Qual destino você dá para as peças de computador, pilhas, eletroeletrônicos e seus componentes que deseja descartar? Se sua resposta foi a coleta pública de lixo, o terreno baldio ou as vias públicas saiba que você está contribuindo, efetivamente, para a poluição do meio ambiente. 

Em plena realização da Rio+20, que começou ontem no Rio de Janeiro, o meio ambiente é a bola da vez, mas isso não deveria ser assim. Discutir alternativas para salvar o planeta deveria ser prioridade sempre. 

Porém, ainda a muito a ser feito. A coleta seletiva já é realidade, porém toneladas de material reciclável, que poderia ser reaproveitado, são descartadas na natureza. E o que dizer do lixo eletrônico produzido nas residências e empresas? 

Segundo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), cada consumidor brasileiro descarta meio quilo de lixo eletrônico por ano. Na China esse número cai pela metade. O Brasil é líder na geração desses resíduos entre os países emergentes. 

O recolhimento e destinação do lixo eletrônico tornaram-se um problema da sociedade moderna, que não abre mão dos avanços tecnológicos, mas precisa resolver essa questão tão nociva à natureza. 

MATERIAL NÃO DÁ LUCRO E OCUPA ESPAÇO

Colina é apenas uma amostra do que acontece em outros municípios brasileiros. A Cooperativa de Catadores de Reciclagem – CooperColina – tem dezenas de monitores, carcaça de computadores e teclado que estão ocupando espaço e que nunca foram vendidos. 

“Esse material só é aceito para venda em carga fechada, acima de 10 mil quilos. Hoje temos cerca de 600 quilos”, explicou Uéliton Silva, que é operador de máquina e responsável pela CooperColina. 

Para ele o município precisa disponibilizar um local apropriado como depósito para depois dar a destinação correta a estes resíduos. “Coletamos esse material somente de empresas ligadas à informática. Retiramos somente as peças que podem ser reaproveitadas, mas nunca tivemos lucro com isso”. Ressaltou, “já se tornou hábito da população descartar lâmpadas fluorescentes e peças de computadores em terrenos baldios. A química contida nos tubos dos monitores é altamente prejudicial ao meio ambiente, sem contar que o vidro é usado na confecção de cerol para pipas”. 

Ele também fez um apelo para que as pessoas separem o lixo orgânico do reciclável e coloquem nos locais apropriados para a coleta. “Cada bairro tem o seu ponto de coleta, que fica nas escolas, postinhos de saúde e repartições públicas municipais”. 

O dinheiro arrecado com a venda do material reciclado é revertido para custear as despesas de manutenção e o pagamento dos 9 funcionários da cooperativa. A prefeitura ajuda com o caminhão, motorista, combustível e a cesta básica entregue aos trabalhadores, que ganham o que produzem. A média salarial é de R$ 400,00/mês. Quem tiver computador descartado ou eletrônico pode entrar em conta com a cooperativa pelo fone 9181-9477. 

EXEMPLO DE CONSCIÊNCIA 

A maioria das empresas atualmente está engajada com a “causa ambiental”, porém a preocupação de muitas delas só fica no discurso. São poucas as que realmente tomam atitudes práticas para proteger o meio ambiente. 

Um exemplo de consciência é dado pelo Tome Leve  Supermercados que, desde 2009, mantém coletores de pilhas e baterias de celular em todas as lojas da rede. “Esses materiais são altamente tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente. Muitas pessoas não sabiam como descartar ou dar um destino apropriado para as pilhas e baterias de celular e por isso nos tornamos ponto de coleta”, explicou Fernando Daher, do departamento de marketing da empresa. 

Todo material recolhido é enviado a Suzaquim Indústrias Químicas Ltda., que é especializada no processamento de resíduos industriais. “Recebemos uma quantidade considerável e devido a aceitação dos clientes, a campanha tornou-se permanente. Não temos a intenção de encerrá-la porque o maior beneficiário é o meio ambiente e as futuras gerações”. 

Os coletores estão provisoriamente fora das lojas porque estão sendo adesivados com a nova arte da campanha, mas devem ser recolocados em breve. 

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA 

Despertar o lado crítico e a conscientização dos estudantes para minimizar a degradação do meio ambiente faz parte da proposta do Concurso Cultural Literário “Consciência Ecológica – dê o seu recado”, que está em sua 5ª edição. 

Toda classe estudantil do município está envolvida na elaboração de frases, desenhos, poesias e textos, categorias do concurso cultural que este ano tem o patrocínio da Ribercred. Os vencedores nas modalidades frase e desenho vão ganhar uma máquina fotográfica digital (cada) e os autores da melhor poesia e texto receberão um notebook cada. O prazo para entrega dos trabalhos se encerra no próximo dia 25. A premiação acontece no mês de agosto. 

Foi difícil, mas parece que finalmente o brasileiro incorporou uma pouco da consciência ecológica no seu dia a dia. A reciclagem, adotada há décadas na Europa, é realidade por aqui há alguns anos. 

A solução para o recolhimento e a destinação do lixo eletrônico talvez esteja mais perto do que se imagina. Em agosto entrará em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada em 2010. Quem sabe esse seja mais um caminho para a sustentabilidade e preservação ambiental. 

 

Uélinton Silva “Sassa”, da CooperColina, mostra a montanha de monitores e peças de computadores que aguarda um carregamento fechado para ser comercializada com empresa especializada. 

 

Nova arte final do Tome Leve que estará nas caixas de coleta de pilhas e baterias.  

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