Família pede ajuda de testemunhas para ir em busca de justiça
Era para ser um dia rotineiro de trabalho para o catador de latinhas Luiz Carlos de Oliveira, conhecido por “Tuti”, de 66 anos que, como de costume, foi até a Av. José Francisco Azedo na noite de sexta-feira, dia 2, recolher material reciclável que vendia para ajudar a família.
Segundo boatos que se propagaram pela cidade, era início da madrugada de sábado, por volta de 00h15, quando o catador que caminhava na avenida, junto ao meio-fio do canteiro, foi atingido em cheio por uma CG 150 Titan KS, preta, ano 2007, que trafegava no sentido bairro/centro. O impacto foi tão forte que além dos ferimentos e fraturas causados, a dentadura do catador foi lançada para fora da boca e caiu sobre o canteiro. A pancada também provocou hemorragia pela boca, cabeça e ouvidos. A mancha de sangue, que ficou impressa no asfalto, indica a violência sofrida por Tuti. O catador deu entrada no Pronto Socorro antes de ser transferido para a Santa Casa de Barretos em estado gravíssimo. O motoqueiro, de 21 anos, também foi atendido no PS local.
Quando a Polícia Militar chegou à avenida os envolvidos já tinham sidos socorridos pelo Samu e como estavam impossibilitados de dar suas versões do acidente foram colhidas as declarações de populares, que relataram que o atropelamento ocorreu no momento que o catador atravessava a avenida.
EXIBICIONISMO E ABUSO
Não é de hoje que os imprudentes motoqueiros, empinando suas motos e fazendo algazarra, colocam a vida de pedestres e motoristas em risco. A Avenida das Cohabs se tornou palco do exibicionismo constante dos “fora da lei”, que usam os veículos como arma sem medir as consequências dos seus atos.
Infelizmente a vida de um inocente, que estava trabalhando, foi tirada. A pergunta que se faz é até quando teremos que conviver com estes abusos que ameaçam os frequentadores da avenida, que se tornou o ponto de encontro dos colinenses?
CATADOR SÓ TRABALHAVA
A família contou à reportagem que está muito abalada com a trágica e violenta morte de Tuti, que morava com o irmão Carlos Eduardo de Oliveira e a cunhada Cidinha na avenida em frente ao Parque Débora. Eles foram avisados do acidente por volta da 01h de sábado quando a viatura foi até a casa do casal. Segundo Oliveira, o irmão provavelmente estava retornando para casa no momento do acidente, depois de mais uma noite de trabalho.
A família contou que Tuti trabalhava com reciclagem há muitos anos. “Ele gostava muito do que fazia e não tinha domingo, feriado, nem chuva e frio que o segurava em casa, trabalhava diariamente e ajudava bastante em casa”, contou Carlos Oliveira.
O QUE FIZERAM COM ELE FOI UM CRIME
“O policial disse que ele tinha sido atropelado, estava desacordado e seria transferido para Barretos. Fui de ambulância com a equipe do Samu até Barretos, mas meu cunhado estava inconsciente. Não cheguei a vê-lo porque fui junto com o motorista. Ele deu entrada na emergência e a médica me avisou que ele corria risco de morte e não aguentaria a cirurgia. Ele precisou de três bolsas de sangue”, relatou a cunhada que quando retornou à Santa Casa no sábado à tarde foi comunicada do falecimento. “A gente não sabe ao certo, mas o Luiz Carlos faleceu antes da cirurgia. A pancada da moto o deixou bastante machucado. Além das diversas escoriações pelo corpo e no rosto que bateu no chão, ele fraturou o fêmur, teve traumatismo craniano, rompimento do fígado e choque anafilático provocado pela forte hemorragia”.
Cidinha relata que a médica disse que o que fizeram com o cunhado foi um crime. “O Tuti não tinha costume de andar na rua, tanto que a marca de sangue na avenida está junto da guia do canteiro o que significa que ele não estava no meio da rua quando foi atingido pela moto. Queremos apenas que o condutor da moto seja responsabilizado pelo que fez”, declarou o irmão.
EM BUSCA DE JUSTIÇA
O sobrinho José Roberto de Oliveira disse que as versões que a família tem escutado das pessoas é uma só: que o Tuti foi atropelado por um motoqueiro que perdeu o controle da moto enquanto empinava o veículo na avenida.
“Infelizmente a moto atingiu meu tio em cheio, tirando a sua vida”, relatou José Roberto que pede que as pessoas que testemunharam o acidente entrem em contato para ajudar a família que vai em busca de justiça. “Não podemos deixar a morte do Tuti em vão. É preciso tomar providências para que mais pessoas não morram desta forma tão trágica e dolorosa”.
A família, que ainda não teve acesso ao laudo com as causas da morte, pede que uma viatura permaneça na avenida, principalmente nos finais de semana, para evitar os abusos dos motoqueiros que circulam empinando as motos. As pessoas que testemunharam o acidente e quiserem ajudar a família podem entrar em contato com o José Roberto pelos fones 3341-3531 e 99179-5757. Após a análise pelo IML, o corpo foi liberado e o sepultamento aconteceu na manhã de domingo sob forte comoção.
MOTOQUEIRO NÃO FOI PRESO
O delegado titular da Comarca, Gustavo Coelho, disse que a Polícia Civil já instaurou inquérito para apuração da dinâmica dos fatos e suas circunstâncias, mas até o momento não há muitos detalhes do caso, que será investigado. O motoqueiro não foi preso.