Dia 18 – Sábado
19h – Missa na Matriz
Dia 19 – Domingo
08h – Missa na Matriz
09h30 – Missa com as crianças na Matriz
19h – Missa na Matriz
Dia 22 – Quarta-feira
19h30 – Missa com novena de N. Sra. Perpétuo Socorro na Matriz
“O INFINITO QUE MORA DENTRO DE NÓS”
Lendo o Evangelho de Mc 9,30-37 – parece-nos coisa simples. Mas, se ele fosse um homem mais instruído, se tivesse frequentado as iniversidades, que naquela época se chamavam Academias – hoje temos academias para os músculos, mas naquela época era para as inteligências – , teria aprendido de um famoso filósofo grego, chamado Heráclito, que vivera seis séculos antes, que só conhecemos as coisas pelo contraste. Só sabemos o que é frio, porque conhecemos o calor. Hoje está quente porque alguns dias fazia frio. Se não houvesse frio, não saberíamos que coisa é calor. Seria ótimo, porque ninguém teria do que reclamar. Só sabemos que alguma coisa é úmida, porque conhecemos o seco. Isso pode parecer banal, mas não é. O ser humano é um ser que precisa confrontar.
Um senhor contou-me, certa vez, que quando era criancinha, estava dormindo, num dia de muita chuva e frio. Ele, naquele quentinho de sua cama, pensou que naquele momento na rua, havia muitas crianças de sua idade, passando frio, porque estava chovendo. Pensou no contraste entre ele, acomodado, acarinhando, cheio de cobertas, e aquele menino com frio na rua. Talvez tenhamos esta experiência também: de muitas vezes sairmos de uma mesa farta, saciados por uma comida gostosa, e depararmos com uma pessoa faminta. É o cotidiano de nossa experiência humana. Os contrastes fazem parte de nosso dia-a-dia.
No evangelho, notamos dois fatos simultâneos. Jesus fala de uma coisa, e os apóstolos discutem outra. Aí também há contraste. Jesus declara que Ele, o Mestre, o Senhor, será espancado, preso, maltratado. Enquanto isso, os apóstolos discutem quem será o maior, o mais importante, o primeiro-ministro, quem ocupará a cadeira do senado. Marcos acrescenta um pormenor, que não sei se notaram. Ele não falou numa criancinha limpinha, bonitinha, não. Para o judeu, a criança era um ser desprezível porque era inútil. Eles não gostavam de crianças, porque elas só davam trabalho e gastavam dinheiro. Quando chegava mais um filho, os pais tinham que trabalhar mais para sustentá-lo.
Criança não servia para nada economicamente, só para dar prejuízo. Ainda fazia estragos, sujava a casa, trazia mais e mais gastos. Quando nascia um filho, o orçamento da família começava a apertar. Portanto, quando Marcos coloca uma criança, não quer mostrar esses seres lindos, correndo para lá e para cá. Jesus toma justamente uma criança, o símbolo de inutilidade, e coloca no meio dos apóstolos, advertindo-os que se fizessem inúteis, não entrariam no Reino dos Céus.
Nós temos que ser inúteis, mas na concepção de Jesus. O inútil não se refere ao nosso ser, ao nosso existir, à nossa pessoa. Isso nunca, porque fomos criados, amados infinitamente por Deus.
Pe. JOSÉ ROBERTO ALVES SANTANA – Pároco