AVC: CONHECER PARA PREVINIR
Desconhecimento da doença por parte de médicos e pacientes dificulta combate aos fatores de risco
Fraqueza ou formigamento de um lado do corpo, dificuldade súbita para falar, tontura, alteração repentina da visão e dor de cabeça repentina são os cinco principais sintomas do Acidente Cerebral Vascular, o AVC, também conhecido popularmente como derrame. Infelizmente, ainda é alarmante o número de pessoas que não sabem reconhecer os sinais e sintomas da doença.
“Existe um desconhecimento muito grande sobre o AVC no Brasil. A patologia é multifatorial e possui prevenção e tratamento eficazes, porém inacessíveis à grande parte da população. O tratamento endovascular, por exemplo, ainda não é pago pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Precisamos fazer um trabalho de disseminação de informação e conhecimento sobre os cuidados a se ter com o AVC”, explica dr. Octávio Marques, professor de Neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV). Hoje, uma em cada quatro pessoas no mundo têm a doença e um em cada seis morre em decorrência dela.
Os obstáculos para tratar o AVC adequadamente também dificultam a reversão desse cenário. Ainda que o tratamento tenha passado por uma revolução nos últimos tempos, o desconhecimento por parte dos profissionais prejudica a intervenção adequada. Segundo dr. Octávio, é preciso qualificar o trabalho conjunto multidisciplinar.
“O AVC é tão frequente no país que não pode ser responsabilidade apenas do neurologista. Todo profissional deve conhecer, saber como evitar e como tratar. É importante capacitar pessoas que atuam na área de Enfermagem, Fisioterapia, Psicologia, entre outras, a trabalhar em equipe contra a patologia”, declara.
A doutora Gisele Sampaio Silva, professora de Neurologia Clínica da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), concorda e aposta no ensino como forma de conscientização contra a doença: “O tratamento agudo mudou radicalmente a forma como a gente educa e informa os neurologistas nos dias de hoje. Ensinamos pensando na organização e atendimento adequado à doença dentro do sistema de saúde como um todo”.
O combate ao AVC no Brasil já resultou em inúmeros avanços. Segundo a dra.
Gisele, estamos em uma era de grandes mudanças na prevenção e tratamento da doença cerebrovascular. A utilização da neuroimagem avançada e de novos anticoagulantes, foram algumas das ferramentas que contribuíram para o aumento da janela de tratamento e evitar que a doença atingisse mais pessoas. Além disso, o cuidado ao AVC alterou radicalmente a função do neurologista no mercado de trabalho, abrindo oportunidades de trabalho em emergências, UTIs e coordenação de unidade especializada.
Na semana de 29 de outubro, Dia Mundial do Combate ao AVC, a comunidade médica brasileira se mobilizará em uma campanha que visa ampliar o conhecimento populacional sobre a patologia e expandir o alcance da medicina na prevenção da doença. O tema sugerido pela World Stroke Oranization, e que será seguido no Brasil, é “1 em cada 4 de nós terá um AVC ao longo da vida: não deixe que seja você”e reforça a necessidade de atuação na prevenção da doença. As iniciativas visam enfatizar a atenção às principais causas (pressão alta, diabetes, colesterol alto, tabagismo, dieta desregulada, entre outras) e ao cuidado com a saúde.
Espaço Médico
Em 16 de outubro, em coquetel para convidados, a Associação Paulista de Medicina (APM) inaugura a exposição Um Claro Olhar, da artista plástica Anna Jankov. São doze obras em técnica de sobreposição 3D, criada por ela mesmo, sob a denominação de "Arte Projetada". A mostra estará aberta ao público, para visitação gratuita, de 17 de outubro a 29 de novembro, das 10h às 19h.
Para mais informações: (11) 3188-4304 ou cultural@apm.org.
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