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Mário de Felicio: uma história de amor por Colina

Ex-prefeito foi sepultado no início da Festa do Cavalo, da qual foi fundador

A população deu adeus no último dia 5 ao ex-prefeito Mário de Felicio (foto) que morreu aos 91 anos e foi sepultado justamente no primeiro dia da Festa do Cavalo, da qual foi idealizador e fundador.

Ele estava internado desde o dia 22 de junho quando sofreu um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), sendo socorrido ao Hospital José Venâncio e de lá transferido para o Hospital São Jorge, em Barretos. No dia 23 foi internado no Hospital de Base de Rio Preto, onde faleceu às 20h do dia 4 de julho por complicações decorrentes do estado de saúde.

O velório no último dia 5, das 6 às 15 horas, ocorreu na Capela da Fazenda São José, onde Mário e a esposa Therezinha, muito católicos, construíram a capela utilizada pela família e a comunidade em diversas celebrações, como missas, batizados, casamentos, orações, etc. O caixão do ex-prefeito foi novamente aberto em frente ao Cemitério Municipal onde permaneceu até às 17h para despedida e homenagens do povo colinense. A família atendeu pedido feito em vida pelo próprio Mário, que sempre quis ser sepultado na terra que amava e escolheu viver até o fim. 

VINDA PARA COLINA

O ex-prefeito era natural de Pitangueiras, onde nasceu em 26/03/1932. O casamento com D. Therezinha aconteceu na Fazenda São Geraldo, em Colina, em 1953. Como ela era professora concursada do Estado e Mário tinha um escritório de contabilidade em Pitangueiras, a mudança definitiva para Colina só foi concretizada dois anos depois, em 1955, quando Mário adquiriu a Fazenda São José que sempre foi residência do casal, que passava temporadas em Goiás para administrar as propriedades da família. O casal completaria 70 anos de união no mês de outubro. 

VIDA PÚBICA

A personalidade carismática de Mário o fez ser muito querido pelos colinenses que queriam vê-lo na política. Ele acabou aceitando o convite e se candidatou a vereador para contribuir com o progresso da cidade. Em 1963 foi o vereador mais votado para o mandato de 1964/67, período em que assumiu também a presidência da Câmara. Foi eleito prefeito por duas legislaturas, 1969/73 e 1977/83, exercendo com dinamismo a função nas duas gestões que esteve à frente do Executivo. Disputou mais duas eleições para prefeito, mas não foi eleito.

Como prefeito realizou obras de fundamental importância para o progresso de Colina, deixando um legado enorme perpetuado pelas suas conquistas que beneficiaram a comunidade, principalmente com relação a serviços essenciais como o Hospital José Venâncio, unidades de saúde/centro comunitário, escolas urbanas e rurais, o antigo Mobral (Alfabetização de Jovens e Adultos), Colégio Comercial, Senar (escola profissionalizante rural), Escola Municipal de Admissão, instalações da Biblioteca Municipal, Plimec (Plano de Integração do Menor à Comunidade) e Pró-Nutre (Programa de Nutrição do Menor), Conjunto Habitacional “Nosso Teto”, agência dos Correios, Ginásio de Esportes/Terminal Rodoviário, etc.

Dentre suas conquistas também são atribuídas ao administrador Mário de Felício, a instalação da Cutrale, Fórum na época em que Colina era Distrito de Barretos, novo prédio da Prefeitura, delegacia/cadeia, Saaec, feira livre, melhoramentos na estrada de ferro na época pertencente à Fepasa, remodelação do cemitério, doação do terreno para construção do prédio da Maçonaria, construção do conjunto habitacional Cecap (ao lado da delegacia), dentre outras.

Mário também ajudou a acabar com o mito que Colina seria engolida pelo “buracão” com a construção de galerias e o aterro da área que deram fim ao problema que desafiou administrações anteriores. Também foi responsável pela construção dos prédios dos bancos Banespa (atual Santander) e Caixa Econômica Estadual (atual Banco do Brasil), que na época eram pequenas agências.  É também dele a criação do Brasão Municipal, símbolo de Colina, que contou com o trabalho perfeito do colinense Vitor Martins Tristão.

A família lamenta que as placas das obras inauguradas por Mário de Felício tenham sido retiradas. “Fica aqui registrado nosso pedido e apelo  para que as placas sejam recolocadas nos lugares de origem, já que são patrimônio público e retratam a história do município. Sei que meu pai, onde estiver, ficará feliz em ter suas realizações reconhecidas através das placas inaugurais”, destacou Marcelo de Felício.

O nome do ex-prefeito foi tirado do Recinto devido à Lei Federal que não permite que pessoas vivas deem nome a prédios públicos. Projeto neste sentido, com certeza, deverá ser apresentado para que o Recinto volte a ser chamado “Mário de Felício”, homenagem mais do que justa para eternizar o nome do responsável pela obra.

FUNDADOR DA FESTA

Mário também foi idealizador e fundador da Festa do Cavalo, conseguindo do Estado a doação de uma área de 56.810 m2 para instalação do Recinto e a realização da 1ª Festa do Cavalo em 1978, que contribuíram para que Colina ganhasse o título de “Capital Nacional do Cavalo”. Ele também criou a Concha Acústica e o Ranchão com vestiários e piscina do Centro de Lazer do Trabalhador que hoje não existem mais. 

O legado de administrador público motivou os dois netos, Mário de Felicio Neto e Marcelo de Almeida Felicio Filho “Cecé”, a ingressarem na política.

A reportagem da biografia do ex-prefeito contou com a colaboração da família que ajudou a contar a história desta figura tão importante para o progresso e desenvolvimento de Colina. Além da esposa Therezinha, o ex-prefeito deixa 4 filhos, 11 netos e 17 bisnetos.

Mário de Felicio, criador da Festa do Cavalo, foi sepultado no dia em que o evento deste ano começou. Foto Prado