Gari agredido no trabalho não entende tamanha violência
Bruno mostra o corte na cabeça provocado pela brutal agressão.
O gari Bruno Vieira da Silva Bomfim, de 27 anos, ainda está sem entender porque foi agredido com tamanha covardia e violência na manhã do dia 26 de junho, enquanto trabalhava no cruzamento das Ruas 8 e 13 da Vila Guarnieri. Ele foi aprovado no concurso público em novembro e tomou posse em março deste ano, quando começou a exercer a função.
O funcionário público e o colega de trabalho, que também se chama Bruno, varrem as ruas juntos e ficam um pouco distantes um do outro porque cada um limpa um lado da via que é uma técnica para o serviço render. Bruno Bomfim, o gari que teve a cabeça aberta por uma pancada de caibro e precisou levar 10 pontos, recebeu a reportagem em sua casa na Av. Dr. Pedro Osvaldo Basso e revelou detalhes dessa história que aconteceu por causa de um saco de lixo.
“APAGA ISSO SENÃO TE APAGO AGORA”
O servidor lembra que era antes das 9h porque tinha acabado de consultar o horário quando um Gol branco se aproximou e um dos ocupantes pediu sacos de lixo. Da mesma forma cortês e educada como responde para todos os moradores do bairro, o gari disse que não poderia dar os sacos porque não estava autorizado. Um dos ocupantes do carro não aceitou a resposta e disse então que iria roubar. Então foi com o veículo até o carrinho do gari, que estava um pouco afastado e começou a retirá-los sem permissão. O gari imediatamente retirou o celular do bolso e começou a filmar e tirar fotos da atitude o que irritou o morador que foi para cima do servidor dizendo para apagar as imagens e a gravação. Quando tentou tomar o celular, o gari guardou o aparelho no bolso e disse ao homem enraivecido: “não coloca a mão no que é meu”. Nesse momento o morador tentou atingir o servidor com um soco, mas Bruno conseguiu se esquivar e acertou um nele deixando-o meio desnorteado, porém o outro ocupante do Gol veio para cima do gari que tentou se defender e ficou de costas para o primeiro que acabou atingindo Bruno com um golpe de caibro na cabeça. “Fiquei meio tonto com a pancada, mas não cheguei a cair. Então neste momento o outro agressor chutou o meu rosto”. Segundo ele, a briga continuou e quando iria receber a segunda pancada o outro gari, que percebeu a confusão, correu para socorrê-lo e foi atingido com um golpe de caibro no braço. “A segunda paulada também era para mim, mas graças a Deus meu colega me defendeu porque se levasse mais uma seria tudo pior. Quando dois moradores do bairro chegaram para apartar o que me deu a paulada aproveitou e me agarrou pelo pescoço e dizia: apaga isso aí senão te apago agora. Com ele me enforcando tive que deletar as fotos e o vídeo. Só depois disso os dois foram embora”, contou Bruno. Ele também disse que não conhece nenhum dos agressores, mas já tinha visto o que deu a paulada em outra rua do bairro.
Os dois garis foram empurrando os carrinhos até a Unidade Básica de Sáude do Nosso Teto em busca de atendimento. “Só quando cheguei lá tomei ciência que a pancada tinha sido séria. O funcionário da UBS me levou no carro próprio ao Pronto Atendimento Municipal, onde fecharam o ferimento com 10 pontos. Depois tive que tomar vacina antitetânica e pegar na Saúde os remédios receitados. O outro gari, após o atendimento, foi levado pelo fiscal até o barracão da prefeitura e está trabalhando em outro bairro.
DOIS BOLETINS DE OCORRÊNCIA
O próprio médico da UBS acionou a Polícia Militar que foi até lá fazer a ocorrência registrada como lesão corporal. Bruno também fez outro boletim na Polícia Civil. Bruno conta que já em casa recebeu telefonemas anônimos. “Uma pessoa me ligou por duas vezes, com certeza a pedido dos agressores, oferecendo ajuda e repetia diversas vezes para retirar a queixa, o que não vai acontecer”.
“Nunca havia acontecido nenhum problema e não dá para entender o motivo de tanta violência. O respeito e a cortesia entre os moradores e a gente sempre foi recíproca, jamais existiu qualquer incidente. Nós guardamos os carrinhos e apetrechos de trabalho na UBS do bairro e em duas ocasiões, alguns dias antes da agressão, os sacos de lixo, vassoura e uma pá foram furtados. Parece que os sacos de lixo tem muito valor, o motivo eu não sei”, relatou o funcionário.
Bruno espera que os agressores respondam pelo que fizeram a ele e ao colega de serviço. “O mínimo que espero é que sejam responsabilizados pelo que fizeram. Não podemos viver a mercê deste tipo de pessoas que se acham os donos do mundo. Temos direitos e precisam ser respeitados”, desabafou Bruno que retornou ao trabalho na segunda-feira, dia 5. Os dois garis foram retirados no Nosso Teto e Vila Guarnieri para que não corram risco e agora estão trabalhando em outros setores. Bruno também agradeceu a prefeitura que o auxiliou de todas as maneiras, inclusive já agendou a realização de uma tomografia em Barretos ainda neste mês. A Polícia Civil informou que os autores já foram identificados e serão ouvidos brevemente.
Bruno agora esta trabalhando em outro setor desde o início da semana.
Dúvidas
Quem Somos
Assine
Anuncie