Renê participa de “bodybuilder” brasileiro e dá exemplo de superação
Renê em uma das apresentações de “body builder”, que evidencia a musculatura.
Como tudo na vida não existe fórmula mágica para se chegar onde se quer. Se não houver dedicação e persistência a meta fica impossível de alcançar ainda mais quando o objetivo é na área esportiva, que envolve sacrifício e superação dos limites.
Exemplo disse é o jovem Renê Piai Torneli, 18 anos, portador de Síndrome de Down que participa de hoje até domingo, em Limeira, do 50º Campeonato Brasileiro de Fisiculturismo e Fitness IFBB Brasil. A estreia do atleta é justamente numa competição de nível nacional que reúne os melhores de todo o país.
A participação, que acontece amanhã, dia 2, é mais uma apresentação com poses e pintura para realçar e evidenciar os músculos de quem pratica essa modalidade, conhecida como “bodybuilder”, que na tradução significa fisiculturista, aquele que constrói o corpo. Para chegar até o campeonato Renê tem tido nos últimos meses uma rotina intensa de treinos e exercícios diários, combinada com alimentação natural, balanceada e suplementação.
INTERESSE DESPERTADO NA INFÂNCIA
O colinense treina duas vezes por semana na Evolution, em Barretos, um centro de treinamento do “bodybuilder” Juninho Osires, competidor respeitado no mundo inteiro, que abriu as portas para o atleta que treina gratuitamente com o professor Thiago Henrique. Renê também complementa o treinamento na academia do Grêmio Cultural, onde desde a infância acompanhava a mãe Cristiane. “O interesse do Renê pela atividade esportiva foi despertado na infância. Não tinha com quem deixá-lo e ia junto comigo ao clube. De pequeno tinha a roupa do Homem Aranha e se pendurava numa corda que tenho até hoje no fundo do quintal. Ele batia o pé na parede e voltava, o que estimulou o desenvolvimento da musculatura que foi sobressaindo. Além de gostar muito, sempre teve facilidade para o esporte”, contou a mãe que sempre incentivou e acompanhou o filho em tudo. Os dois viajam para Limeira com o treinador Thiago Henrique.
O colinense foi descoberto pelo barretense Artur Lujan, proprietário da academia Fitness Personal Center, em Barretos, que se tornou seu amigo e maior incentivador. Foi dele que surgiu o convite para participar do campeonato. “Conhecemos o Artur em 2017 e o amor dele pelo Renê foi imediato, tanto que ele está abrindo caminhos para que meu filho ocupe seu espaço. Ele se apaixonou pelo Renê que por um ano trabalhou na academia, realizou uma espécie de aprendizado remunerado, auxiliando na execução de tarefas. O Renê também já treinou na academia do Artur gratuitamente”, destacou a mãe.
RUPTURA DE ESTEREÓTIPOS E RÓTULOS
O empresário tem um filho com Síndrome de Down e mantém o Projeto “Nossas Estrelas”, do qual Renê faz parte e que proporciona oportunidades para as pessoas com Down. “A Síndrome de Down é uma alteração genética que tem como base do tripé a hipotonia clínica. O Renê não tem nada de hipotônico, o corpo dele foge de todos os estereótipos. Está quebrando paradigmas, mostrando que as semelhanças são muito maiores que as diferenças. Ele é um exemplo de superação para todos nós”, afirmou Lujan que acrescentou, “não existe mais ou menos Down, existe sim mais possibilidades e oportunidades. Cada pessoa é um ser único que deve ser respeitado e não rotulado. O Renê sempre buscou o desenvolvimento muscular que o aproximou das academias e do mundo fitness, o resultado está aí para todo mundo ver”.
INCENTIVO E ESTÍMULOS PARA INDEPENDÊNCIA
Cristiane acredita que após o campeonato surgirão outros convites para que Renê se envolva ainda mais na modalidade dos corpos perfeitos e com baixo índice de gordura. “Ele é apaixonado por “bodybuilder”, gosta de assistir vídeos e anota tudo sobre a alimentação dos atletas. Segue à dieta do nutricionista, pesa o que come e é dedicado na execução dos exercícios que também faz em casa”, revelou Cristiane que também está sempre junto do filho, incentivando as aptidões dele. “O importante é a motivação. Encaro a Síndrome de Down não como um problema. Cada situação é um novo desafio para ser superado. Estimulo e dou autonomia para ele porque a gente não é eterno. Quando eu faltar, o Renê precisa ser independente, tomar decisões e fazer suas próprias escolhas”, frisou Cristiane que agradeceu a equipe de profissionais que acompanham o filho e dão toda assistência que necessita.
VIDA NORMAL
A visão da Síndrome de Down mudou bastante nos últimos anos. Hoje os portadores da alteração genética trabalham, estudam e constituem família. “Nunca vi a síndrome como uma doença, os portadores precisam de cuidado direcionado para seguir adiante. O Renê desde que nasceu foi estimulado e o resultado é fruto de um trabalho bem feito. Os tratamentos e estímulos são fundamentais e fazem toda a diferença na superação dos obstáculos que vão surgindo ao longo da vida. Sinto muito orgulho do Renê que se preparou para participar deste campeonato. A felicidade dele é a minha maior recompensa”, salientou a mãe.
Fora da rotinha de treinos, Renê leva uma vida normal. Cursa o 2º ano do Ensino Médio na Escola Darcy, gosta de passear com os amigos, andar de skate e bicicleta. Ele também é bem ativo nas redes sociais e disse que tem vontade de namorar. O maior sonho dele é ser um “bodybuilder” e pra quem tem tanta garra e força de vontade esse desejo vai se concretizar muito mais rápido do que se espera.
O sonho de Renê é ser um fisiculturista, modalidade que tem paixão em seguir e se aperfeiçoar.
O bodybuilder Juninho Osiris ensina algumas poses para a apresentação do atleta colinense no campeonato em Limeira.
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