Fogo teria começado com churrasco improvisado na Represa do Dutra
A fumaça densa que deixou o céu encoberto como se estivesse nublado no final de semana infelizmente não era prenúncio de chuva, que está sendo aguardada com muita expectativa, mas sim de inúmeros focos de incêndio de grandes proporções que devastaram matas nativas e ciliares, plantações, pastagens, mataram animais e causaram um estrago incalculável ao meio ambiente.
Depois do fogo a sensação que se tem é de devastação, já que as chamas queimaram árvores, consumiram pastos e uma grande extensão da vegetação, deixando a natureza com aspecto de morte com a fuligem que tomou conta da paisagem desoladora.
As chamas começaram no sábado por volta de 11 horas e se propagaram com facilidade pela vegetação seca, que se tornou o combustível para o fogo. Os ventos fortes também ajudaram a alastrarem as labaredas e os redemoinhos de fogo que se formaram sendo difícil de serem contidos. Apesar dos caminhões do Corpo de Bombeiros, caminhões pipas da prefeitura, usinas e tratores com tanques d’água de propriedades rurais o fogo perdurou até na segunda-feira quando ainda existiam alguns focos que foram controlados.
Na Fazenda Santa Cláudia, uma das áreas mais devastadas, a situação foi desesperadora. Dezenas de pessoas ajudaram no trabalho de contenção do fogo que ficava cada vez mais forte. A fumaça densa prejudicava o trabalho já que atrapalhava a visibilidade e a respiração do mutirão que se formou para debelar as chamas.
O proprietário do Hotel Fazenda Floresta dos Sonhos registrou boletim de ocorrência na tarde de sábado relatando que acionou o Corpo de Bombeiros de Barretos e Bebedouro ao avistar fumaça na direção da lagoa do Dutra. Há suspeitas de que o fogo tenha começado quando alguns dos frequentadores do local não tomou os devidos cuidados ao acender um fogo improvisado para assar carne. A reportagem esteve no local e encontrou panelas e apetrechos de churrasco queimados. A Lagoa do Dutra atrai um grande número de pessoas principalmente nos finais de semana de dias quentes.
O pesquisador Flávio Dutra de Resende, diretor da APTA, disse que aproximadamente 100 hectares de áreas de pastagens, matas nativas e áreas de preservação permanente foram queimadas. “O fogo foi controlado pelo esforço dos funcionários da fazenda que trabalharam ininterruptamente desde sábado. Houve um grande apoio dos pipas do Grupo Tereos e também de proprietários vizinhos. O apoio da Prefeitura de Colina foi fundamental através de maquinário pesado que possibilitou a abertura de trilhas na mata fechada, além de pipas com água. Houve também o apoio do Corpo de Bombeiros e da Cavalaria”, destacou Resende que acrescentou: “graças ao esforço de todos conseguimos evitar danos aos experimentos que estão sendo conduzidos não havendo danos aos animais (bovinos e equinos)”. Flávio também agradeceu a todos os envolvidos no combate ao incêndio e, em especial, aos funcionários da fazenda que lutaram bravamente para combater o fogo na mata com os apoios supra-citados.
Na ETAM “São Francisco de Assis” não houve prejuízos materiais já que ao redor das pastagens e matas ciliares que circundam a unidade existem as faixas chamadas de aceiros, que protege a vegetação em caso de queimadas e incêndios. Porém, mesmo assim com o intenso calor e os fortes ventos não foi possível controlar totalmente o fogo na mata ciliar. As folhas de alguns pés de frutas secaram e um trecho de pastagem queimou.
A Polícia Ambiental esteve em Colina na última terça-feira, dia 14, fazendo um levantamento dos estragos causados pelos incêndios que, segundo informações, foi um dos maiores já registrados na cidade. A Polícia Ambiental informou que tem atuado em toda região com vários registros de queimadas que são captados via satélite. A equipe se desloca até a área apontada para verificar a proporção dos incêndios, as medidas geográficas e fazer as devidas autuações.
LAMENTÁVEL
O prefeito Dieb esteve presente em vários pontos de incêndio no sábado a tarde e a noite. “Lamentamos muito o que ocorreu. Sabemos do difícil trabalho do agricultor e, de repente, uma fatalidade destas traz prejuízos irreparáveis. Muito triste. A prefeitura e toda equipe esteve presente para conter o fogo desde os primeiros momentos e passou a noite de sábado fazendo aceiros para conter a propagação do fogo. Portanto, quero agradecer a todos os funcionários que atenderam nosso chamado e prontamente não mediram esforços para controlar o problema. Agradece também o Corpo de Bombeiros, as Usinas e os produtores rurais que cederam homens e máquinas para evitar que um mal maior acontecesse”, destacou o prefeito.
CAÇA AOS CRIMINOSOS
Algumas testemunhas relataram que o fogo teria iniciado próximo à represa do Dutra. Segundo consta, um grupo com 4 a 5 pessoas estaria assando carne em uma churrasqueira improvisada com tijolos no início da plantação de cana, que estava na palhada, já que havia sido colhida há poucos dias.
O fogo se alastrou pela palhada seca e os indivíduos não conseguiram apagar. Ventava forte neste momento por volta de 11 horas de sábado e em pouco tempo o incêndio ganhou grandes proporções, causando destruição por onde passava.
Uma força tarefa está a procura dos possíveis causadores do problema. Paralelo a isso é preciso que cada ser humano tenha um pouco mais de consciência em suas atitudes.
FRAGILIDADES EXPOSTAS
O problema dos incêndios tem ocorrido com frequência em diversas cidades vizinhas e desta vez atingiu Colina. Mesmo sabendo desta real possibilidade nota-se que falta uma iniciativa no sentido de criar uma Brigada de Incêndio devidamente treinada para enfrentar uma catástrofe como esta. A boa vontade de todos os envolvidos no combate ao incêndio é louvável e digna de aplausos e elogios. No entanto, o triste incidente, mostrou algumas fragilidades como a falta de uma coordenação e de atitudes integradas. Medidas que poderiam estar alinhadas caso houvesse a implantação de uma equipe especializada, inclusive com equipamentos apropriados para enfrentar o problema.
Esperamos que esta possibilidade possa se tornar realidade, afinal a seca não acabou e conforme as previsões mais otimistas não existe mudança para o próximo ano.