(Por: Dom Milton Kenan Jr.)
Há uma lição que os que seguem Jesus têm dificuldade em entender: o caminho da glória é o caminho da cruz, do serviço e da doação sem reservas.
Numa época em que se esperava a chegada do Messias, que haveria de instaurar o seu Reino, vencendo de uma vez aqueles que oprimiam o povo de Israel, era normal que os discípulos, que acompanhavam Jesus, disputassem entre si os melhores postos. Até o fim, essa foi uma preocupação constante entre eles.
Tiago e João, os filhos de Zebedeu, que haviam deixado o pai e o barco às margens do lago de Genesaré, talvez fossem os mais ávidos de uma posição privilegiada no reino de Jesus. Enquanto caminhavam para Jerusalém, eles ambicionam sentar-se um à direita e outro à esquerda de Jesus, quando ele vier na sua glória.
Jesus não lhes recusa o pedido, mas lembra-lhes que entrar na glória tem uma condição: beber do seu cálice. Em outras palavras, estar disposto a aceitar o destino de Jesus, aceitar a mesma morte que irá sofrer o Mestre. Os irmãos, à primeira vista, não veem problema nisso. Respondem de imediato: “podemos!”
Jesus então completa seu raciocínio dizendo que cabe ao Pai conceder esse privilégio. Certamente serão os mais pequeninos os que terão a honra de sentar-se à direita e à esquerda de Jesus na sua glória. Os outros dez discípulos ficaram indignados com Tiago e João, porque na verdade esta era a intenção de todos eles.
Então, Jesus conclui dizendo que no seu Reino não se contam o prestígio, a força, a astúcia, o poder; mas a humildade e o serviço. Duas atitudes que se correspondem; pois humilde é aquele que se torna servidor. Às vezes, pensamos que ser humilde é ter um conceito negativo sobre si mesmo, quando na verdade o humilde é aquele que se faz servo, aquele que serve desinteressadamente os outros.
Esses sim têm participação na glória de Jesus, e será dentre eles que serão escolhidos os que poderão ficar à sua direita e esquerda. Se há algo que devemos aspirar sempre mais é de tornar-nos servos uns dos outros, aprendendo com Jesus a lavar os pés dos nossos irmãos e irmãs.