Tristeza, dor e compaixão tomaram conta da população colinense após a trágica morte de Vanessa Aparecida Nascimento, 38 anos e Dikson Jhonatan, 24, nas águas do Rio Pardo na tarde do último domingo.
O que seria um final de semana de lazer se tornou numa brutal tragédia para familiares e toda comunidade. A polícia ainda não tem todas as informações oficiais sobre o acidente. A reportagem esteve no local dos fatos, que fica a 8km de Jaborandi, em uma região denominada “Barra”, localizada logo depois da foz do Ribeirão das Palmeiras no Rio Pardo. Ali encontram-se vários ranchos e em um deles estava o grupo de colinenses formado por adultos e crianças.
Segundo consta, por volta de 14 horas, cerca de 9 pessoas sendo 5 crianças, foram passear de barco quando minutos depois aconteceu o acidente. Uma das primeiras pessoas a ver a canoa virar foi o pescador de Taquaral, Rubens Galize, 71 anos, que estava com familiares em seu rancho.
Emocionado ele relatou o que aconteceu: “Eu estava pescando no batelão quando vi o acidente. Imediatamente pedi a um amigo para chamar o nosso vizinho Geraldinho, que estava descansando após o almoço. Geraldinho e eu subimos no barco dele e remamos rio acima cerca de 250 metros. Era uma gritaria só. As pessoas pedindo socorro a todo momento. Eu nunca havia entrado em uma canoa e tão menos pego em um remo. Não sabia direito o que fazer. O Geraldinho foi um herói, ele remava e me explicava o que eu devia fazer. Assim que saímos também pedi para avisar o outro pescador, o Badaró que fica bem mais abaixo. Então remamos sem parar. Foi Deus que nos deu forças para vencer a forte correnteza. A canoa virou porém o bico dela ficou acima da água. Algumas crianças estavam apoiadas nesta parte. Nesse momento chegou a outra canoa com o Badaró e o Willian. Tudo acontecia muito rápido. E juntamente chegou um homem nadando, era o Alonso, dono do rancho onde as pessoas estavam. Enquanto nós pegávamos as crianças o Alonso viu o desespero de uma mãe (Vanessa) que estava com a filha de 6 anos. Ela segurou a filha até o último momento lutando contra a forte correnteza. Foi quando o Alonso conseguiu pegar a criança pelo cabelo e a levou até o barco. Foi uma cena muito triste, perdemos a mãe e o jovem que estava no barco”, disse Rubens.
O pescador Geraldo Tavares Santiago, 52 anos, que mora no seu ranchinho há muitos anos, disse que nunca tinha vivenciado uma cena daquelas. “Foi Deus que nos deu forças pra subir rio acima, vencer a correnteza e chegar até a canoa virada. Se passam mais alguns minutos não daria pra salvar ninguém. É a mão de Deus”, disse Geraldinho como é conhecido pelos rancheiros da região.
Ele também contou que, “após o resgate só conseguiu ancorar cerca de 200 metros abaixo. A gente estava no remo então atravessamos na diagonal e saímos lá embaixo”, contou.
RESGATE DOS CORPOS
O Corpo de Bombeiros iniciou a busca dos corpos no domingo, 27. Retornou o trabalho na segunda, dia 28, mas devido à forte correnteza e as incertezas do local do acidente não foi possível fazer o mergulho. Na terça-feira, 29, pescadores avistaram os corpos boiando próximo ao município de Guaíra. A polícia instaurou inquérito para apurar as causas do acidente.
PERDAS LAMENTÁVEIS
Vanessa Aparecida Nascimento (foto), 38 anos, trabalhava como atendente na Conveniência AM/PM. Ela era separada e deixa três filhos: Amanda 6 anos, Felipe 14 anos e Kauan de 19 anos. O sepultamento aconteceu na terça-feira à tarde no Cemitério Municipal.
Dikson Jhonatan (foto), 24 anos, trabalhava na Cutrale como operador de máquinas. Ele jogou pelo Colina Atlético na última competição e tinha um grande laço de amizade. Dickson foi sepultado também na terça-feira, porém em Barretos, onde mora a mãe e familiares.