Compaixão e acolhimento para salvar vidas: ponto chave da CF-2020

Cerca de 40 pessoas se suicidam todos os dias no país

Uma série de ameaças à vida têm confundido os cristãos, iludido as famílias  e atraído os jovens para uma falsa realidade. A  tecnologia facilitou bastante a vida moderna, mas por outro lado, tem levado à humanidade ao isolamento ao ponto das pessoas conversarem pelo celular dentro de casa. Não é à toa que as doenças da mente têm crescido e enchido os consultórios de pacientes. O Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina.  Outra triste realidade é a desigualdade vivenciada na sociedade brasileira.  

Salvar essas pessoas do isolamento para que não atentem contra a própria vida, ter um olhar de compaixão pelo próximo que sofre de várias maneiras e se comprometer com a vida do planeta é o foco principal da Campanha da Fraternidade lançada ontem, dia 26, em todo o país. A abertura em Colina aconteceu com missa de imposição das cinzas na igreja matriz, que deu início à quaresma.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se inspirou naquilo que o Papa Francisco quer da Igreja para a criação da CF deste ano, que tem como  tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. O lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” se baseia na passagem bíblica de Lucas 10:33-34. A Irmã Dulce dos Pobres, que se tornou a primeira santa brasileira reconhecida pela Igreja pelo exemplo de acolher os excluídos e todos que pediam sua ajuda, ilustra o cartaz da CF deste ano.

JOVENS: MAIORES VÍTIMAS

No Brasil acontece uma média de 40 suicídios por dia e o enforcamento responde por 60% dos óbitos. Intoxicação por drogas aparece com 18%, arma de fogo com 10% e por outros meios representam 12% dos casos. “Os jovens, entre 15 e 29 anos, estão entre as maiores vítimas de suicídio, considerada a 4ª maior causa de morte nessa faixa etária. Outra triste ameaça à vida é o aumento do feminicídio. A cada dez crimes cometidos em 23 países, quatro ocorrem no Brasil. A taxa de assassinatos de mulheres negras é ainda maior”, destacou padre Santana.

PESSOAS CÂNTARO

O pároco disse que a Igreja propõe que se faça uma pastoral de escuta. “O povo está se isolando cada vez mais, o que gera falta de conversa e de onde brotam sentimentos ruins. Devemos ser pessoas cântaro que dão de beber aos outros. Se por um lado o olhar de indiferença gera tanto mal o de compaixão pode fecundar o bem no coração. Compaixão não se trata apenas de um olhar de comiseração ou dó, mas de um olhar compassivo que procura resgatar as pessoas. Dê o máximo de si para que a haja paz começando pelas nossa casa, trabalho e sociedade”, explicou Santana que salientou: “As pessoas querem ser ouvidas e receber carinho. Não vou ser crítico, mas ouvir a realidade que o outro enfrenta. Ter dó é ver a situação do outro e abandoná-lo, compaixão é olhar, se aproximar e dar algo de si para ajudar. Precisamos de ousadia, ir ao encontro das pessoas para partilhar a vida, fortalecer os laços de vizinhança, promover rodas de conversa, etc”.

REDES SOCIAIS AJUDAM A CAUSAR MAL À VIDA

O texto-base da CF traz também estudo que aponta que as redes sociais, infelizmente, têm funcionado, em muitos casos, como uma caixa amplificada que reverbera todos tipos de violência, causando grande mal à vida. “A banalização da vida alcançou o mundo virtual por meio das fake news, dos perfis falsos e da disseminação de notícias caluniosas e raviosas sem nenhuma preocupação em verificar a veracidade do que se compartilha e do que se curte. Esse cenário vem crescendo e ceifando vidas”, alertou o pároco. 

ENCONTROS RELACIONADOS À CF

O Papa já marcou dois eventos relacionados à Campanha da Fraternidade que propõem uma nova economia. O  primeiro acontece no período de 26 a 28 de março quando acontece encontro entre jovens economistas e empresários de todo o mundo para refletir sobre uma economia baseada na fraternidade e igualdade, com ênfase nas questões ambientais. O 2º encontro é a Jornada Mundial dos Pobres que acontece no final do mês de novembro. “O homem está ficando egoísta e o Sínodo da Amazônia foi promovido para que as pessoas amem e respeitem a natureza”, declarou Santana.  

“Vamos precisar de mais livros para as reflexões às quintas-feiras que serão realizadas em 6 encontros até a Semana Santa. A maioria já foi distribuído porque este é um problema que estamos vivendo aqui em nossa cidade. Quantas pessoas que conhecemos tiraram a própria vida”. As vias-sacras nas comunidades serão realizadas às terças-feiras começando no próximo dia 3 na Comunidade São João Batista, no bairro Jardim Simões.

Padre Santana mostra o cartaz e o manual da Campanha da Fraternidade deste ano.

 

 


Postado em 29/02/2020
Por: A Redação
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