Peça teatral de colinense é premiada em festival mineiro
Abuso e violência infantil são retratados por bonecos
Os artistas Vagner e Adriano durante apresentação da premiada peça “Clara, Clarisse, Olhos de Botão”.
Imagine uma peça que praticamente não tem diálogo, apenas ações de bonecos comandados por trilha sonora, recebeu o prêmio especial do júri na categoria livre, da qual competiram seis grupos. Imaginou? Essa façanha foi conquistada pela peça “Clara, Clarisse, Olhos de Botão”, escrita pelo colinense Vagner Cotrim e adaptada para o teatro de animação (bonecos) em parceria com Geraldo Oliveira (Barretos). A apresentação é encenada pelos atores Vagner e Adriano Correia (Monte Alto).
O espetáculo participou de 15 a 23 de julho do XVII FACE – Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete-MG, um dos concursos mais expressivos e que recebe artistas de todo Brasil. Como prêmio os atores ganharam troféu e certificado de participação.
A peça foi selecionada após avaliação de três jurados específicos, de cada uma das diversas categorias do festival que teve mais de 50 apresentações. Antes de anunciar o prêmio os jurados deram o seguinte parecer sobre o espetáculo: “com pesquisas de adereços cênicos, estética visual e rica produção dos bonecos, obtém-se uma dramaturgia a partir das vivências em territórios de vulnerabilidade”.
ESPETÁCULO SURGIU DA NECESSIDADE DE DISCUTIR O TEMA
A protagonista da história é uma menina que diariamente sofre abusos sexuais e psicológicos do padrasto. A peça retrata o cotidiano e o trajeto que Clarisse e o amigo Dado, criado pela avó da personagem, fazem de casa à escola. A montagem teatral, dividida em duas fases, discute o contato das crianças com a violência, as drogas e as consequências que isso traz na vida adulta dos bonecos. A peça tem duração de 40 minutos e classificação indicativa para 12 anos, mas pode ser apresentada em outro formato para crianças menores.
O ator Vagner Cotrim disse que escolheu este tema após oficina de teatro de bonecos ministrada na Diretoria de Ensino em que os professores relataram a necessidade de discutir o tema. “Em parceria com o CREAS/Barretos eu e o Geraldo começamos as pesquisas sobre o assunto até a estreia da peça que aconteceu há 4 anos. Ela já foi apresentada em toda rede escolar de Barretos, Tupã-SP e pela primeira vez participa de um festival”, informou o ator que relatou que, “o CREAS de Barretos é grande parceiro e sempre solicita trabalhos na área de vulnerabilidade por entender que a arte é fundamental instrumento de educação, principalmente com crianças e adolescentes em situação de risco”.
PEÇA CONTRIBUIU NA IDENTIFICAÇÃO DE AGRESSOR
A função da peça é estreitar os laços e parcerias entre escola, CREAS, CRAS e Conselho Tutelar. “Sugerimos que após a peça os educadores apliquem redação e desenhos sobre o tema em sala de aula que serão entregues aos profissionais do CREAS para avaliação. No ano passado, em Tupã, foi possível identificar através de uma redação um agressor e providenciar o atendimento às crianças que estavam sofrendo abuso”, destacou Cotrim. Ele acrescentou, “os números de violência e assédio infantil são alarmantes. É preciso atentar-se aos sinais, estA é a mensagem que o espetáculo traz. Plantamos uma sementinha quando nos propusermos a falar sobre o assunto. É indigesto, porém necessário”.
“Sabemos das dificuldades de fazer arte no interior, da falta de oportunidades que obriga muitos artistas a irem embora já que muitas cidades não têm condições de apoiar e absorver a arte, por despreparo ou até mesmo por ter outras prioridades. Contudo, felizmente, algumas empresas já enxergaram o potencial do teatro e utilizam a arte na formação e disseminação dos conteúdos para seus funcionários”, destacou Cotrim.
Este não é o primeiro prêmio do grupo, que já foi premiado no Festival de Teatro de Taquaritinga com “Uma Aventura no Circo” e no Festival Nacional de Teatro de Araguari-MG com “Chave & Fechadura”. Os artistas também foram homenageados na Câmara de Monte Alto pela apresentação da peça “Sintomas”. O grupo fará a reinauguração do Museu do Dinossauro em Monte Alto no mês de setembro.
Vagner, formado em Artes Cênicas, também é técnico de eventos e hoje atua como microempreendedor individual na área e na produção teatral. O contato pode ser feito na página “Clara, Clarisse, Olhos de Botão” no facebook.
Com tema atual, encenado por bonecos, atores recebem indicação para melhor maquiagem e premio especial do júri, categoria livre, no Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete pelo espetáculo “Clara, Clarisse, Olhos de Botão”.
O ator colinense Vagner Cotrim.
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