Dr. Luis Garcia
Médico de Família
CRM-SP 202560 | RQE 86952

Todo ano, quando chega novembro, reacende-se o debate sobre a saúde do homem. Mas, antes de entrar no tema, deixo uma reflexão importante: será que estamos mesmo olhando para o que realmente mata os homens, ou estamos enxergando apenas a ponta do iceberg?
É claro que falar de próstata é fundamental. Sintomas como dificuldade para iniciar o jato urinário, jato fraco ou entrecortado, ardência, sangue na urina, jato duplo, perda da qualidade de ereção e disfunção erétil merecem atenção imediata — em qualquer idade. Esses sinais indicam que algo não está bem e devem levar o homem ao consultório para uma avaliação detalhada.
Mas aqui está um ponto essencial que precisa ser dito:
na maioria das vezes, esses sintomas NÃO significam câncer.
O quadro mais comum por trás dessas queixas é a hiperplasia prostática benigna, uma condição frequente com o avanço da idade. O papel do médico é justamente diferenciar o que é benigno do que merece investigação mais profunda.
Dito isso, precisamos lembrar de algo ainda mais importante:
o câncer de próstata não é — e nunca foi — a principal causa de morte entre os homens.
As doenças que mais matam homens são as doenças cardiovasculares, um conjunto que inclui:
- Hipertensão arterial
- Diabetes mal controlado
- AVC (derrame)
- Infarto agudo do miocárdio
Essas condições estão diretamente relacionadas ao estilo de vida, ao excesso de peso, ao sedentarismo, à má alimentação, ao estresse e à desregulação metabólica.
E é aqui que entramos no coração da conversa.
Obesidade, diabetes e hipogonadismo (deficiência de testosterona) são condições que caminham juntas. Na prática clínica, costumo explicar que elas são manifestações diferentes da mesma raiz: a doença metabólica, associada à síndrome metabólica — um problema sistêmico que eleva drasticamente o risco de infarto e AVC, e também o risco de diversos tipos de câncer.
E isso não é opinião — é evidência científica.
O INCA (Instituto Nacional de Câncer) já reconhece que pelo menos 13 tipos de câncer têm relação direta com a obesidade.
Entre eles: - Câncer de próstata
- Câncer de intestino (colorretal)
- Câncer de estômago
- Câncer de pâncreas
- Câncer de fígado
- Câncer de rim
- Câncer de mama (o que mais mata mulheres no Brasil)
Ou seja: quando falamos em prevenção verdadeira, estamos falando de algo muito maior que um único exame.
Estamos falando do corpo inteiro.
Da vida inteira.
O homem brasileiro vive cansado. Trabalha demais, dorme pouco, come mal, vive sob estresse crônico — exatamente como o Julius, de Todo Mundo Odeia o Chris, que tinha “dois empregos” e nunca parava. Só que, na vida real, ninguém aguenta esse ritmo sem pagar um preço.
Por isso, longevidade saudável exige mais do que boa genética ou sorte. Exige escolhas: - Controlar o peso
- Praticar atividade física
- Cuidar da alimentação
- Dormir melhor
- Manejar o estresse
- Avaliar a saúde hormonal com responsabilidade
- Manter acompanhamento médico preventivo
Novembro Azul não é apenas sobre prevenir câncer de próstata.
É sobre cuidar do homem como um todo.
É sobre assumir o controle da própria saúde antes que o corpo cobre a conta.
Porque, no fim das contas, cuidar da saúde é cuidar do seu maior patrimônio.














