Talvez ao ler o título você possa ter pensado: “nossa mais uma síndrome?”, digo isso porque, como psicóloga, escuto de muitas pessoas que hoje em dia tem nome para tudo ou que tudo é doença. Embora esse termo “síndrome do final do ano” não seja codificado pela psiquiatria e nem pela psicologia, se tornando um diagnóstico popular, ele nos ajuda a entender e nomear um pouco do que podemos sentir nesse período do ano.
Nomear os sofrimentos nos ajudam a entender o que estamos passando e nesse caso, quando se usa o termo síndrome nos referimos a um conjunto de sintomas que podem descrever o nosso estado emocional.
Em épocas de final de ano, as pessoas costumam fazer um balanço do período que passou e nesse momento podem surgir uma mistura de sentimentos, que vão desde alegrias até frustações. Por sua vez esses balanços tendem a ser rápidos e nos levam frequentemente a sensação de vazio ou decepção por marcarmos mais aquilo que não saiu bem ou que nos trouxeram sentimentos desagradáveis, bem como, problemas financeiros, acúmulo de tarefas, perda de pessoas queridas e falta ou excesso de trabalho. Por isso a importância de se acolher, pensar com cuidado e não ser tão duro consigo mesmo.
Além das reflexões sobre como foi o ano, o que se conquistou, o que se perdeu, o que não foi alçado, as perspectivas do que fazer no ano seguinte, as decisões a tomar ou o que precisa ser feito diferente, surgem também a pressão social para as festividades do final de ano, estas por sua vez podem gerar sofrimento a depender das relações familiares ou de situações frustrantes ou mal resolvidas.
Naturalmente encara-se o término do ano como o fechamento de um ciclo e com ele pode vir junto as angústias do novo ou um temor pelas mudanças que virão no ano que se iniciará. A mistura de sentimos é natural, nenhum de nós somos lineares e experimentamos vários sentimentos ao longo da vida e isso é saudável. No final do ano esse estado mais melancólico pode sim surgir e por um período vivenciar a “síndrome de fim de ano”, que costuma desaparecer após as festividades, mas quando os episódios tornam-se frequentes é importante buscar ajuda de um profissional de saúde mental, como o psicólogo.
Camila Dias – Psicóloga
CRP: 06/151073