Primavera dos Museus mostrou o potencial do hipismo e a diversidade do Parque Débora Paro
Olhando as fotos tiradas na década de 1980 não dá para acreditar que o temido “Buracão”, que todos acreditavam que iria engolir a cidade, se transformaria anos mais tarde no Parque Débora Paro, local com uma diversidade de árvores e aves que a gente não imagina.
Toda essa diversidade foi retratada na exposição “Que bicho te comeu?” que fez parte da programação da 13ª Primavera de Museus realizada na última semana, de 25 a 27 de setembro, no galpão da antiga estação ferroviária. O Museu do Cavalo, no Recinto Municipal, também fez parte das atrações com a exposição “Cavaleiros colinenses destaques no CCE”, “Cine Museu” direcionada aos alunos da Apae e oficina de artesanato ao público da 3ª idade.
A 13ª Primavera dos Museus, proposta e coordenada pelo IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus teve como tema “Museus por dentro, por dentro dos museus” com objetivo de fomentar o interesse pelas visitas nas instituições museológicas, de forma dinâmica e sustentável, visando destacar a importância das instalações como referências às memórias, tradições, cultura e desenvolvimento dos povos e cidades.
PARQUE DÉBORA UMA SALA DE AULA AO AR LIVRE
A exposição lúdica “Que bicho te comeu?” foi idealizada pelo universitário de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal de Barretos, Vagner Cotrim, que se inscreveu num trabalho de iniciação científica dentro do curso e foi contemplado com uma bolsa de estudos do MEC. Ele resolveu então desenvolver o trabalho sobre o Parque Débora Paro onde passou praticamente quase um ano coletando amostras das plantas, que o levaram a identificar dezenas de aves que se alimentam dos frutos. Esse processo resultou na catalogação de 500 árvores divididas em 70 espécies diferentes que fazem parte do herbário do Instituto Federal.
“Nesse processo encontrei frutos bicados, faltando pedaço e me perguntava que bixo tinha comido aquela fruta e daí surgiu o nome da exposição. Descobri que no parque havia uma rede de interação com seus habitantes. A minha professora orientadora, que é ornitóloga, me disse para identificar quem estava comendo o quê e como o parque funcionava”, revelou Cotrim que ressaltou: “Tive acesso a um dos trechos do texto que a própria Débora Paro escreveu quando surgiu a ideia de criar o parque em que manifesta o desejo de colocar ali árvores do Brasil e do mundo. Quando iniciei o trabalho tive dificuldade na identificação de algumas espécies que eram as do mundo. O parque é muito rico e tem representação de todos biomas com exceção dos pampas. Tem árvore da Amazônia (abricó de macaco), Mata Atlântica (sibipiruna, pau ferro e o próprio pau brasil) e as palmeiras do Pantanal. A caatinga está representada pela amburana, uma árvore que está ali desde a época em que o parque ainda não existia. As exóticas são o flamboyant, joão bolão, árvore polvo, etc”.
CALENDÁRIO FRUTÍFERO E EQUILÍBRIO NATURAL
Com a observação o universitário montou um calendário frutífero do parque que mostra os períodos em que há mais frutos disponível para as aves e o que não tem nenhum. “As aves que não encontram o fruto que procuram não estão no parque. Podemos fazer um plantio e potencializar essa área para que as aves que estão ali não vão embora e tragam outras tendo um espaço maravilhoso para a observação de aves”, sugeriu Cotrim.
O universitário destacou que as crianças precisam conhecer o parque, saber como funciona para cuidarem e preservar. “Se arrancarmos uma árvore dali vai prejudicar todo o parque que está saudável. Houve um avanço na década de 80 até agora que precisa continuar. Ali não tem nada em excesso, há um equilíbrio que inclusive envolve a capivara e a sucuri”. Ele contou que ficou admirado com os alunos que, sem exceção, nunca viram ou comeram o jatobá. “Temos no parque 4 pés de jatobá, uma árvore que corre risco de extinção porque quem faz a dispersão da semente é a anta que está cada vez mais difícil de ser encontrada por causa do desmatamento e das queimadas”.
DISSEMINAÇÃO DA SEMENTE
A interação dos estudantes foi um outro ponto alto da exposição. Um gráfico ensinou que quanto mais longe a semente for da árvore mãe mais chance tem de se desenvolver. “A planta tem que povoar os lugares, essa é a função do fruto, da semente e das aves que tem o papel de disseminá-las na natureza quando defecam. O tucano é um jardineiro e plantador de floresta porque a digestão dele é muito rápida”.
Outro recado legal que as crianças aprenderam é nunca tirar os pássaros da natureza e prendê-los numa gaiola porque como o idealizador da exposição diz, “capturamos as aves de outra maneira, pela arte e pela fotografia”. Também ficou em exposição no evento a carpoteca, coleção de todos os frutos e sementes coletados pelo universitário no parque, como também da estrutura das árvores e plantas, desde raiz até os frutos. As aves reproduzidas na exposição em tamanho natural e outras em tamanho maior para facilitar a interação com o público foram confeccionadas pelo universitário Wesley Brito, colaborador da exposição, que recebeu cerca de 350 alunos das escolas municipais, particular e continua aberta à visitação no galpão da antiga estação.
Alunos aprenderam como funciona a dispersão das sementes no do Parque Débora Paro.
Liliana e Marcela com professores e alunos da Apae que participaram da Primavera dos Museus.
O universitário Vagner Cotrim mostra aos alunos como acontece a endozoocoria no tucano, o “plantador da floresta”.
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