É muito comum falar-se em ortopedia, mas a ortopedia acompanhada pela neurociência é algo que ainda começa a engatinhar pelo Brasil. Em minha última pós-graduação em neurociências tive a oportunidade de ter aulas com o professor idealizador do implante de chip no cérebro Miguel Nicodélis, que hoje é utilizado pela Neuralink de Elon Musk que surgiu com imensa polêmica quando se adaptou um microchip cerebral em um ser humano tetraplégico e este pode utilizar computadores somente com o pensamento.
No entanto a neurociência que é uma especialidade do futuro tem se mostrado útil em diversos distúbios comportamentas e motores, ou seja, dos movimentos. Através de meios diagnósticos avançados de mapeamentos de neurônios por neuroimagem, utilizando-se de ressonâncias magnéticas avançadas e captando imagens instantâneas do funcionamento cerebral, pôde-se mapear as áreas cerebrais responsáveis por cada modelo de pensamento ou comportamento e até mesmo de sua correlação anatômica com o corpo.
Hoje podemos utilizar próteses para serem conectadas por meio de microchips ao cérebro para atender a diversos pacientes paraplégicos ou hemiplégicos. Exemplo este que foi apresentado na abertura da Copa do Mundo no Brasil em 2014 quando o brasileiro Juliano Pinto de 29 anos na época, acoplado por um exoesqueleto deu o chute inicial na bola utilizando-se de seus impulsos nervosos advindo do cérebro e assim conseguiu mobilizar a perna paralítica para o sucesso de seu idealizador, o brasileiro Miguel Nicodelis.
A grande dádiva que a neurociência nos trouxe também, está no fato de que ficou demonstrado em pesquisas documentadas por neuroimagens de áreas do cérebro, de que o cérebro tem uma alta capacidade de neuroplasticidade. A neuroplasticidade é a capacidade cerebral de neoformação e regeneração de tecidos lesados no cérebro por patologias que podem ter causas traumáticas, degenerativas, obstrutivas e em diversos distúrbios comportamentais dissociativos da realidade, por exemplo em pacientes com distúrbios cognitivos.
Não paramos só aqui, tem muito mais coisas envolvidas com o ser humano que o neurocientista pode atuar, por exemplo, na aplicação da habilidade do mindfulness, ou seja, o exercício cerebral que habilita o indivíduo a desenvolver a capacidade de obter a atenção plena e o aproveitamento de todo o cérebro para melhorar as suas funções cognitivas e por neuroplasticidade ampliar objetivamente a área cerebral do seu córtex pré-frontal e mesmo o córtex dorsolateral e também o anterior que são as áreas responsáveis pelas habilidades sociais e moderação em suas tomadas de decisões.
Demonstra também a neurociência que o exercício da gratidão, da compaixão e mesmo da autocompaixão são os mais potentes para desenvolver neurônios através da neuroplasticidade cerebral que associados à técnica de mindfulness criam novos personagens a partir de nós mesmos. Personagens estes com muito mais habilidade social e cognitiva. Sujeitando o futuro da sociedade a governos de pessoas mais amáveis e com muito mais habilidades sociais que visem o bem coletivo e não partidário. Essa é a nova ordem mundial que já está lançada no primeiro mundo e vamos aguardar para ver como será instalada pelas democracias americana, européia e israelense em todos os governos do mundo, quem sabe um dia melhor para nossos filhos se o Brasil um dia aderir a esse propósito.
Dr. Cassiano De Moura Abdalla
CRM – 60854
Ortopedista – Cirurgião do Joelhoe Neurocientista