Palavra de Fé

Abrir a Deus que nos ama

Por Dom Milton Kenan Júnior, Bispo de Barretos

Iniciamos com a bênção e imposição das cinzas o tempo da Quaresma que vai nos preparar para a celebração da Páscoa do Senhor Jesus, momento culminante de toda a caminhada da Igreja. Neste tempo somos convidados pela Igreja a nos exercitarmos nas três práticas também importantes para o povo judeu, que esperava a chegada do Messias; a saber: a oração, o jejum e a esmola. Jesus que não veio para abolir a Lei mosaica, mas ao contrário levá-la ao seu cumprimento nos diz que o seu discípulo deve viver as práticas de piedade adotadas pelos judeus não de modo ostensivo, ou seja, para chamar a atenção dos outros, mas, ao contrário, tendo diante dos olhos o Pai que vê o que está oculto e recompensa aos que se exercitam no amor a Ele e ao próximo, com todo o coração. Os quarenta dias da Quaresma recordam os quarenta dias que Jesus permaneceu no deserto, antes de iniciar a sua missão. Diz o evangelista que nestes quarenta dias Jesus jejuou e rezou. É o que  Jesus nos convida a fazer em cada Quaresma. Através da oração nos abrimos a Deus que nos ama e quer comunicar-nos a sua vida divina. Na escuta atenta da Palavra de Deus vamos confrontando nossas vidas com o plano de Deus para nossa vida e, assim, vamos nos tornando como Ele quer que sejamos. Através do jejum vamos disciplinando nossos desejos tão egoístas que nos impedem de pensar nos que sofrem e não tem pão em suas mesas durante todo ano. E, finalmente, a esmola nos torna solidários com os necessitados, levando-nos a partilhar com nossos irmãos e irmãs necessitados aquilo que possuímos. A cada ano a Igreja do Brasil realiza no período da Quaresma a Campanha da Fraternidade, que tem como tema nesse ano: “Fraternidade e Ecologia Integral”. A Igreja do Brasil nos convida “despertar para a grandeza, a urgência e a beleza do desafio de cuidar da Casa Comum”. Hoje a Criação está apelando para a nossa sensibilidade! Os desastres ambientais, as transformações climáticas e a realidade das populações atingidas por estas circunstâncias clamam pela mudança de nossos hábitos diante da natureza, do uso do solo e da água, do ar e da fauna e flora; como também diante das populações mais sofridas que não tem ninguém por ela. Unamos à pratica da oração, da esmola e do jejum, nosso esforço por fazer que esse mundo se torne aquele jardim querido por Deus para todos os seus filhos e filhas.