A estação mais fria do ano começou no último dia 20 e as previsões meteorológicas indicam que este inverno será atípico, ou seja, a estiagem característica da estação dará lugar às chuvas. 

Um inverno mais úmido melhora a qualidade do ar que respiramos, mas em compensação desequilibra o ciclo natural da natureza, que costumeiramente está preparada para o período mais seco do ano, que já deveria ter começado.  

As chuvas diminuem em maio e a seca se prolonga até outubro, porém não é isso que tem ocorrido. 

Segundo dados da Casa da Agricultura, esse é o maio mais chuvoso dos últimos 3 anos, com precipitação de 44mm, inferior a de 83mm registrada em 2009. No mês de junho, que ainda não acabou, já choveu 137mm, fato que não ocorre há muito tempo. Para se ter uma ideia, o junho mais chuvoso que se tem notícia ocorreu há 8 anos, em 2004, quando choveu 54mm. 

No início deste mês uma frente fria que ficou estacionada sobre o Estado, deixou o tempo úmido e nublado por quase uma semana, atrapalhando a colheita da cana que está em plena safra. Fato que se repetiu na última semana. 

“A chuva fora de época mexe com a parte fisiológica da planta. Para a laranja isso não é bom porque a chuva favorece o florescimento precoce, o que não é propício porque estamos em plena colheita”, explicou a agrônoma Natália Scalon, da Casa da Agricultura. 

Para o chefe do Pólo Regional da Alta Mogiana, Flávio Dutra de Resende, “estamos tendo a inversão do sistema da La Niña e El Niño, isso tem uma ciclicidade e teremos um inverno mais chuvoso, fato que aconteceu há 6 anos”. 

Ele explicou que o homem precisa se adequar a natureza e que para a pastagem a chuva é positiva, mas para culturas que dependem da seca, como a cana, isso é ruim. 

“Vamos ter, com certeza, uma produtividade menor de álcool e açúcar em função da chuva. O teor de sacarose diminui e consequentemente tem menor produtividade de açúcar e álcool”, comentou Resende, que ressaltou “para o produtor isso é ruim porque embora o canavial produza mais massa, tem menos açúcar e vai receber menos por tonelada. Como está chovendo a cana não está concentrando o açúcar”. 

Além de atrapalhar a colheita, a área onde a cana é retirada sofre bastante estrago com problema de compactação de solo e uma série de fatores prejudiciais. 

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