O mês de janeiro é marcado pela campanha Janeiro Roxo, uma iniciativa global voltada à conscientização sobre a hanseníase, doença crônica e negligenciada que ainda carrega estigmas e desafios no diagnóstico e tratamento. Como médica dermatologista, é meu dever contribuir para a disseminação de informações corretas e reforçar a importância do cuidado com a saúde da pele e dos nervos, principais alvos desta condição.
A hanseníase, também conhecida como lepra, é causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo que afeta principalmente a pele, os nervos periféricos, olhos e mucosas. Embora o Brasil ainda seja um dos países com maior número de casos, é fundamental lembrar que a hanseníase tem cura, e o diagnóstico precoce é a chave para evitar sequelas permanentes e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Os sinais iniciais da hanseníase podem ser confundidos com outras doenças de pele, o que dificulta a identificação precoce. Manchas claras, avermelhadas ou escuras na pele com perda de sensibilidade, dormência nas extremidades, fraqueza muscular e formigamento são sintomas que não podem ser ignorados. Qualquer alteração na pele deve ser avaliada por um profissional de saúde, especialmente se houver história de contato com pessoas diagnosticadas com hanseníase.
Além do aspecto clínico, o Janeiro Roxo também nos convida a refletir sobre o impacto social da hanseníase. Infelizmente, o preconceito associado à doença ainda persiste, o que afasta muitas pessoas do tratamento adequado. É nosso papel, como profissionais da saúde e cidadãos, quebrar essas barreiras e acolher os pacientes com empatia e respeito.
É importante destacar que os sistemas públicos de saúde em todo o Brasil estão preparados para diagnosticar e tratar a hanseníase de forma gratuita, garantindo que todos tenham acesso aos cuidados necessários. Para vencer essa batalha, é fundamental que as pessoas estejam informadas e dispostas a buscar ajuda médica ao menor sinal de suspeita.
Convido a todos a participarem dessa campanha de conscientização, compartilhando informações e incentivando o cuidado com a saúde. A hanseníase tem cura, e juntos podemos eliminar os estigmas e transformar a realidade de muitas pessoas.
Dra. Cristina Monteiro de Barros
Dermatologista
CRM 133245 SP / RQE 73.917
