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Tereos paralisa operações na unidade de Severínia, que não terá moagem de cana nesta safra

Decisão desperta o receio de que o mesmo aconteça também em outras unidades e que impacto afete indiretamente a região

A região foi impactada na última semana de maio com a notícia  da paralisação temporária das operações na unidade da Tereos em Severínia, que não terá moagem de cana na safra deste ano e fará apenas a manutenção da estrutura pelo período de um ano.

A decisão despertou o receio de que o mesmo aconteça também em outras unidades do grupo francês, que possui seis indústrias nos municípios de Tanabi, Olímpia, Guaraci, Guaíra, Pitangueiras, Severínia e inclusive Colina que juntas têm capacidade de moer 24,82 milhões de toneladas de cana por safra.

A região também pode ser afetada indiretamente já que a sucroenergética é uma das principais geradoras de emprego na região Noroeste do Estado e de arrecadação do ICMS, produzido com a venda do álcool, açúcar e energia comercializados pela empresa. Além disso, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços tem grande colaboração nas quotas repassadas às cidades a título do IPM – Índice de Participação dos Municípios.

FALTA DE MATÉRIA-PRIMA

O motivo alegado pela empresa, por meio de comunicado à imprensa, é a seca histórica que afetou a safra 2021/22 de cana de açúcar e trouxe desafios para todo o setor sucroenergético, impactando o volume de matéria-prima disponível para processamento. Segundo informações extraoficiais, o grupo francês necessitaria de pelo menos 25 milhões de toneladas e teria conseguido comprar um volume bem menor dos produtores da região.

A nota também comunica que, “a decisão visa otimizar o aproveitamento de cana nas demais unidades e não terá impacto sobre o volume de moagem previsto para a safra atual”.  A unidade de Severínia tem capacidade para processar até 2,5 milhões de toneladas de cana por safra, podendo produzir diariamente até 300 mil litros de etanol anidro e 500 mil litros de hidratado, além de fabricar até 234 mil toneladas de açúcar por temporada.

RECOLOCAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS

Outra preocupação é a situação dos funcionários já que a Tereos sustenta a economia de Severínia há décadas, gerando empregos e receita ao município que tem a população estimada em cerca de 18 mil habitantes. Segundo o Sindicato de Alimentação de Olímpia, a unidade em Severínia até a última semana tinha cerca de 275 funcionários ativos.

Na nota a empresa ressalta que: “a maior parte dos funcionários de Severínia já foi realocada em outras unidades industriais da Tereos e os demais, cuja recolocação não foi possível, estão recebendo todo o apoio e suporte necessários neste momento de transição. Também circulam informações de que a Unidade São José demitiu alguns funcionários colinenses antigos e de alto escalão. No entanto, não se sabe se serão substituídos por estes que serão recolocados.

REDUZIR ÁGUA CAPTADA

Em fevereiro deste ano a reportagem havia mantido contato com a assessoria da Tereos que, por meio de nota, confirmou que em 2021 a empresa enfrentou desafios relacionados à questão hídrica e atuou com muita intensidade, tendo como foco otimizar ao máximo os recursos hídricos internamente.

“A Tereos possui diversos projetos de melhoria contínua que visam otimizar o consumo de água em seus processos. Todas essas iniciativas estão alinhadas com os planos que a empresa tem para atingir a meta de longo prazo, divulgada em dezembro de 2021, em seu Relatório de Sustentabilidade, de reduzir 21,5% de água captada por tonelada de cana até 2029/2030 (em relação à safra 2017/2018)”. A empresa também informou que: “Uma das práticas utilizadas é reciclar a água o máximo possível, inclusive a água que ingressa no processo através da cana, juntamente com a água captada em rios e poços subterrâneos”.

19 ANOS EM COLINA

A inauguração da Companhia Energética São José em Colina aconteceu em agosto de 2003, uma das grandes conquistas da 1ª gestão do prefeito Dieb. A empresa, na época pertencente ao Grupo Andrade, operou primeiramente em fase experimental até o pleno funcionamento menos de um mês depois quando aconteceu a inauguração oficial. A indústria produziu inicialmente açúcar e energia e o álcool fez parte de uma segunda etapa. O Grupo Tereos assumiu o controle da companhia em maio de 2006, quando passou a ter a maioria das ações da empresa.