Aumenta o número de colinenses vítimas do “falso empréstimo” e “bilhete premiado”
“Não existe fazer depósito para pegar dinheiro emprestado: desconfiança é a melhor forma de prevenção”, alerta delegada
CAPA - A delegada Denise Polizelli (foto) concedeu entrevista à reportagem alertando a população para os golpes do “bilhete premiado” e “falso empréstimo” que têm feito várias vítimas em Colina. “Desconfiar é a melhor precaução”, diz a delegada.
Apesar da tecnologia, que permite acesso ilimitado à informação a qualquer horário do dia, muitas pessoas ainda se tornam vítimas de golpes conhecidos, que sempre existiram. A ingenuidade e até o pensamento de estar levando vantagem estimulam que o estelionato nunca acabe.
A delegada Denise Vichiato Polizelli dá um alerta sobre os vários tipos de golpes, inclusive do “falso empréstimo” que já fez várias vítimas em Colina. Ela comenta que, conforme as pessoas tomam conhecimento e ficam mais atentas, os criminosos também alternam as modalidades e até criam novos golpes. “Nem sempre há um crescimento nesse tipo de crime, mas uma alternância. O perfil das vítimas também varia de acordo com o tipo de estelionato. Os golpes tem relação com o perfil menos desconfiado, menor instrução e até de ter como alvo pessoas mais idosas, que não desconfiam da lábia do golpista”, declara a responsável pela Polícia Civil colinense.
Muitos colinenses que caíram no golpe do “falso empréstimo” perderam dinheiro ao ser oferecido ou solicitado valores mediante depósitos antecipados. “A vítima entra em contato com uma suposta financeira, que não existe de fato, sendo que lhe é solicitado um ‘sinal’ para liberação do dinheiro. O que é feito, mas esse dinheiro nunca é depositado na conta. A vítima então faz novo contato e o golpista informa que o ‘score’ ficou baixo, que aquele depósito não foi suficiente e pede um complemento. Já tivemos casos de três e até mais depósitos que representavam valor aproximado à metade do empréstimo pretendido. Isso sequer faz sentido, financeiramente falando”,
Na grande maioria das vezes a polícia só fica sabendo destes golpes quando procurada pelas vítimas, mas muitas com vergonha não registram ocorrência. “Quase sempre não conseguimos evitar este tipo de golpe porque envolve uma postura da vítima que dá acesso para que pessoas estranhas se aproximem. Já tivemos casos de solução da autoria inclusive com ressarcimento, mas são raros. O mais importante é conscientizar a população e atuar na prevenção para evitar que esses casos aconteçam”, explicou Polizelli.
A delegada relatou que após o dinheiro ser depositado é imediatamente sacado, dificultando o ressarcimento da vítima. “Normalmente esses contas são abertas em nome de terceiros, ‘laranjas’, que não possuem qualquer relação com o ocorrido. Por exemplo, pessoas que tiveram os documentos extraviados, dificultando-se descobrir a autoria e consequentemente a recuperação do dinheiro”.
MAIS GOLPES
Ela também citou outras modalidades de golpes para que a população fique atenta. Um deles, que já fez vítimas em Colina inclusive recentemente, é do “bilhete premiado” em que os golpistas agem geralmente em duas ou mais pessoas para dar credibilidade à proposta do bilhete que é dado para a vítima verificar, porém se refere a um concurso que já venceu, ou seja, é falso. “Normalmente é dito à vítima que o premiado (golpista) não pode fazer o depósito do valor na conta por estar com restrição. Então é sugerido que o prêmio seja depositado na conta da vítima e exige uma garantia como dinheiro, joia, qualquer item de valor e de fácil transporte. Muitas vezes chegam até a acompanhar a vítima, muitas vezes idosa, até sua residência para pegar esses objetos ou valores. No momento de sacar o dinheiro do prêmio, as pessoas desaparecem e a vítima fica no prejuízo”.
Também existe o “falso depósito” em que o estelionatário entra em contato com a empresa dizendo que, por um erro, foi feito um depósito na conta e solicita a devolução do valor. A vítima, empresário ou pessoa de boa índole, não verifica que o depósito, feito por envelope que demora a ser compensado, está vazio. Só confirma que há um aviso de depósito fazendo o pagamento ao estelionatário. No dia seguinte, é descoberto o golpe sem o lastro fático do titular da conta”.
NA DÚVIDA? NÃO COMPRE
Também há a “falsa compra pela internet” em que a vítima faz pesquisa no Mercado Livre e o vendedor o direciona a fazer a transação fora do aplicativo, inclusive negociando pelo WhatsApp ou Messenger (Facebook) a pretexto de não pagar as taxas do Mercado Pago ou PayPal, que garantem o dinheiro de volta caso o produto não seja entregue. “É preciso desconfiar de preços fora dos padrões de mercado o que, possivelmente, indica um golpe. Feito o depósito o estelionatário estará com o dinheiro e não entregará a mercadoria. Não existe nenhuma forma de garantia à vítima, que não possui nenhum dado do golpista a não ser a conta”, frisou a delegada que acrescentou: “os sítios de vendas pela internet, quando intermediadores, a exemplo do Mercado Livre, possuem notas de avaliação dos vendedores. Quando falamos de lojas existem diversos certificados. Através do sítio Reclame Aqui é possível verificar a reputação da empresa. Na dúvida, não compre!”.
DESCONFIAR É A MELHOR PRECAUÇÃO
A delegada explicou que a melhor forma de se precaver é desconfiar. A pessoa tem que saber que pode ser vítima de golpe, mesmo numa cidade pequena porque o crime é uma condição inerente à sociedade. “Na dúvida, não pague, nem deposite dinheiro ou forneça informações. Ao contrário, procure a polícia ou uma pessoa de confiança. Conte a situação para que não perca dinheiro. Se você procurou uma financeira na internet, aprofunde sua pesquisa para saber se a empresa é real. Não existe fazer depósito para pegar dinheiro emprestado, muito menos depósito em conta de pessoas físicas porque essas empresas, necessariamente, devem ser pessoas jurídicas. O risco está presente em todas as atividades cotidianas, porém se tivermos mais atenção podemos diminui-lo”.
Outra dica da delegada é que as pessoas interessadas em contrair empréstimo procurem financeiras registradas no Banco Central do Brasil. É possível verificar a regularidade da instituição no site do BCB: https://www4.bcb.gov.br/fis/cosif/rest/buscar-instituicoes.asp
Muitos colinenses que caíram no golpe do falso empréstimo tiveram prejuízos.
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