Uma colinense na Amazônia peruana

Há 3 anos Juliana Mustafa dá aulas de Yoga e Meditação em centro internacional no meio da floresta

A Amazônia é um Brasil ainda desconhecido pela maioria dos brasileiros, mas é a casa da colinense Juliana Bizare Mustafa há 3 anos, que reside e trabalha num centro internacional no meio da Floresta Amazônica peruana denominado “Temple of the Way of Light” (Templo do Caminho da Luz) que recebe pessoas do mundo inteiro, na maioria vindos da Europa, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

A reportagem conta a história desta colinense destemida, que nunca teve receio de enfrentar o desconhecido e que tem uma filosofia de vida que ajuda muito nesta missão de viver isolada na floresta, distante da civilização, sem luxos onde a companhia são os nativos e a natureza exuberante.  

Juliana dá aulas de Yoga e Meditação em inglês, a língua oficial do templo. “No início foi desafiante ensinar em inglês para um público tão variado e experiente, mas nós brasileiros trazemos conosco algo único e especial”,  disse a colinense que também se comunica em espanhol com os nativos peruanos que, pela convivência, acabaram se tornando muito próximos.  

A cidade mais próxima é Iquitos-Peru e para chegar no templo é preciso sair de barco do Porto Santa Clara, navegar por 40 minutos pelo Rio Nanay, afluente do Rio Amazonas e caminhar por uma hora selva adentro. “Na estação chuvosa, como o rio fica mais volumoso, navegamos por mais tempo e caminhamos menos. Na estação seca é o contrário, ficamos menos tempo no barco e mais tempo em terra firme”, revelou Juliana que acrescentou: “Os retiros na floresta tem duração de 23 dias, é uma imersão intensa nas práticas xamânicas da floresta e do Oriente com Yoga e Meditação. Ao fim do retiro temos 4 dias de intervalo quando passamos um tempo na cidade mais próxima para comer pizza, tomar café expresso com pão e manteiga, entre outros prazeres que são raros no meio da floresta”.

“A SELVA ME ESCOLHEU”

Ela revelou que nunca planejou morar na Amazônia e que tudo foi acontecendo devagar. “Estou aqui quase que em período integral. Gosto de dizer que a selva me escolheu. Eu e meu amigo Públio de São Simão, somos os únicos brasileiros trabalhando no centro. A maioria dos professores e facilitadores são norte-americanos, canadenses e de países europeus. Eles procuravam por alguém com experiência, tanto em meditação como yoga, mas também com experiência em plantas medicinais. Foi um casamento perfeito”.

A professora passou grande parte dos 44 anos de vida em terras estrangeiras. “Vejo o mundo como uma grande escola e me acostumei com a distância, mas procuro estar próxima da minha família e amigos de outras maneiras. Curto ao máximo os momentos que estamos juntos. A distância e minhas práticas espirituais me ensinaram apreciar o que cada um tem de melhor”.

APRENDER COM AS PLANTAS

Para viver na floresta é preciso abrir mão de alguns confortos porque tudo é bem simples e rústico. “Banho sempre de água gelada, no frio ou calor, porque na Amazônia acredite, também faz frio. A dieta não inclui pão ou massa, coisas que amo e sinto bastante falta. Ainda há vários insetos e a possibilidade de contrair malária ou de encontrar uma cobra pelo caminho. Não dá para  fazer compras, estamos no meio da floresta e não temos acesso as coisas materiais. O contato aqui é em outro nível, estamos cercados de uma natureza exuberante com acesso à medicina curativa das plantas e a alegria dos bichos. Pessoas do mundo inteiro vêm até aqui para aprender com as plantas”.

Sempre que está no Brasil  Juliana oferece o trabalho, principalmente em Nazaré Uniluz – Universidade da Luz, onde viveu e trabalhou por quase cinco anos, de 2013 a 2018. “Aprendi muito sobre como viver em comunidade e encontrar a minha voz. Para mim a Uniluz é um lugar sagrado que guardo no meu coração”.

DE COLINA PARA O MUNDO

Ela começou a ensinar Yoga em 2010 quando morava no Centro Budista Tushita, em Dharamshala, na Índia. Continuou os estudos na Califórnia-Estados Unidos, onde conheceu uma abordagem diferente tanto de Yoga quanto da Meditação, um jeito mais ocidental para as práticas. A colinense deixou a casa dos pais, Yussif/Teodolinda “Dola”, aos 17 anos para cursar Turismo, em São Paulo e de lá ganhou o mundo. O primeiro contato dela com a Yoga aconteceu em Londres, onde viveu após formada. Antes de chegar em Nazaré Uniluz viveu mais de 15 anos no exterior, entre Inglaterra, Índia, Nepal, Nova Zelândia e Estados Unidos. “Tive a oportunidade de me aprofundar nas práticas ancestrais de Yoga e Meditação tanto no Oriente como no Ocidente. Tive uma vivência entre Índia e Nepal de um ano e meio para ir direto a fonte que deu origem a essas práticas. Vivi em monastérios, centros budistas e aprofundei muito minha prática nestes lugares”.

YOGA: UNIÃO DA MENTE, CORPO E ESPÍRITO

Como é expert em Yoga e Meditação Juliana diz que a raiz da palavra Yoga significa união. “Unir mente, corpo e espírito é o que se busca nesta prática. As pessoas são atraídas por diferentes motivos, desde querer um bumbum mais firme, relaxar, liberar o estresse, se conhecer melhor até alcançar a iluminação. O motivo não importa, pois de alguma maneira acessamos uma fonte de sabedoria ancestral e isso nos leva exatamente onde precisamos. É algo bem mágico”.

Se a Yoga e a Meditação levam a iluminação Juliana certamente está neste estágio não só pelos ensinamentos no templo. Ela vive num lugar abençoado por uma natureza inigualável, que atrai a atenção de todo o mundo, com o mínimo necessário. Todas as experiências da colinense são  diferentes, mas essa na Amazônia, com certeza, é incomparável!

O barco é um dos meios de transportes para chegar no templo, que fica no meio da selva.

A colinense com dos grupos que trabalhou, formados por estrangeiros e o povo nativos da Amazônia peruana Shipibo que cultuam sabedoria curativa da medicinavegetal.

Juliana (ao centro) com as mestras curandeiras da etnia que vive na floresta.

 

 


Postado em 15/02/2020
Por: A Redação
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