a questão...
Rogério Araújo – Professor/Artista Plástico
Postado em 10/03/2012
Por: A Redação