A transexual Andreia Ferrarezi, 68 anos, é a mais velha do Brasil a passar por uma cirurgia de “troca de sexo”. Acompanhada no primeiro ambulatório especializado em atendimento a transexuais e travestis pelo SUS (Sistema Único de Saúde), unidade da Secretaria de Estado da Saúde na capital paulista, ela foi operada no último dia 27 de fevereiro no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Esta foi a primeira paciente do Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, inaugurado em 2009 pela Secretaria, a passar por cirurgia de redesignação sexual.
De alta complexidade e com duração de quatro horas, a operação constrói a vagina a partir de tecido preservado do pênis.
“A cirurgia foi bem sucedida e com um pós-operatório sem intercorrências”, afirma o médico urologista e chefe do setor de Identidade de Gênero - Transexualismo do HC, Francisco Tibor Dénes. O especialista ainda explica que houve a necessidade de realizar um tratamento de profilaxia (preventivo) para evitar ocorrência de trombose na paciente.
Com diagnóstico de transexualidade desde 1974, Andreia começou a frequentar o ambulatório estadual em junho de 2009. Para realizar a cirurgia, ela precisou passar por acompanhamento multiprofissional – psiquiatria, endocrinologia, clínica geral e realizações de sessões de psicoterapia individual e em grupo.
“Foi uma importante conquista para a paciente e para todos os profissionais de saúde que trabalham pelo respeito à diversidade”, diz a diretora do Programa Estadual de DST/Aids, Maria Clara Gianna.
Atualmente, o Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e Transexuais conta com mais de 800 usuários cadastrados, dos quais 70% são transexuais.
No serviço são realizados, em média, 300 consultas mensais nas áreas de cardiologia, oftalmologia, endocrinologia, urologia, proctologia, ginecologia, fonoaudiologia, otorrinolaringologia, psicologia, psiquiatria e clínica médica. Além disso, oferece também controle de vacinação, orientação relacionada à saúde e assessoria jurídica para mudança de nome.
Segundo Maria Clara, a orientação sexual (para quem se dirige o desejo) e a identidade de gênero (como a pessoa se reconhece no meio social) são fatores determinantes para a saúde, não apenas por implicarem práticas sexuais e sociais específicas, mas também porque podem significar o enfrentamento cotidiano de preconceitos e violações dos direitos humanos.
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