A “O COLLINENSE”
CAPA – “O COLINENSE” – 100 ANOS
A importância de um jornal
Veja artigo de Nicolau de Lima Scarmato, publicado na edição nº 460, de 19 de agosto de 1928, sobre a importância de um jornal para a sua comunidade. O exemplar, que tem 90 anos, é o mais antigo, até o momento, encontrado pela reportagem. Brasilino Custódio da Silva era o editor do Jornal “O COLLINENSE” à época que também tinha como diretor Adão Corrêa Melges.
Era Colina ainda uma creança embalada suavemente numa brisa de amor e receio...
Dominava-a mão férrea, pesada, cruel e injusta: mão leviana a entravar-lhe o progresso.
Resignada, Collina, porém, tudo sofria em silencio: suas ruas em abandono transformavam-se em magnífica pastagem, sobre as quaes vcejavam lugubremente bandos sinistros de corvos.
Ella dormia... mas um dia despertára de seu somno de paciência e tentou então quebrar as algemas que a prenderam.
Era, entretanto, necessaria a chave, já que impossível se tornava quebral-as: faltava o iman attrahir os combatentes ao mesmo campo de luta.
Elles lutavam, lutavam heroicamente, mas dispersos.
E o povo anseiou. Anseiou por um jornal que se dedicasse, devotadamente, á santa causa!
Foi então que surgiste, ó “Collinense”! Surgiste, como a lua, por entre densas nuvens de discordia. Surgiste, como o sól, de onde se irradiaram novas luzes.
Foi por teu intermedio que a fama de Collina começou a transpor os seus limites e a nossa aspiração se foi revelando.
Só então é que Barretos começou a temer-nos e esse temor veio aggravar mais o destino desta terra, porque como um leão que esteja prestes a rebentar as algemas e se torna necessario reforçal-as – assim tambem Barretos reforçou o seu poder.
Reforço inutil: a despeito de tudo, Collina libertou-se.
E tu, “Collinense” podes orgulhar-te de ter contribuido com todas as tuas forças para essa victoria!
Sim, porque foste o iman que attrahiu todos os combatentes sob a mesma bandeira.
O “Collinense”, se és pequeno em formato, todavia és grande na orientação!
Leitor, se és amigo desta terra, o dia de hoje deve ser-te grato, qual seja o do anniversario deste jornal.
Nove annos de luta, de luta heroica e sublime, contra os entraves do progresso.
Nove anos, e nesse espaço de tempo quantos e quantos jornaes não se fundaram neste imenso Brasil!
E á maioria deles que é que aconteceu?
Jaz no esquecimento; desapareceu como a fumaça no ar...
E tudo isso, porque?
Porque a existência de um jornal depende do povo. Se o agrada viverá longamente; ao contrario, terá vida efêmera, a mesma sorte dessa fumaça.
Mas, para que o jornal agrade ao povo, é preciso boa orientação, pois, que adianta a machina ser forte e veloz, se não a sabem dirigir? Contra factos não ha argumentos: a machina atirar-se-á de encontro a algum precipicio, onde desapparecerá. Portanto, para a vida de um jornal é preciso a graça do povo e para isso é necessaria boa orientação.
Neste caso está o nosso denodado “Collinense”: vencendo todos os obstaculos, eil-o a attingir quasi dois belos lustros.
Não foi pequena a luta; ao contrário, ella foi ardua, penosa e sublime.
“Collinense”, não olhes para atraz, que, embora, seja grande a distancia que percorreste, nada é em comparação com a que te resta trilhar.
Sim, “Collinense”, ante teus olhos se abre um largo e florido horizonte: não deves, não podes morrer. Collina precisa de ti, estás gravado fortemente em noss’alma, és o guia de nossos bravos combatentes, és a estrela luminosa desta terra.
Embora aqui se funde, algum dia, um novo jornal, de maior formato, mais noticioso, mais rico, não terá a mesma sympathia que tens: nasceste para o povo de Collina, combateste por ele; és dele, só dele!
Continua, pois ó “Collinense”, firme, honesto e altivo, como és, e nós estaremos sempre a teu lado.
Não desfalleças! Avante pois!
Nicolau de Lima Scarmato
Publicado em “O COLLINENSE” de 19/08/1928
Reprodução da Capa da Edição de 19/08/1928.
Equipe d’O COLINENSE no estande do jornal na Feira do Livro onde o público soube mais sobre o processo de impressão e teve acesso a exemplares que marcaram a trajetória deste hebdomadário que está prestes a completar 100 anos de existência, sendo 29 deles sob a direção do proprietário e jornalista Beto Felici. Muitas pessoas passaram por lá, dentre elas os escritores participantes da feira como Julinho Sertão, secretária Bete, prefeito Dieb, ex-prefeito Mário Pinto Neto, padre Santana e público em geral. Foi maravilhoso reviver histórias e reencontrar amigos neste evento que teve como estrela o livro.
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