O promotor de justiça, Cleber Pereira Defina, enviou à Câmara Municipal na última sexta-feira, dia 30, cópia de um “termo de declaração” de Maria Luiza Ferreira Dias, relatando que a vereadora Noeli Bueno de Souza (DEM) teria oferecido “favores” para que ela e seu filho mentissem em juízo. 

Segundo o promotor, este procedimento é incompatível com o decoro parlamentar e atentatório a dignidade da Justiça. Para tanto, Dr. Cleber pede que sejam tomadas as medidas políticas e jurídicas cabíveis, conforme à Lei Orgânica do Município em seu artigo 35, que prevê perda de mandato do vereador. 

A vereadora Noeli é mãe de Tullyo Bueno Ramos Rocha que é acusado, juntamente com Paulo César Trovati, de crime de estupro, seguido de morte, da jovem jaborandiense Solange Aparecida da Silva, em dezembro de 2011. 

A denunciante, Maria Luiza, é mãe de Leandro Ricardo Ferreira Dias, também acusado do mesmo crime. Os três acusados estão presos, preventivamente, na Penitenciária de Serra Azul, por força da decisão judicial que tramita na Vara Criminal de Colina. 

O primeiro termo de declaração ocorreu no dia 9 de março. Maria Luiza contou ao Promotor que “no dia 8 de março, ao visitar seu filho na Cadeia de Severínia, assim que entrou Noeli começou a constrangê-los a mudar o depoimento”. Segundo Maria, Noeli fez a seguinte afirmativa, “se você mudar o seu depoimento eu lhe contrato um advogado, se não mudar vai mofar na cadeia e meu filho vai sair rápido”. Disse também que, “forneceria tudo que a declarante necessitasse”. 

MAIS DECLARAÇÕES

O Promotor forneceu à reportagem cópias das declarações e do ofício enviado à Câmara no dia 30 de março. Na última segunda-feira, dia 2, a mãe de Leandro esteve novamente no Ministério Público para fazer novas declarações. 

Ela relatou ao Promotor que no domingo, dia 1º de abril, foi visitar o filho na Penitenciária de Serra Azul e constatou que o mesmo estava muito nervoso e agitado. Ela contou que os três acusados estão dividindo a mesma cela. Leandro teria dito que iria mudar o seu depoimento, inocentando os dois acusados. Ela retrucou dizendo que não concordava, pois o filho já havia contado toda a verdade à mãe. 

Naquele momento, na mesma cela, separados apenas por um lençol, Tullyo recebia a visita da mãe e Paulo César a visita da esposa. Maria Luiza relatou que por estarem na mesma cela seu filho estaria recebendo forte pressão e ameaça dos dois acusados. Ameaças que já foram comprovadas anteriormente pela polícia durante as investigações, após a morte da jovem. 

Este termo de declaração também seria remetido à Câmara. O vereador e presidente do Legislativo, Salomão Jorge Cury Filho “Mãozinho”, disse que encaminhou os documentos ao Departamento Jurídico para análise. “O Jurídico está analisando criteriosamente e em breve tomaremos uma decisão sobre o caminho a ser seguido”, disse ele. 

O OUTRO LADO 

A reportagem tentou por diversas vezes contato com a vereadora, que não retornou as ligações para comentar as acusações. 

MUDANÇA 

A pedido do Promotor, o delegado barretense Celso Spadácio, que conduziu as investigações, entrou em contato com o diretor da Penitenciária de Serra Azul que na terça-feira, dia 3, tomou as providências solicitadas. Leandro foi transferido de cela e, a partir de agora, não terá mais nenhum contato com os outros dois acusados, inclusive nas saídas para o pátio. 

 

Promotor Cleber Defina pede providências à Câmara sobre suposta falta de decoro.

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