Animal “inexperiente” no exterior tira Lutcho dos Jogos Mundiais nos EUA

Participação representaria o retorno às competições internacionais após 18 anos

CAPA - O cavaleiro colinense Luciano Miranda Drubi “Lutcho” não esconde a frustração em ter sido cortado da equipe que representará o Brasil nos Jogos Equestres Mundiais nos Estados Unidos, em setembro. Segundo o cavaleiro a comissão alegou que a égua Riviera Lu é inexperiente em provas fora do Brasil, o que ele discorda.

Lutcho e Riviera Lu: frustração após dedicação e muitos treinos.

 

De todas as glórias conquistadas no hipismo o cavaleiro colinense Luciano Miranda Drubi “Lutcho” ainda não tinha participado dos Jogos Equestres Mundiais e teria a chance na 8ª edição do evento, considerado a festa maior do esporte.

Apesar de ter garantido a qualificação e carimbado o visto técnico em novembro do ano passado, durante prova realizada em Colina, o cavaleiro não fará parte da equipe que representará o Brasil no Mundial, que acontece de 11 a 23 de setembro em Tryon, na Carolina do Norte – Estados Unidos. O evento acontece a cada 4 anos mas, infelizmente, não foi desta vez. Ele foi comunicado da decisão há alguns dias e não esconde a frustração por não estar no time, não representar Colina e pela égua Riviera Lu que faria sua estreia numa competição fora do país.

“Fui comunicado da decisão pela comissão, formada por veterinário, presidente da Confederação, diretora de CCE e técnico que alegaram que a minha égua tinha menos experiência do que os outros cavalos porque nunca viajou para uma competição internacional. Os animais dos outros cavaleiros, que estavam na disputa comigo, já participaram de Pan-Americano e Olimpíada”, explicou Lutcho que não disputa uma competição fora do Brasil há 18 anos.

“Para a minha égua não teria problema nenhum porque a Riviera Lu está em plena forma física. Ela está mais bem preparada que alguns cavalos para a competição. A viagem também é muito desgastante porque além da nossa quarentena ser de 7 dias, o local da prova fica a 18 horas de caminhão. Para os cavalos da Europa a quarentena e a distância são menores, cerca de 2 dias e 6 horas de viagem, mas isso não seria problema”, comentou Lutcho que acrescentou, “pra mim e a Riviera a participação nesse evento, de nível olímpico e onde estão os melhores do mundo, seria muito importante e significaria uma preparação para a próxima convocação, como o Pan-Americano no ano que vem, para saber como minha égua iria se comportar. Nas Olimpíadas de 2016 não tive a chance de conseguir o índice porque cancelaram a prova na última hora. Se tivéssemos ido a Riviera iria bater o recorde. Ela tinha 7 anos e iria completar 8 em 2016, limite mínimo de idade de um cavalo para uma prova desse nível. Ainda não desistimos e estamos nos preparando para uma próxima olimpíada”.

A EQUIPE

Lutcho disse que os cavaleiros Marcelo Tosi, Márcio Appel e Henrique Pinheiro também conseguiram o índice na prova em Colina. Já Márcio Jorge obteve a qualificação há alguns dias na Europa e o colinense Nilson Moreira da Silva, radicado nos Estados Unidos, neste ano. “São esses cinco que formam a equipe de CCE que tem quatro cavaleiros e um concorre no individual, mas isso ainda não está decidido. Os colinenses Nilsinho e Márcio Jorge, que são colinenses de nascimento, estarão nos representando”, disse Luciano que também incluiu o tratador Carlos Henrique da Silva, que já residiu e trabalhou aqui em Colina e hoje trabalha com Marcelo Tosi, em Jaboticabal e também estará nos Jogos Equestres.

Lutcho explicou que junto com a Olimpíada o Mundial é um dos eventos mais importantes porque reúne todas as categorias do hipismo. Ele iria competir no Concurso Completo de Equitação, o triatlo do esporte, que inclui o adestramento, salto clássico e o cross consideradas modalidades olímpicas. “Tive duas oportunidades de ir e não fui um pouco por opção. A Xilena participou do Mundial em Roma com o Marcelo Tosi e não participei porque na época fiquei frustrado com a Confederação após a Olimpíada de Atlanta. No Mundial da Holanda minha égua apresentava problema clínico e como não estava 100% optei por não participar”.

A última prova no exterior que participou foi em 2000 porque desde então não tinha conseguido preparar um cavalo olímpico como a Xilena e o Atômico. “Há 18 anos estou treinando vários cavalos e agora que consegui estou fora de novo. É um processo demorado que requer muita dedicação. Monto diariamente e tenho o pessoal que me ajuda. É preciso um treinamento de no mínimo 3 anos para definir se o cavalo vai chegar no topo. Depende de um vigor físico privilegiado e da sorte para não se contundir no meio do caminho”.

