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Questão judicial não preocupa, diz “Mi” que poderá ser empossado como prefeito

Mais votado nas eleições, fala sobre prioridades e o que esperar de sua gestão

Mais votado das eleições municipais em Colina no último dia 6, com 3.658 votos (34,93%) Valdemir Antônio Moralles “Mi” concedeu sua primeira entrevista após o pleito ao Grupo Colinense de Comunicação.

Entre outros assuntos, Mi falou sobre seus projetos para o futuro da cidade, explicou porque decidiu voltar a concorrer ao cargo de prefeito e esclareceu sobre a pendência judicial que envolve sua candidatura.

VOLTA À VIDA PÚBLICA

Mi voltou a disputar uma eleição municipal oito anos após deixar o cargo de prefeito, o qual ocupou entre 2009 e 2016. Antes foi vice entre 2001 e 2008.

Sobre sua volta a vida pública, o político do Republicanos disse: “O motivo é que eu gosto de gente, aprendi que dá para fazer muita coisa para melhorar a vida das pessoas”.

Ele disse que quer fazer uma política propositiva, que tenha empatia, que possa se colocar no lado do próximo.

“A gente tem que gostar daquilo que faz, eu adoro, acho uma coisa gostosa, falo de tudo aquilo que já foi feito nos anos anteriores, desde que fui vereador, vice-prefeito e prefeito”, disse e completou: “Fazendo uma retrospectiva dá para saber daquilo que eu gosto, que é tentar melhorar a vida das pessoas, fazer que se qualifiquem, possam ser capazes de levantar, laborar o seu próprio sustento, e isso através de promoção social, de educação, de saúde pública para uma cidade melhor para todos. Isso é o que me move, esse é o meu foco”.

TRANSIÇÃO

Mi disse que ainda não pensa na transição de administração, mas que vai analisar os meios para que possa ser feito.

CANDIDATURA SUB JUDICE

No sistema de divulgação de resultados do TSE, os votos de Mi aparecem na condição “sub judice”, pois há uma pendência judicial em sua candidatura. Ele só poderá assumir o mandato se conseguir uma decisão favorável na justiça.

Mas ele disse não se preocupar com isso e tem convicção que tudo será resolvido e poderá tomar posse.

“Eu tenho a convicção total, porque a lei de 2021 é clara que enquanto não ser transitado em julgado, a gente tem o direito de ser candidato, porque ela teria que ter a questão do enriquecimento ilícito e dano ao erário. Não pode ser o dano presumido, não pode ser o enriquecimento presumido”, explicou e acrescentou: “Na minha situação não tem essa questão nas condenações tanto em Colina quanto pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Ainda não foi para o STJ, também não foi para o STF. A candidatura está hoje lá no TRE, deve estar sendo julgada nos próximos dias. Foi pedido vista e depois de lá ainda, se por ventura perder lá no TRE, teria como ir para o TSE”.

Mi disse que já há jurisprudência no TSE de casos decididos a favor das candidaturas.

Questionado se ele está tranquilo com essa questão e se poderá tomar posse, respondeu: “Eu e meus advogados temos total confiança nisso”.

O QUE ESPERA ENCONTRAR NA PREFEITURA

O mais votado das eleições colinenses disse que espera encontrar uma prefeitura melhor do que está hoje.

“A gente sabe das dificuldades que vamos enfrentar, do que tem acontecido, tem uma dificuldade enorme, mas eu tenho certeza que em sete, oito meses nós colocamos a casa em ordem”, declarou.

Mi pretende fazer uma recuperação geral, financeira. Admitiu que medidas duras deverão ser tomadas para adequar as contas públicas à realidade.

“Não podemos gastar mais do que se arrecada. Vamos fazer uma gestão com o princípio da eficiência”, afirmou.

Para ele será importante restabelecer a credibilidade financeira da prefeitura.

“Restabeleceremos a credibilidade da prefeitura na questão financeira, dos fornecedores, sabemos as dificuldades que vamos enfrentar”.

Ele disse ainda que não espera encontrar a prefeitura com superávit. “Sei que eu não vou encontrar uma prefeitura com superávit financeiro. Há oito anos, entreguei o SAAEC e a prefeitura com superávit de mais de 10 milhões de reais, sem dever nada para ninguém”.

 “O processo judicial dos funcionários naquela época, pagava e sobrava dinheiro. Hoje não, vamos ter o processo dos funcionários para ser pago, aquele superávit deixou de existir e ainda pegaremos uma dívida que vamos herdar. Porque eu tenho certeza que agora quando nós apresentarmos o balancete em 31/12/2024, vocês terão noção do que a prefeitura deve”, disse.

“FUI UM CANDIDATO DO POVO”

Mi venceu uma eleição acirrada, com uma pequena diferença para seus adversários. “Fui o candidato do povo, não de um grupo”, declarou e acrescenta: “Não tínhamos a questão financeira e nem estrutura para formar equipe”.

Ele contou que sempre soube das dificuldades que encontraria na campanha. “Disseram que eu não podia me candidatar, estava impugnado, não ia aparecer na urna, o voto ia ser nulo, foi duro, absorver tudo isso, tentar passar para a população, não é todo mundo que tem esse conhecimento jurídico para poder compreender o processo, mas graças a Deus, aquilo que foi feito ao longo da minha vida, através de ser vereador oito anos, ter sido vice-prefeito oito anos, ter sido prefeito oito anos, as pessoas sabem daquilo que eu propus, daquilo que eu fiz”.

Para Mi foi importante ter novos nomes ao seu lado, como o do vice Rafael Maringá e de candidatos a vereador, como João Faria e João Amadeu, que foram eleitos.

