Reclamar da arbitragem, xingar o juiz, é um “esporte nacional” quase tão popular que o futebol. Que os homens do apito, e das bandeiras (e do VAR) cometem erros, não há o que discutir. Que muitos deles não estão devidamente preparados para fazer a função, também é verdade.
Mas eles não são os únicos culpados pelas arbitragens ruins. Seja a nível profissional, ou no nosso querido Campeonato Amador Municipal, todo mundo é culpado pelo ambiente tóxico dentro do campo de futebol.
É praticamente IMPOSSIVEL apitar um jogo de futebol. Ninguém está afim de colaborar, é todo mundo querendo, de certa forma, tirar vantagem em cima do caos.
Desde o primeiro apito até o último, é um show de gritaria, descontrole. Qualquer lance, até um simples lateral, é motivo para uma reclamação exacerbada, acima do tom. Um show de perdigotos voando, uma cólera inexplicável.
É humanamente inviável alguém exercer uma função, que já tem pressão demais, com 30, 40 indivíduos berrando em cima de você a plenos pulmões por mais de duas horas.
Os árbitros têm sua culpa? Evidente, mas é preciso colaboração. Jogadores, comissões técnicas e todo o entorno precisam ser menos “chatos”.
É preciso parar de querer ludibriar a arbitragem, ter vantagem em cada lance.
Nomes importantes do futebol nacional já falaram sobre isso. Cássio, do Cruzeiro, e Marlon, do Grêmio, chamaram a atenção para isso. Nada vai melhorar se o entorno dos árbitros não ajudar.
É hora de todo mundo fazer um mea-culpa e admitir ser parte do problema e que a arbitragem só vai melhorar se todo mundo colaborar.
Um exemplo local foi o jogo entre Primavera x Os Muleks da Dirce no último domingo. Os dois melhores times do campeonato, que poderiam ter feito um jogo de alto nível, protagonizaram um espetáculo bizarro no segundo tempo, onde simplesmente não teve jogo.
Um show de cera para passar o tempo de um lado. Do outro aquela tradicional reclamação sem fim.
Um espetáculo de gritaria e histeria, onde quem perde é o futebol. Ainda bem que não há cobrança de ingresso para ver o jogo, senão caberia pedido de reembolso.
Enquanto gritos raivosos e reclamações infindáveis não pararem, nossos “assopradores de apito” serão apenas uma peça num jogo onde todo mundo sai perdendo e ele, muitas vezes, sem razão, será o único culpado.
Carlos Oliveira
Jornalista
MTB 0084510/SP












