TRAGÉDIA

Família doa órgãos de ciclista que morreu em acidente

Pai reclama da demora no socorro, atendimento e da velocidade da moto

A família de Guilherme Henrique Lúcio (foto) está dilacerada com a morte do estudante, de apenas 15 anos, que na noite do último dia 11 envolveu-se em acidente na Rua 7 de Setembro. Ele conduzia a bicicleta na contramão e foi atingido em cheio por uma moto.

Em meio a tanto sofrimento o pai Osmanir e a ex-mulher Rosana decidiram pela doação de todos os órgãos do filho. Uma equipe de captação de Ribeirão Preto passou a madrugada de terça-feira na Santa Casa de Barretos, onde Guilherme estava internado na UTI desde o acidente, coletando as córneas, coração, rins e fígado que foram transplantados em outras pessoas. O trabalho terminou na manhã de quarta-feira quando o corpo de Guilherme foi liberado à família para o velório e sepultamento, que aconteceram no mesmo dia e foram acompanhados por centenas de pessoas. Nesses casos mesmo com a morte o corpo é mantido ligado aos aparelhos para a conservação dos órgãos, que após a retirada precisam ser transplantados o mais rápido possível.

“Ele estava na flor da idade e os órgãos dele vão salvar outras vidas”, disse o pai à reportagem. Ele também fez um desabafo sobre as causas do acidente e o atendimento realizado antes da transferência a Barretos.

DEMORA NO SOCORRO E ATENDIMENTO

Osmanir contou que desde o dia do acidente o filho não acordou e que na terça-feira ficou sabendo da morte encefálica. “Após os procedimentos de reflexo a equipe médica constatou a morte cerebral. Está difícil de acreditar que isso aconteceu, que perdemos o Guilherme”.  Ele relatou também que, “o socorro no local do acidente demorou e quando o Guilherme finalmente chegou ao Pronto Socorro tudo piorou. A equipe não conseguia fazer os procedimentos para estabilizá-lo, sendo preciso chamar o médico Mohamed Taha a quem serei eternamente grato”. Ressaltou, “o médico reclamou da falta de material essencial para os procedimentos e com a demora meu filho acabou tendo uma parada cardíaca. A equipe não conseguia estancar a hemorragia e foi somente após a chegada do médico que a transferência pode ser realizada”. Ele também disse que a PM compareceu no Pronto Socorro e não no local do acidente. “A perícia devia ter sido acionada para constatar em que velocidade a moto estava”.

O estudante bateu com um dos lados do rosto no chão. A forte pancada inchou o cérebro, que precisou ser submetido a uma cirurgia para descompressão realizada na chegada ao hospital em Barretos.

MOTOCICLISTA ESTAVA CORRENDO

“Testemunhas, que presenciaram o acidente, afirmam que condutor da moto estava correndo. O Guilherme desviou de uma caçamba e de um carro que estava saindo do estacionamento do mercado e deu de cara com o veículo. Ele tentou se esquivar, mas não conseguiu por causa da velocidade da moto. Com o impacto ele deu duas voltas no ar e caiu de cara no asfalto. A roda traseira da bicicleta foi arrancada e o quadro entortou”, relatou Osmanir que sabe que o filho estava na contramão.  “Sempre o alertava para não andar na contramão, mas se a velocidade da moto fosse menor o estrago não teria sido tão grande”.

Ele contou que o filho adorava fazer trilha com os amigos. “Eu tinha comprado uma bicicleta apropriada para ele praticar o esporte. Tinha também paixão por cavalos. Há muito tempo era aluno do Projeto Equitação Educativa e já estava saltando mais de um metro. Lá em casa tem muitas medalhas e troféus que ele conquistou nas competições que participou. Vamos sentir muita falta do jeito doce e amoroso que ele tinha”. Guilherme morava com o pai no bairro Cohab 2 e cursava o 1º ano do Ensino Médio na Escola Darcy.


Postado em 26/05/2018
Por: A Redação
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