Destaques da Semana

APTA estima mais de 2.500 participantes no 4º Beef Day

Tecnologia do Boi 7.7.7, gerada em Colina, é aplicada em diferentes regiões do país

Um público estimado em 2.500 pecuaristas de diversos estados brasileiros e comitivas da América Latina são aguardados para a 4ª edição do Beefday, que será realizado na próxima quarta-feira, dia 14, na APTA Regional Colina que desenvolveu o conceito do Boi 777, replicado em fazendas de todo o país.

O pesquisar e diretor da APTA/Colina, Flávio Dutra de Resende, entrevistado do programa “Conexão Tudo de Bom” de quinta-feira, dia 1º, falou mais sobre o evento que a cada nova edição atrai mais participantes e do projeto revolucionário, que tem como berço Colina. O Beefday é tão importante que movimenta o comércio de Colina e da região. 

O Beefday é um dia de campo idealizado em 2016 para mostrar aos pecuaristas do Brasil o que é feito na APTA/Colina. As várias estações técnicas, cada uma com uma temática, mostram na prática os resultados para que os participantes tenham a possibilidade de aprender e praticar nas propriedades.

“O Beefday é um evento técnico, restrito a pecuaristas de gado de corte. Todo o conjunto de atividades que faz parte do nosso sistema de produção, transmitimos aos pecuaristas que nos visitam na fazenda, nos cursos de treinamento ou no próprio evento. Mostramos aos pecuaristas aquilo que estão deixando de oportunidade para ganhar dinheiro. Podemos dizer que é oportunidade de virar a chave”, explicou Resende.

O pesquisador disse que no 1º Beefday, em 2016, a pretensão era atender 400 pessoas e quase 800 participaram. A partir de então foi estabelecido que o evento seria bianual e em 2018 cresceu ainda mais. Por causa da pandemia o último aconteceu em 2022 com mais de 2.000 visitantes de vários Estados e da América Latina. “Este ano já temos confirmadas comitivas de pecuaristas da Bolívia, Paraguai, Argentina, Colômbia, da Bahia, Sergipe e de outros estados que estão vindo a Colina, exclusivamente, para o Beefday. Para passar o dia vendo as dinâmicas técnicas dentro dos três setes do Boi 777, o que estamos fazendo com a cria, as partes de recria e terminação”, declarou o diretor.

PROJETO IRRADIADO PELO BRASIL

A Fazenda do Governo iniciou a atividade de bovinocultura de corte em 2002 e, ao longo destes 22 anos, uma série de pesquisas estão sendo realizadas no segmento de cria, recria e terminação. “Muitas dessas tecnologias começaram a ganhar espaço no Estado de São Paulo, no Sudeste, irradiando pelas diferentes regiões do Brasil. Criamos um modelo de produção que chamamos de Boi 777. O primeiro sete seria desmamar um bezerro em torno de 210 quilos (7 arrobas). Quando faço uma recria bem feita neste animal consigo adicionar mais 7 arrobas, este é o sete do meio, em até 12 meses”, explicou Resende que acrescentou: “O pecuarista divide essas 7 arrobas por 365 dias que dá um ganho médio diário de 575g. A maioria das fazendas, por falha no manejo, não consegue fazer isso. A gente planeja as etapas da vida do animal, corrigindo as deficiências nutricionais, utilizando suplemento que é adicionado no cocho baseado nesta meta produtiva”.

O ÚLTIMO SETE

O último sete é a terminação, o confinamento. “Aqui em Colina e na região temos grandes confinamentos. É uma região que tem se especializado na terminação do boi confinado, mas também é possível fazer isto a pasto. Aqui em Colina nasceu o primeiro sistema de terminação intensiva a pasto que substitui o confinamento. Isso ultrapassou as fronteiras, foi para o Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e os pecuaristas começaram a adotar essas tecnologias”, destacou Flávio que ressaltou: “Conheço uma fazenda no Mato Grosso que termina por ano 180 mil bois neste sistema. Isso não existia, estamos falando de uma tecnologia de menos de 20 anos. Os pecuaristas adotaram essa informação gerada aqui em Colina, levaram para suas fazendas, aplicaram isso no campo e muitas propriedades cresceram. Tem menos infraestrutura para fazer isso a pasto do que investir no confinamento. É um método de produção mais democrático. Se o produtor for pequeno, médio ou grande consegue fazer”.

FRUTO DE PESQUISA

“O nosso papel é esse, desenvolver pesquisa para que o sistema de produção possa utilizar e produzir de forma mais eficiente. Na minha área, que é bovinocultura de corte, trabalhamos com tecnologia de última geração. Estamos trabalhando na fazenda com uma ferramenta que vamos conseguir chegar no pasto, avaliar a sua qualidade e mediante estas informações indicar ao produtor qual a deficiência deste pasto. Isso é inédito”, salientou o pesquisador.

A APTA/Colina é muito procurada pelos pecuaristas brasileiros para demonstração das tecnologias. Tanto que em novembro de 2011 teve início o curso de “Pecuária do Conhecimento”. Em média são realizados anualmente doze cursos como este na fazenda com grupos de até 25 pessoas.

BOI NÃO É CAUSADOR DE METANO

“Acabamos de aprovar um projeto, um dos primeiros de parceria público-privada, com financiamento da Fapesp, juntamente com as unidades de pesquisa de Rio Preto e Sertãozinho, com apoio de empresas do setor privado e aporte de dinheiro público através da Fapesp. Estamos desenvolvendo tecnologias para provar para o mundo que afirmação, de que o o gás metano é prejudicial à saúde humana e do planeta,  é colocada de forma errônea à sociedade, que por não ter informação acredita nela”, relatou Resende que ressaltou: “O bovino é um ruminante e um dos gases que produz é o metano. O pasto onde o gado vive precisa fazer fotossíntese, que vai tirar do meio ambiente o gás carbônico. Quando meu animal está num ambiente equilibrado, não tenho emissão para o restante. Fixo esse carbono que, em algum momento, foi emitido para o meio ambiente na forma de metano”.

Ele disse que o bovino não é causador de metano e sim o ser humano quando utiliza o carro, avião, a produção de lixo sem o devido tratamento. “Estes são alguns exemplos, o carbono está aí, ele é cíclico. Através das pesquisas conseguimos manipular a dieta do animal para que produza menos metano. Se emite menos metano tem balanço positivo. Hoje existem algumas indústrias frigoríficas lançando selos para demonstrar, através da rastreabilidade, que a carne que vamos consumir tem balanço positivo. O mundo está preocupado com isso”, finalizou Resende.

Há meses a equipe da APTA está se preparando para o megaevento, que atrai milhares de participantes.
Flávio Resende, pesquisador e diretor da APTA/Colina, contou detalhes do evento no “Conexão Tudo de Bom” do último dia 1º.