Interminável dezembro...
Estou, oficialmente, pedindo arrego. Tô precisando ver no relógio o fim do expediente. E ficar alheia, indisponível, ausente. Tô precisando do barulho fechando o zíper a mala. E de sala de embarque, conexão, escala. Tô precisando do peso da pálpebra fechando o olho, e ficar de boa, de cama, de molho. Tô precisando de cheiro de filtro solar, ir pro sol, pro frio, pro bar, prá balada, pra onde for. Tô precisando do som das tardes vazias, de olhares perdidos no vazio. E olhar pro céu, pras noites, pros dias. Tô precisando de brigadeiro, tapioca, arroz doce, quindim. Tô precisando de bobagens e baixa frequência. E me permitir deslizes, indisciplinas, imprudências. Tô precisando abraçar gente amiga, amada, perdida no vazio dos anos que se passaram. Tô precisando de outros cenários, e mudar de roupa, de eixo, de itinerário. Tô precisando de alguma calma, e lavar o carro, o rosto, a alma. Tô precisando (logo) do fim do mês e me desligar de tudo, de novo, de vez. Tô precisando da noite de 31. E encher a taça, o centro do prato, a paciência dos outros. Tô precisando de um ano novo, e contar uma nova história.
Por Maria Amélia Bellodi
(Jornal O COMBATE)
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