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Setembro Amarelo: toda vida importa

Dra. Débora Paro Drubi, médica, pós-graduada em Psiquiatria. CRM-SP 199.999

O Setembro Amarelo surgiu em 1994, nos Estados Unidos, quando o jovem Mike Emme, de 17 anos, morreu por suicídio em seu carro amarelo. Em sua despedida, amigos e familiares distribuíram cartões com fitas dessa cor e mensagens de apoio a quem estivesse em sofrimento. Desde então, o amarelo simboliza a valorização da vida e a importância da prevenção.
O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial, considerado hoje um dos maiores desafios de saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, sendo a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, são cerca de 14 mil mortes anuais, em média 38 por dia. A cada 100 pessoas, 17 já pensaram em suicídio, 5 já planejaram e 3 já tentaram.
Entre os principais fatores de risco estão os transtornos mentais, como depressão, transtorno bipolar, esquizofrenia, transtornos de personalidade e abuso de substâncias, além de situações de desesperança, histórico de tentativas anteriores, perdas afetivas, desemprego, violência e isolamento social. Em geral, o processo se inicia com a ideação, evolui para o planejamento e pode culminar nas tentativas de suicídio. Todas essas situações configuram uma emergência médica e exigem acolhimento imediato.
Atenção: quem fala, pode fazer. Quem ameaça, pode fazer. Quem silencia, também pode fazer. Quem já tentou uma vez, pode tentar novamente. Por isso, toda manifestação de sofrimento deve ser levada a sério.
O impacto não se limita à vítima: para cada vida perdida, pelo menos seis pessoas próximas ficam devastadas emocionalmente. Muitas vezes, o que para você parece uma “bobeira” pode ser, para o outro, a gota d’água. Diante da dor, ofereça colo, escuta e presença, sem julgamentos.
Nenhum livro é feito apenas de capítulos ruins. Sua vida também não. Por mais que hoje pareça insuportável, ela pode ser restaurada, com apoio profissional e humano. Buscar ajuda é fundamental. No Brasil, o CVV oferece escuta gratuita e sigilosa pelo telefone 188, 24 horas por dia.
Falar sobre suicídio é falar de vida. Setembro Amarelo nos lembra de que cada vida importa e merece ser cuidada com carinho, respeito, acolhimento e atenção. Telefone para contato (17) 99719-1720.