(Por: Diácono Lombardi)
No evangelho de hoje, Jesus, que é Deus, mostra o seu convite a inúmeras pessoas para que aceitem participar de uma festa incomparável, um banquete em seu reino, gratuito e interminável. Como esse banquete é preparado pelo próprio onipotente Deus, ou seja, é o banquete dos banquetes, inigualável, é um absurdo se imaginar que alguém teria a estupidez de recusar um convite desses.
E não é que isso acontece? Um a um dos convidados começa a dar desculpas para não querer ir a essa festa: “Comprei um campo, e preciso ir vê-lo”. “Um outro disse: Comprei cinco juntas de boi, e vou experimentá-las”. “Um terceiro disse: acabo de me casar, e por isso não posso ir” (Lc 14,15-20).
Posse – Comércio – Prazer; são essas as ambições de todos quantos ainda não descobriram o verdadeiro sentido da sua curta e rápida existência na face da Terra; assim, o solo de seus corações ou são pedregosos, ou repletos de espinhos que sufocam a boa semente do convite divino, ou os corvos ideológicos do sistema materialista, em suas diversas formas, a destroem.
O Papa Francisco, em sua mais recente encíclica “Amou-nos” (Dilexit nos), reflete que parece que o mundo perdeu seu coração. Ele lembra-se de um personagem de Dostoievski, por nome Stavroguine, apontado “como a própria encarnação do mal, porque a sua principal característica é não possuir coração; (…) o seu espírito é, portanto, frio e vazio, e o seu corpo intoxica-se de indolência e sensualidade animalesca” (Dilexit nos, § 12).
Pessoas sem coração criaram o seu próprio deus, “Sua Majestade, o Lucro”, que é o objetivo-mor do Comércio; o seu reino é de prazeres efêmeros, superficiais e fugazes. Esse ídolo não tem escrúpulos, não se importando com os seus adversários, que devem ser combatidos e vencidos a qualquer custo. Por isso afronta o próprio e único Deus verdadeiro e suas divinas normas; uma delas, a título de exemplo, é o descanso no primeiro dia da semana, o Domingo, termo que tem origem no latino “Dies Domini” – Dia do Senhor – Dia de Deus, o Senhor da Vida – porque foi num primeiro dia da semana que Ele derrotou a morte, para si e para todos os que quiserem segui-lo rumo ao banquete para o qual a todos convida.
Inúmeras pessoas, escravizadas por esse impiedoso deus, aceitam trabalhar para ele por questões de sobrevivência, e ainda forçados a bajulá-lo por terem “emprego”, como se tivessem escolha diante desses materialistas e maldosos “stavroguines”.
A parábola de Jesus termina: muitos súditos desse “deus do Lucro”, embora até se achem religiosos e justos, se auto excluem do maravilhoso banquete, porque hipócritas.
São os que eles oprimem e exploram que agora são convidados.