O cavaleiro abre mão de algumas coisas para cumprir à risca o treinamento dos 8 cavalos que mantém no Recinto. “Tento seguir o que fazem na Europa e equilibrar com o trabalho. Estou até hoje no esporte e no nível olímpico por causa disso. Se não estão bem preparados o cavalo e o cavaleiro correm grande risco de se lesionarem”, salientou Drubi.

COLINA: CELEIRO DE CAMPEÕES

Para o cavaleiro não existe nenhum lugar do mundo como Colina, que tem o Projeto Municipal “Equitação Educativa”. “A molecada do projeto tem brigado de igual para igual com outras hípicas nas competições por aí afora. Sempre acreditei que Colina é celeiro de campeões porque além da tradição como Capital Nacional do Cavalo sempre tivemos colinenses em Olimpíadas desde 1992, a primeira que participei. No mundial teremos o Márcio Jorge que está morando na Inglaterra e o Nilsinho (Estados Unidos). Para uma cidade de 17 mil habitantes isso é fenomenal. Não existe nenhum lugar no mundo como Colina e não terá nunca por causa das fortes raízes que temos. Precisamos conservar isso, continuar dando apoio e incentivo porque a idade vai pesando e precisamos ter substitutos”.

“Colina tem que respirar o cavalo, não só no esporte, mas também na questão social e turística. É um privilégio porque o projeto proporciona isso, o hipismo é um esporte caro e dá condições das crianças mostrarem seu talento, além de dar emprego. Quando comentamos do projeto nas competições o pessoal fica louco, quer saber como funciona porque é algo extraordinário. Também temos a Fazenda do Estado, que é berço da raça Brasileiro de Hipismo e o Club Hípico que trouxe fama com o polo”.

Pouca gente sabe, mas ele e a égua Xilena estão no Guiness Book. “Em 1992, após uma ausência de 42 anos, o Brasil enviou uma equipe de CCE aos Jogos Olímpicos, Luciano Drubi foi o 60º colocado em Barcelona. “Eu e o Serguei Fofanoff estávamos lá, mas ele não terminou a prova e eu sim”.

XILENA: A ETERNA CAMPEÃ

Riviera Lu tem 9 anos é neta da eterna Xilena e filha da Ravena, que também saltou prova de nível olímpico. “Ela tem muitas características da avó que era muito forte e tinha uma resistência incrível que surpreendia até mesmo os veterinários. Costumo dizer que a Riviera e outra Xilena que a vida me deu. Treinamos todos os dias e quase todo final de semana temos competições, descansamos só uma vez na semana. Quanto à forma física e preparação costumo dizer que levo vantagem aos outros cavaleiros porque tenho a Riviera”, destacou Lutcho que competiu em todas as Festas dos Cavalos até hoje. “As únicas que não participei estava em competições internacionais, como as Olimpíadas e o Pan-Americano”.

Durante a entrevista Lutcho se emociona ao falar da companheira Xilena. “Comecei a montar por brincadeira andando na garupa dos meus primos nas férias. A Xilena era minha parceira, cúmplice e amiga. Competimos tanto e dentre diversas virtudes a maior dela era a longevidade, sem nunca ter uma contusão séria. Ela foi uma atleta e a Riviera tem muito disso. Temos muitas histórias e proezas juntos. Meu pai a comprou num leilão da Fazenda do Estado. Eu estudava no colégio agrícola em Miguelópolis e nos finais de semana vinha para casa. Um mês antes da Festa do Cavalo nos reunimos numa pista para treinar e dentre uns 50 cavalos escolhi a Xilena que era recém-domada. Ganhei de todo mundo e sem treinamento fui conquistando vitórias. Em 86 participamos da final do Campeonato Brasileiro da Abhir, em Pitangueiras e ficamos em 3º lugar. Onde vou, dentro e fora de Colina, todo mundo lembra dela com carinho e isso me enche de orgulho, ela sempre será minha eterna campeã”.

SUL-AMERICANO

A comissão já se pronunciou que tem a intenção de que Lutcho integre a equipe brasileira que irá disputar o Sul-Americano na Argentina em outubro,  mas ainda não conseguiu dinheiro para arcar com as despesas dos cavaleiros. “O técnico da equipe brasileira e a diretora de CCE da Confederação já me ligaram. Ainda não é uma convocação oficial, mas já demonstraram interesse para que faça parte do time”. O cavaleiro esclareceu, “se a competição fosse hoje teríamos que ir com recursos próprios e já disse que, se for dessa forma, não tenho interesse. Não acho justo representar o país e não ter nenhum tipo de apoio. O André Parro também está qualificado e tem boa chance de estar na equipe”, finalizou o cavaleiro.

PROMESSA - Riviera é neta de Xilena e tem muitas características da avó, que foi uma campeã.

O conjunto Lutcho/Xilena recebeu diversas premiações, dentre as mais importantes está o ouro no Pan da Argentina, em 1995.


Postado em 01/09/2018
Por: A Redação
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