Por Pe. Pedro Henrique Alves Lopes
Vigário da Paróquia São Miguel Arcanjo – Miguelópolis
Chegamos ao mês de maio, tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora. Neste tempo, o coração do povo cristão católico se volta com carinho filial àquela que foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador e, também, Mãe da Igreja.
A Igreja Católica, ao longo dos séculos, reconheceu algumas verdades fundamentais sobre Maria, expressas em quatro dogmas: sua Maternidade divina (Maria é Mãe de Deus), sua Virgindade perpétua, sua Imaculada Conceição (concebida sem pecado original) e sua Assunção ao Céu em corpo e alma. Esses dogmas não são apenas títulos honoríficos, mas revelam que Maria está profundamente unida ao mistério de Cristo e da Igreja. O Concílio Vaticano II, no documento Lumen Gentium, nos recorda que Maria “ocupa na Igreja o lugar mais alto depois de Cristo e o mais próximo de nós” (LG 54). Ela é modelo de fé, de obediência e de escuta da Palavra. A Igreja vê em Maria aquilo que ela mesma é chamada a ser: esposa fiel de Cristo, mãe que gera novos filhos na fé e discípula que caminha na esperança. O Papa São Paulo VI, na exortação apostólica Marialis Cultus (1974), orienta os fiéis a cultivarem uma devoção mariana que seja sólida, bíblica, litúrgica e eclesial. Ou seja, que nos ajude a imitar as virtudes de Maria e a amar mais profundamente a Cristo, a quem ela sempre nos conduz.
Um belo exemplo disso encontramos no Evangelho de João, nas bodas de Caná (Jo 2,1-11). Maria não foi convidada: ela “já estava lá”. Está presente de forma discreta, mas essencial. Quando o vinho acaba – símbolo da alegria, da aliança, da festa – é Maria quem percebe: “Eles não têm mais vinho.” Sua atenção materna se volta para a necessidade dos noivos, e ela intercede junto a Jesus. Chamando-a de “Mulher”, Jesus não a diminui, mas a eleva: como na criação e no Apocalipse, a “Mulher” é figura da nova Eva, da esposa de Deus, da Igreja. E como em tantos momentos da Bíblia, é uma mulher que move o coração de Deus a agir.
Maria nos ensina que, para reencontrar a alegria que falta, é preciso fazer “tudo o que Ele vos disser”. Ela não aponta para si, mas para Jesus. No silêncio, na escuta e na confiança, Maria continua sendo para nós sinal de esperança e causa de alegria. Neste mês de maio, olhemos para a Mãe de Jesus com gratidão e fé. Que, como nas bodas de Caná, ela continue intercedendo por nós, para que jamais falte em nossas casas, em nossa cidade e em nossos corações, o vinho da verdadeira alegria: Cristo Jesus, nosso Senhor.

