Criança com Síndrome de Down é contratada por agência de Ribeirão

Rafaela se descontrai quando o assunto é foto.

Os dons são uma habilidade natural que se aperfeiçoados e estimulados se tornam a marca registrada de alguém. O da pequena Rafaela Fertonani Chiarelli é fácil de ser descoberto, ela nasceu para ser fotografada. Quando os olhinhos focam na lente da máquina algo mágico acontece. Não é preciso falar e nem fazer nada, a menina de apenas 2 aninhos muda de pose a cada clique.

Nunca foi tão fácil para a reportagem fotografar alguém de tão pouca idade e que nasceu com a trissomia 21, a chamada síndrome de Down, uma condição cromossômica causada por um cromossomo extra no par 21. Normalmente, os humanos apresentam em suas células 46 cromossomos, que vem em 23 pares. Crianças portadoras da síndrome de Down têm 47 cromossomos, pois têm três cópias do cromossomo 21, ao invés de duas. O que esta cópia extra de cromossomo provocará no organismo varia de acordo com a extensão dessa cópia, da genética familiar da criança, além de fatores ambientais e outras probabilidades.

O talento natural da menina parece ter sido revelado nas fotos que os pais Júlio e Meire postaram na página “cromossomo do amor” que criaram no facebook, tanto que cinco agências dos estados de São Paulo, Paraná e até do Rio Grande do Sul interessaram-se pela criança e fizeram contato com o casal que assinou contrato com Márcia Figueiredo, agência de Ribeirão Preto, no início deste mês.

 “A foto dela, feita no estúdio que acompanha o seu desenvolvimento desde o nascimento, teve incontáveis visualizações nas redes sociais e várias agências compartilharam as postagens. Algumas delas nos procuraram, inclusive de Curitiba e Porto Alegre, sendo que esta última interessada para um comercial de uma marca famosa”, revelou o casal que preferiu Ribeirão pela proximidade. “A agência Márcia Figueiredo disse que a nossa filha é muito fotogênica e tem o perfil que procuravam. Depois de alguns testes ela foi aprovada e então fez uma sessão de fotos para a montagem do book. Agora a nossa Rafa faz parte do ‘casting’ da agência de Ribeirão Preto e aguarda para estrelar em campanhas publicitárias, desfiles e até comerciais”, ressalta feliz o casal Chiarelli.

Os pais ainda contaram que o contrato não é de exclusividade e que eles têm autonomia para aceitar ou não as propostas. “O cachê não é fixo e varia dependendo do cliente e do trabalho. A margem da agência é de cerca de 30%. Estamos ansiosos pelo primeiro trabalho. Imagina só se a Rafa protagonizar um comercial de TV, vai ser demais!”, declarou a mãe que juntamente com o pai acompanharam a sessão de fotos no último dia 5.

DIAGNÓSTICO ACONTECEU NA MATERNIDADE

Rafaela é a primeira filha do casal que está junto há 9 anos e descobriu que a menina era portadora da Síndrome de Down após o nascimento. “Nos primeiros meses de gestação fiz dois exames chamados de translucência nucal para detectar o risco de Síndrome de Down e outras anomalias cromossômicas que deram negativos. Então quando a pediatra deu a notícia na maternidade, um dia depois dela nascer, foi um susto. A Rafa mama desde que nasceu e isso é muito raro devido a dificuldade que as crianças com Down têm de sugar”, acrescentou Meire que salientou, “a médica me deu a notícia da pior maneira e me apavorei porque era uma situação nova. Fiquei sofrendo por um mês imaginando os problemas de saúde que ela poderia ter e o medo do preconceito”.

Tanto o pai quanto a mãe não tinham nenhum caso da síndrome na família e Meire teve a filha com 30 anos, então a causa não poderia estar relacionada à idade. A probabilidade de ter um bebê com alterações cromossômicas aumenta acima dos 35 anos. “No 3º dia de vida a Rafa foi submetida a uma série de exames e todos deram negativo, o único positivo foi o que confirmou o cromossomo extra. Com 18 dias de vida começou o acompanhamento com o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto que no teste do pezinho detectou uma alteração na tireoide. Após um ano ela recebeu alta do tratamento”.

ROTINA DE GENTE GRANDE

Com um mês e meio a menina começou a ser estimulada nas sessões de fonoaudiologia na Apae colinense, que cedeu a vaga para os pais. No mesmo tempo tiveram início as sessões de fisioterapia, terapia ocupacional e musicoterapia. A natação começou aos seis meses e a equoterapia quando completou um ano. A família também mudou de pediatra e hoje a garotinha é acompanhada por uma médica, de Barretos, que também tem uma filha com Síndrome de Down.

“Além dos gastos e das viagens a Barretos para os tratamentos com alguns dos profissionais, percebemos que eram muitas atividades e depois de algum tempo deixamos a natação de lado. Hoje a Rafa divide o tempo na escola, onde cursa o maternal e com as várias atividades que ocupam quase todo seu tempo. Em casa, nas horas livres, ela é estimulada bastante, todo mundo ajuda e tudo é feito com a orientação dos profissionais que a acompanham desde bebê. O trabalho é conjunto e os resultados não poderiam ser melhores”, destacaram os pais. 

O casal disse que a filha é muito saudável, fala bastante, come sozinha, sabe até mexer no celular e agora está começando a dar os primeiros passos. “A hipotonia nas pernas atrasou um pouquinho o processo de andar e com alimentação também precisamos tomar alguns cuidados”.

AMIZADE E ETERNA GRATIDÃO

A família buscou informações por todos os lados, mas a ajuda mais preciosa chegou sem esperar. “Estava em casa e a Cristiane Piai me procurou dizendo se poderia me fazer uma visita. Ela me contou sua experiência com o filho Renê, que é portador da Síndrome de Down e hoje já é um adulto. Ela me explicou a importância dos estímulos e me incentivou de todas as maneiras. Foi através dela que conheci ‘Nossas Estrelas de Barretos’, um grupo de portadores de Down que periodicamente frequentamos juntas com nossos filhos. Sou infinitamente grata por tudo que ela fez e faz pela gente”. A mãe, que era diarista, parou de trabalhar para se dedicar a filha e começou a fazer bolos para ajudar o marido que é almoxarife.

CROMOSSOMO DO AMOR

Os pais contaram que criaram a página no facebook não só para as postagens, mas também para incentivar outros pais que também tem filhos com Down. “Ficamos muito felizes com os progressos dela que é muito atenta e aprende tudo rápido. Ela vai com a gente em todos os lugares e não deixamos de repreendê-la quando necessário”.

O pai da menina escreveu uma música durante sua gestação e um amigo colocou a melodia na letra. “Fui escrevendo aos poucos e quando ela nasceu acrescentei o final, que fala sobre o cromossomo do amor que tanto amamos”. A garotinha é uma bênção na vida da família que faz tudo para que a Rafaela cresça saudável e muito feliz porque, na verdade, é só isso que importa.

Rafaela durante sessão de fotos na agência em Ribeirão Preto.

Ver a filha saudável e feliz é tudo que importa para os pais Meire e Júlio.


Postado em 23/09/2017
Por: A Redação
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