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Amizade, Redes Sociais e a Psicologia

A amizade é um dos pilares mais importantes da vida humana. Quem nunca se viu diante de um amigo, chorando de tanto dar risada ou se debulhando em tristeza? A amizade sincera se faz presente em todos os momentos, imprimindo um sentido de pertencimento, profundidade e trocas significativas.

E o que dizer das amizades em tempos digitais? As redes sociais conseguiram não apenas integrar, mas promover uma mudança na forma da comunicação. Falar com um amigo, aqui ou do outro lado do planeta, tornou o longe, perto, mas, vale lembrar que, as redes sociais não substituem o contato humano direto. A amizade compartilha da empatia, fragilidade, naquele jeito que, só de bater os olhos no outro, já se percebe que algo não vai bem. Dessa forma, indago: como manter esse olhar para com cinco mil amigos virtuais? Seriam contatos superficiais? Estariam as amizades tendendo a se manter no raso?

As redes sociais têm potencial para ampliar conexões, mas só isso define a essência da amizade ou ela necessita de laços mais profundos e significativos? Perguntas que eu deixo para você responder, meu caro leitor.

Existe ainda um outro ponto a ser analisado: o poder de uma postagem, seja ela falsa ou verdadeira. Como é visualizar a felicidade e sucesso do outro parecendo eternizados? Todos conseguem lidar com isso sem sofrimento? Consegue-se filtrar conteúdos que possam causar comparações prejudiciais à manutenção dos laços de amizade, ao que se vive no próprio cotidiano?

Foucault (1981), assinala que a ética da amizade é ver o prazer do outro e de integrá-lo ao próprio prazer, num estar feliz pela felicidade do outro. Nobre constatação, mas isso é um exercício para o egoísmo de cada um/uma.

Para Freud, a amizade pode ser vista como uma forma de amor, não de cunho sexual, mas de um vínculo estabelecido por interesses e valores mútuos, um espaço de investimento emocional e de identificação. Essa identificação pode ser positiva para o crescimento pessoal e emocional, mas também pode conter rivalidades e conflitos, ou seja, a amizade não está isenta dos equívocos.

Para finalizar, pode se entender ser a amizade, um fenômeno de múltiplas facetas, que revelam a capacidade de amar e conectar, bem como, os desejos e medos que permeiam essas relações. Amigos que conseguem reconhecer essas singularidades e a alteridade do outro, obterão amizades mais saudáveis e enriquecedoras. Pense nisso.

Sada A. Ali

Psicóloga Clínica

Hospital São Jorge

CRP 06/166892