“Formar novas lideranças, essa foi a nossa proposta, para que a população tenha nova liderança, o convívio mais com o povo, eu fico muito feliz que conseguimos atingir o objetivo. Não tínhamos disponibilidade financeira para fazer campanha da forma que foi feita pelos adversários, mas graças a Deus superamos”, salientou.

MAIORIA DO ELEITORADO VOTOU PELA MUDANÇA

Mi destacou o fato que somados seus votos, mais os do candidato Daniel Cury, quase 70% do eleitorado colinense votou contra o candidato apoiado pela atual gestão. Para o político isso demonstra um desejo de mudança da população.

“Setenta por cento do eleitorado votou contra a máquina pública, ou votou em mim ou votou no Daniel”, reforça e depois questiona: “O que significa isso? A máquina pública teve o apoio apenas de 30% do eleitorado”. Ele entende que isso é motivo para reflexão. Mi também explicou porque deixou o grupo político do qual fez parte por anos.

“Cada um faz as coisas que quer, a gente só não é obrigado a estar junto. Então, por isso que eu segui o meu caminho dentro daquilo que eu acredito, dentro daquilo que eu prego, que eu pratico”.

“VAMOS GOVERNAR PARA TODOS”

O mais votado no domingo contou que durante as visitas de campanha, ao lado do seu vice Rafael, sentiu o acolhimento e carinho da população.  Complementou dizendo que vai governar para todos.

“Nós vamos governar para todos, não apenas para os 35% que votaram em nós. Não quero saber se a pessoa votou no João ou votou no José. Nós temos que governar para a população. Somos funcionários do povo, temos que prestar serviço, na água, na saúde, melhorar nossa educação, a Escola Agrícola, ter remédio para o idoso, esporte para os nossos filhos”.

Mi salienta a importância das pessoas poderem se expressar. “Que a gente possa ter uma cidade que a pessoa tem o direito de opinar, de divergir de mim. Nem tudo que eu fizer, vou estar certo. Já tomei decisões erradas. E posso até tomar no futuro. Nós não podemos ter má fé. Então a população vê isso na gente, o representante dela, que eles têm a liberdade e o acesso a mim”.

PRIORIDADES

Ajustar a parte financeira da prefeitura será prioridade de Mi quando assumir.

“Precisamos ajustar a despesa e receita do município. Vamos herdar muitas coisas e, se Deus quiser, devagarinho, chamando todo mundo para poder fazer acordos, credores que existem, para depois a gente fazer as negociações, ir pagando esses fornecedores e posteriormente começar a executar, por em prática, fazer um planejamento para a engrenagem do município rodar, a qual está travada”.

RELAÇÃO COM A CÂMARA

A coligação que apoiou a candidatura de Mi elegeu apenas 4 vereadores, longe de ser a maioria da Câmara, mas ele não espera que isso seja um problema para sua futura gestão.

“Vou trabalhar com todos os vereadores, vamos conviver por quatro anos. Vou escutar, eles vão ouvir, vão ser realistas sempre, não adianta falar e depois não fizer aquilo que for possível, vamos por em prática. São pessoas responsáveis, conheço e tenho acesso a todos eles”.

Para Moralles a prioridade é buscar sempre o bem-estar da coletividade. Ele destaca sua experiência em já ter sido vereador, por isso afirma respeitar o legislativo, sem forçar nada e que nenhum dos poderes, Executivo ou Legislativo, atropele um ao outro.

“Os vereadores representam o povo, têm que emitir a opinião deles e nós dentro do contexto buscando resolver os problemas pontuais e também os que sejam maiores interesses na parte da educação, da saúde, do esporte, do social. Tenho certeza que será uma harmonia tranquila”.

PROXIMIDADE COM AS AUTORIDADES

Mi foi eleito pelo partido Republicanos, o mesmo do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Questionado se isso facilita a busca de recursos para Colina, Mi reforça que ele sempre teve trânsito com inúmeras autoridades de vários partidos.

“Independentemente de quais partidos a gente esteja, tenho parceria com deputados do PL, como o Mota, a Delegada Graciela, de Franca, o Republicanos do Marcos Pereira, o PP da deputada Letícia Aguiar, União Brasil, MDB, temos  respeito e eles com a gente”, ponderou e acrescentou: “Temos diversas pessoas que abrem as portas para nós em diversos setores do Estado, do Governo Federal e vários secretários”.

MENSAGEM PARA A POPULAÇÃO

Para finalizar a entrevista, Mi deixou uma mensagem para a população colinense.

“Tenho uma gratidão enorme com todo colinense, indistintamente se votou ou não, porque eles sabem do trabalho que a gente fez ao longo desses anos. Obrigado pelo carinho e a forma que fomos acolhidos, essa votação impressionante não tem como dimensionar”.

Em sua visão a história dessa eleição é um divisor de águas, uma eleição que foi muito complexa. “Foi o nosso um contra todos, mas no bom sentido, fowi uma campanha propositiva de respeito. A  população não queria ataques, ofensas. Independente de quem ela votou, aquilo que eu falei anteriormente, o acolhimento é muito gostoso, isso não tem preço”.

“A mensagem que eu deixo à população é que Colina pode mais. Eu não quero saber em quem você votou para poder ter algum benefício ou não do município. Então é isso, é o que eu prego desde que fui vereador, vice-prefeito e prefeito. Dentro do princípio da lei, da ética e da responsabilidade. Podem contar conosco que vamos ter uma gestão com muito mais eficiência, prestação de serviço e melhorando a qualidade do serviço público”, concluiu o prefeito eleito.